Há dez anos, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP estudam a manifestação do xeroderma pigmentoso (XP) no povoado de Araras, localizado no munícipio de Faina, em Goiás. A doença, genética autossômica e recessiva, ou seja, não ligada ao sexo e herdada pelos pais, é causada pela falta de um mecanismo de reparo a lesões no DNA provocadas pela luz solar. Ela pode levar a um acúmulo de danos resultando no câncer de pele. As lesões começam a aparecer durante a infância, na forma de sardas e manchas em regiões da pele expostas ao sol, além de um alto desconforto nos olhos provocado pela luz solar.
As pesquisas foram conduzidas com a coordenação do professor Carlos Frederico Martins Menck, no Laboratório de Reparo de DNA do ICB, junto à pesquisadora Veridiana Munford e a pós-doutoranda Ligia Pereira Castro. Segundo os pesquisadores, o XP atinge um a cada 400 habitantes de Faina – município de 7 mil habitantes, de acordo com o censo de 2010 –, todos os casos concentrados na região de Araras. Uma frequência alta para uma região rural, isolada geograficamente e com baixa densidade populacional.
Em um estudo de 2017, o grupo tinha identificado quais eram as mutações que atingiam o povoado de Araras. Mais recentemente, os pesquisadores descobriram que uma dessas mutações chegou ao Brasil por conta da colonização europeia, há cerca de 200 anos.