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Violência
16/07/2021 07:00:00

Alagoas registra em média 12 casos de violência doméstica por dia

Mesmo com altos números, especialistas acreditam em subnotificação


Alagoas registra em média 12 casos de violência doméstica por dia

Em Alagoas, somente nos cinco primeiros meses de 2021, foram registrados 1.757 boletins de ocorrência de crimes de violência doméstica, 302 a mais do que o número registrado no mesmo período em 2020. É como se todos os dias, 12 mulheres registrassem denúncias de violência doméstica no estado.

Ainda segundo as informações, janeiro de 2021 foi o mês que registrou mais boletins de ocorrência este ano, com 413 ocorrências. Os dados, da Polícia Civil, foram coletados pela Agência Tatu, por meio da Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), e abrangem os meses de janeiro de 2019 a maio de 2021. De todo o período analisado, o mês de abril de 2019 foi o que contou com o maior número de registros.

A linha do tempo traçada revela que os meses em que houve redução nas medidas de isolamento social foram os de maior número de denúncias de violência doméstica. Entre março e junho de 2020, período com mais medidas restritivas da pandemia, foi registrada uma queda significativa no número de denúncias. A partir de agosto, os números voltaram a subir. Confira o gráfico:

A secretária da Mulher e Direitos Humanos de Alagoas, Maria Silva, fala sobre o aumento no número de denúncias. “O número de boletins de ocorrência registrados nos últimos anos, nos casos de violência contra a mulher, refletem a efetividade das campanhas de disseminação dos direitos da população feminina. São medidas de enfrentamento e encorajamento para que as mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade tenham a força que precisam para lutar e se desvencilhar”.

A Lei Maria da Penha configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

Muitas mulheres ainda não têm coragem de formalizar a denúncia, motivo pelo qual a advogada de defesa da mulher, Júlia Nunes, associa ao medo, mas também aos fatores de dependência emocional, psicológica e, principalmente, financeira.

Júlia Nunes / Acervo pessoal

A advogada também é presidente da Associação AME, que acolhe mulheres em situação de violência. Ela não descarta a possibilidade de uma subnotificação dos casos.

“A verdade é que a pandemia trouxe o aumento da violência doméstica, uma vez que as vítimas começaram a conviver mais com os seus agressores. Então, por isso, os números de violência aumentaram e os boletins de ocorrência também”, detalha.

EM BUSCA DE UM SUPORTE - ATENDIMENTO HUMANIZADO

Desde maio de 2021, as mulheres alagoanas vítimas de violência doméstica possuem o apoio da Casa da Mulher Alagoana Nise da Silveira, uma iniciativa do Tribunal de Justiça de Alagoas em parceria com a Assembleia Legislativa, OAB, Prefeitura de Maceió e Governo do Estado.

Em entrevista à Agência Tatu, a coordenadora da Casa, Erika Lima, entende a iniciativa como um equipamento revolucionário em Alagoas, que busca concentrar uma série de serviços em um só lugar para evitar que a mulher precise reviver o trauma ao contar sua história mais de uma vez.

Entre os serviços ofertados, estão o acolhimento psicossocial fornecido por assistentes sociais e psicólogos, além do apoio jurídico da Delegacia, Juizado e Defensoria. A Casa também fornece o transporte às vítimas, assim como brinquedoteca e alojamento por 48h. “Depois que ela denuncia, a mulher precisa também ter um apoio. Para isso nós temos, na Casa, uma parceria com o programa Tem Saída, que em parceria também com o Senac, podemos qualificar essa mulher e colocá-la no mercado de trabalho”, explica a coordenadora.

COMO DENUNCIAR

A denúncia de violência doméstica e familiar também pode ser realizada de forma anônima pelo Disque 180, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, pelo Disque-Denúncia 100 ou ligando para o 190 da Polícia Militar.

Casa da Mulher Alagoana Nise da Silveira fica localizada na Rua do Imperador, 119, em frente à Praça Sinimbu, no Centro de Maceió. O atendimento é feito de segunda a sexta, das 7h30 às 19h30. O telefone para contato é (82) 2126-9650.

A Semudh também conta com o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM), que possui uma equipe multidisciplinar para atender à população feminina, cis ou trans, com advogado, assistente social e psicóloga. No mesmo local também funciona a base da patrulha Maria da Penha, que se tornou 24h.

O CEAM fica localizado na Rua Augusto Cardoso Ribeiro, s/n, Jatiúca, (transversal à Rua Dr. Antônio Gomes de Barros – antiga Av. Amélia Rosa). O contato pode ser realizado pelo telefone (82) 3315-1740 ou via WhatsApp (82) 98867-6434.

DADOS ABERTOS 

*Os dados desta reportagem foram obtidos a partir do Programa Jornalismo de Dados e Segurança Pública e Direitos Humanos, oferecido pelo Instituto Sou da Paz e que contou com participação da repórter Maria Luíza Ávila, da Agência Tatu de Jornalismo de Dados. O curso foi ministrado entre junho e julho de 2021.

https://odiamais.com.br/alagoas 



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