Ainda segundo reportagem, poucos dias depois de falar com o mandátario, Miranda participou de uma reunião na região do Lago Sul, em Brasília, com Silvio Assis, lobista ligado ao deputado Barros.
O Yahoo! Notícias procurou o deputado Miranda o questionando os motivos por ter deletado a publicação, mas não recebeu resposta até a publicação dessa reportagem.
"Mais uma desse cara, eu não aguento mais"
No domingo (27), em entrevista à Folha de S. Paulo, Luis Miranda disse que o presidente Bolsonaro teria reclamado e se mostrado desapontado novamente com Barros.
"Mais uma desse cara. Eu não aguento mais", teria dito, referindo-se a relação do líder do governo na Câmara dos Deputados com as negociações da compra da vacina indiana Covaxin, segundo o relato do deputado Luis Miranda.
Segundo o parlamentar, o presidente teria dito: "É mais um rolo desse... Você sabe quem", mas Miranda, no primeiro momento, afirmava não se lembrar do nome citado. Horas depois, disse que tratava-se do deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara.
No domingo (27), Barros divulgou uma nota para rebater suspeitas apresentadas na CPI da Covid no Senado sobre a compra da vacina indiana Covaxin. "Fica evidente que não há dados concretos ou mesmo acusações objetivas, inclusive pelas entrevistas dadas no fim de semana pelos próprios irmãos Miranda", afirmou Barros.
"Assim, reafirmo minha disposição de prestar os esclarecimentos à CPI da Covid e demonstrar que não há qualquer envolvimento meu no contrato de aquisição da Covaxin", disse o deputado.
Na entrevista à Folha, neste domingo, Miranda afirmou que no encontro Bolsonaro recebeu recortes de notícias que citavam a Global Gestão em Saúde, empresa que recebeu R$ 20 milhões, em 2017, na gestão de Barros na Saúde, e não entregou os medicamentos prometidos.
“Esse caso aqui o Ricardo Barros está envolvido?”, questionou o presidente, segundo relato do deputado, ao ver as informações sobre a Global.
A Global é uma das sócias da Precisa Medicamentos, que fechou o contrato de R$ 1,6 bilhão para venda de 20 milhões de doses da Covaxin ao Brasil mesmo sem a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não tendo aprovado o uso do imunzante no país.
Além disso, o embaixador brasileiro na Índia, André Aranha, chegou a enviar um telegrama a Bolsonaro dizendo que havia baixa adesão à campanha de vacinação com Covaxin na Índia. Segundo ele, a vacina foi alvo de críticas dos partidos de oposição devido ao processo opaco de autorização.
"Não sei o que fazer mais"
No encontro com Bolsonaro, Miranda disse que ao confirmar a relação o presidente falou em tom de desabafo: “Não sei o que fazer mais”, teria dito. “Aí a gente fala [ao presidente]: ‘Esse caso é grave, tem de dar uma atenção a isso’. E ele solta que queria encaminhar para o DG [diretor-geral] da Polícia Federal”, disse Miranda.
No último dia 24, reportagem da Folha mostrou que Polícia Federal não encontrou registro de inquérito aberto para apurar a compra da vacina indiana Covaxin