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Política
01/06/2021 07:00:00

Após deletar post sobre denúncia de propina, Miranda é “enquadrado” por Barros


Após deletar post sobre denúncia de propina, Miranda é “enquadrado” por Barros

O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) apagou uma publicação na qual contrariava uma entrevista que deu à Revista Crusoé, divulgada na noite de terça (29). O deputado e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, são os responsáveis por levar à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid as denúncias de corrupção e pressão para a liberação da importação da vacina Covaxin.

Na entrevista à revista, Miranda teria dito que recebeu oferta de propina do líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-RR), para não atrapalhar o esquema de suposta corrupção no contrato firmado para a compra da vacina indiana Covaxin. Na semana passada, Miranda há havia indicado à CPI o nome do deputado como centro do esquema Covaxin.

“A Revista Crusoé é responsável por suas matérias e certamente arcará com o que escreve! Não quero ser usado para criar narrativas e volto a afirmar que todas as minhas conversas com Ricardo Barros foram republicanas e não vou me pronunciar sobre fatos que não posso provar!”, escreveu Miranda no Twitter, após divulgação da reportagem. 

No entanto, o deputado excluiu a publicação horas depois, na madrugada desta quarta-feira (30). Já na manhã desta quarta-feira (30), Miranda foi "enquadrado" pelo deputado Barros, que o questionou por ter apagado a postagem. 

"Publicou, me marcou e apagou! Por que excluiu, Luis Miranda?", questionou Barros.

Na noite anterior, minutos depois da reportagem da revista entrar no ar, Barros já havia se posicionado desmentindo a suposta declaração de Miranda. Segundo ele, "nunca" foi tratato "tem relacionado às vacinas" com o deputado denunciante.

"Quanto à matéria da Crusoé, conheço Silvio Assis. Estive em sua casa onde encontrei diversas autoridades e parlamentares, inclusive o Luís Miranda. Mas nunca tratei com ele tema relacionado às vacinas. Reitero que não participei de negociação referente a compra da Covaxin", disse Barros.

De acordo com a reportagem da revista, após avisar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre possíveis irregularidades na compra da vacina Covaxin, o deputado Miranda teria recebido uma oferta de propina para não atrapalhar a negociação.

Ainda segundo reportagem, poucos dias depois de falar com o mandátario, Miranda participou de uma reunião na região do Lago Sul, em Brasília, com Silvio Assis, lobista ligado ao deputado Barros.

O Yahoo! Notícias procurou o deputado Miranda o questionando os motivos por ter deletado a publicação, mas não recebeu resposta até a publicação dessa reportagem.

Deputy Luis Miranda, center, arrives to testify before the Senate for an investigation into the government's management of the COVID-19 pandemic, in Brasilia, Brazil, Friday, June 25, 2021. (AP Photo/Eraldo Peres)
 
Ainda segundo reportagem, poucos dias depois de falar com o mandátario, Miranda participou de uma reunião na região do Lago Sul, em Brasília, com Silvio Assis, lobista ligado ao deputado Barros (Foto: AP Photo/Eraldo Peres)

"Mais uma desse cara, eu não aguento mais"

No domingo (27), em entrevista à Folha de S. Paulo, Luis Miranda disse que o presidente Bolsonaro teria reclamado e se mostrado desapontado novamente com Barros.

"Mais uma desse cara. Eu não aguento mais", teria dito, referindo-se a relação do líder do governo na Câmara dos Deputados com as negociações da compra da vacina indiana Covaxin, segundo o relato do deputado Luis Miranda.

Segundo o parlamentar, o presidente teria dito: "É mais um rolo desse... Você sabe quem", mas Miranda, no primeiro momento, afirmava não se lembrar do nome citado. Horas depois, disse que tratava-se do deputado Ricardo Barros, líder do governo na Câmara.

No domingo (27), Barros divulgou uma nota para rebater suspeitas apresentadas na CPI da Covid no Senado sobre a compra da vacina indiana Covaxin. "Fica evidente que não há dados concretos ou mesmo acusações objetivas, inclusive pelas entrevistas dadas no fim de semana pelos próprios irmãos Miranda", afirmou Barros.

"Assim, reafirmo minha disposição de prestar os esclarecimentos à CPI da Covid e demonstrar que não há qualquer envolvimento meu no contrato de aquisição da Covaxin", disse o deputado.

Brazil's President Jair Bolsonaro speaks during a ceremony to launch a Brazilian tourism program, at the Planalto presidential palace, in Brasilia, Brazil, Thursday, June 10, 2021. (AP Photo/Eraldo Peres)
 
No encontro com Bolsonaro, Miranda disse que ao confirmar a relação o presidente falou em tom de desabafo: “Não sei o que fazer mais”, teria dito (Foto: AP Photo/Eraldo Peres)

Na entrevista à Folha, neste domingo, Miranda afirmou que no encontro Bolsonaro recebeu recortes de notícias que citavam a Global Gestão em Saúde, empresa que recebeu R$ 20 milhões, em 2017, na gestão de Barros na Saúde, e não entregou os medicamentos prometidos.

“Esse caso aqui o Ricardo Barros está envolvido?”, questionou o presidente, segundo relato do deputado, ao ver as informações sobre a Global.

A Global é uma das sócias da Precisa Medicamentos, que fechou o contrato de R$ 1,6 bilhão para venda de 20 milhões de doses da Covaxin ao Brasil mesmo sem a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não tendo aprovado o uso do imunzante no país.

Além disso, o embaixador brasileiro na Índia, André Aranha, chegou a enviar um telegrama a Bolsonaro dizendo que havia baixa adesão à campanha de vacinação com Covaxin na Índia. Segundo ele, a vacina foi alvo de críticas dos partidos de oposição devido ao processo opaco de autorização.

"Não sei o que fazer mais"

No encontro com Bolsonaro, Miranda disse que ao confirmar a relação o presidente falou em tom de desabafo: “Não sei o que fazer mais”, teria dito. “Aí a gente fala [ao presidente]: ‘Esse caso é grave, tem de dar uma atenção a isso’. E ele solta que queria encaminhar para o DG [diretor-geral] da Polícia Federal”, disse Miranda.

No último dia 24, reportagem da Folha mostrou que Polícia Federal não encontrou registro de inquérito aberto para apurar a compra da vacina indiana Covaxin

 


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