"Achatar a curva" é uma das expressões de destaque na pandemia de coronavírus. O que isso significa na prática é reduzir o número de novas infecções diárias. Mas agora outra curva está se achatando: a de novas vacinações. Depois que a escassez de vacinas, em particular, desacelerou as campanhas de vacinação na União Europeia (UE) no início do ano, há agora uma crescente escassez de pessoas a quem elas possam ser administradas.
Muitos políticos não estão gostando nada disso – especialmente considerando os valores crescentes de incidência e a disseminação da variante delta. Em vários países, o debate acendeu-se novamente sobre se deve haver restrições diferentes para aqueles que são vacinados e aqueles que não. Ou mesmo se a imunidade de rebanho desejada deve ser alcançada por meio da vacinação obrigatória.
Enquanto a Alemanha ainda está debatendo o assunto, governos de outros países já tiraram suas conclusões. Em particular, a vacinação obrigatória para certas profissões não foi bem recebida em todos os lugares. Houve protestos em vários países.
No último fim de semana, mais de 160 mil pessoas em toda a França protestaram contra os planos do governo para medidas rígidas contra o coronavírus. A principal pedra no sapato dos manifestantes é a planejada vacinação obrigatória para certos grupos profissionais.
A partir de meados de setembro, equipes de saúde e enfermagem, assim como as equipes de segurança e de resgate, devem comprovar a imunização para exercerem a profissão. Aqueles que não o fizerem se arriscam a ser punidos com uma suspensão não remunerada. Os oponentes da medida a veem como uma interferência inadmissível na autodeterminação das pessoas.
Os protestos também foram dirigidos contra a obrigatoriedade da apresentação do passe sanitário da UE para o acesso a locais públicos, como museus e shopping centers, restaurantes e bares, assim como em viagens de longa distância.
O chamado "Green Pass" (passe ou passaporte verde) indica se uma pessoa foi vacinada, se recuperou ou se testou negativo para a covid-19. Os protestos, em sua maioria pacíficos, foram ofuscados por confrontos individuais com a polícia. Também houve resistência da oposição às medidas.
No final das contas, entretanto, o Parlamento aprovou uma versão revisada da lei com uma maioria clara. Nas sondagens, a maioria também se diz a favor da expansão da exigência do passaporte de coronavírus.
Alguns gregos também protestaram novamente na semana passada contra as medidas sanitárias do governo de Atenas, que impôs a vacinação obrigatória para profissionais de enfermagem em meados de julho. A categoria ainda tem até meados de agosto para começar a se vacinar. Caso contrário, são previstas sanções como a suspensão não remunerada. Uma nova lei também visa facilitar que clínicas e entidades afins contratem profissionais temporariamente para substituição.
A partir de setembro, a vacinação obrigatória na Grécia se aplicará a todo o setor de saúde. Os empregadores com funcionários não vacinados estão passíveis a multas de até 200 mil euros.
A visita a restaurantes e estabelecimentos culturais também está reservada a pessoas vacinadas na Grécia. Um teste negativo para o coronavírus não é mais suficiente para acesso a esses lugares.
Na última quinta-feira, dia da votação parlamentar da lei de vacinação obrigatória, cerca de 5 mil pessoas em todo o país protestaram contra a medida. Segundo a polícia, cerca de 3 mil pessoas saíram às ruas em Atenas. A polícia usou canhões de água e gás lacrimogêneo para manter os manifestantes longe do Parlamento.
A vacinação obrigatória para profissionais de saúde na Itália vigora desde o final de março. Os protestos do último fim de semana foram direcionados ao endurecimento de outras medidas.
Milhares de pessoas se manifestaram em várias grandes cidades do país contra a decisão do governo de Roma de tornar muitos espaços públicos na Itália acessíveis só a portadores de passaporte sanitário a partir de 6 de agosto.
Quem quiser entrar em lugares como academias de ginástica, museus ou restaurantes, tem de provar que foi vacinado, se recuperou da covid-19 ou testou negativo. Nas áreas externas, os donos de restaurantes podem decidir por si próprios se servirão os clientes sem exigir o passe sanitário.