"Mudou a visão que as pessoas têm da polícia", diz superintendente do Programa Ronda no Bairro

Implantado inicialmente apenas no bairro do Jacintinho, na parte alta de Maceió, com foco no combate a roubos e furtos, o Programa Ronda no Bairro, criado pela Secretária do Estado de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL), logo conquistou a aprovação da população e rendeu resultados importantes no combate e na diminuição ocorrências de crimes. 

Hoje, três anos depois de sua criação, o programa já atua em oito bairros de Maceió, se estendendo até o Centro e a Orla Marítima da capital, e carrega entre suas conquistas a redução de Crimes Violentos Contra o Patrimônio (CVPs), que caiu 70% nos territórios onde opera, a redução nos índices de assaltos a coletivos, assim como roubos e assaltos a transeuntes e estabelecimentos, e o trabalho em conjunto com entidades de assistência sociais realizando atendimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade.

Considerado um sucesso pelo Governo do Estado e pela população, o Ronda no Bairro também tem atuado de maneira ativa durante a pandemia, conscientizando e exigindo da população o respeito necessário quanto aos protocolos sanitários e uso de máscaras.

Em entrevista ao CadaMinuto, o superintende do Ronda no Bairro, Coronel Cícero Silva, falou sobre a aproximação do programa com a sociedade, as dificuldades na atuação nas ruas durante a pandemia e sobre a expansão do programa, em breve, para dois municípios alagoanos. Confira:

1 – Durante esses três anos de atuação do Programa, como avalia essa aproximação com a sociedade?

 De forma muito positiva, afinal o Ronda no Bairro quebrou paradigmas. Sobretudo, fez a população entender que segurança pública não acontece apenas com ação ostensiva. Ele é necessário em algumas situações, mas segurança se faz, principalmente, com prevenção. E a filosofia do Ronda é exatamente essa, criar vínculos com as comunidades dos territórios onde atua, entendendo hábitos, costumes e se fazendo presente nessas localidades. Essa proximidade é uma experiência muito interessante que se reflete na redução de vários índices de crimes. Segundo nossas estatísticas, redução de casos de assaltos à mão armada, assaltos a ônibus coletivos, danos ao patrimônio público, são exemplos a serem citados.

2- O perfil implantado pelo Programa mudou o conceito e comportamento das pessoas com a presença da polícia nas ruas?

Mudou a visão que as pessoas têm da polícia, entendendo que são agentes que estão no convívio da comunidade, integrados com os moradores e comerciantes. São parceiros que estão ali para colaborar para a resolução de alguns problemas, trazendo mais tranquilidade para todos e sensação de segurança aos territórios de atuação. É preciso lembrar que diversos estudos apontam que a simples presença dos policiais nas ruas tem um efeito imediato com relação à criminalidade. O Ronda no Bairro tem comprovado essa realidade. São vários casos de moradores que buscam os agentes de proximidade do Ronda porque os entendem como agentes de confiança. Isso é muito importante. Ajudar a resolver questões simples até atuar de forma direta em casos de violência ou vulnerabilidade social.

Nesse tempo de pandemia, principalmente com desafios do isolamento social, quais têm sido as principais dificuldades dos agentes nas ruas?

Conscientizar as pessoas para que sigam os protocolos sanitários. Esta tem sido missão também do Ronda no Bairro: orientar quanto as determinações dos decretos estaduais e sobre o uso dos EPIs. É impressionante como há uma resistência por parte de muitas pessoas para seguir as determinações, quer seja no usar a máscara, fundamental para se evitar a transmissão do vírus, quanto a respeitar as restrições impostas pela Pandemia. E essa resistência acontece em todos os territórios onde atuamos. Sempre encontramos pessoas transitando sem máscaras, por exemplo. Mas, com muita habilidade, explicamos, conscientizamos e conseguimos que mude de atitude.

Em cidades do interior, o programa poderia funcionar no mesmo formato executado em Maceió?

Sim, esta é uma experiência bem-sucedida em Maceió que está sendo levada a outros municípios alagoanos. Como o próprio governador Renan Filho já anunciou, o Ronda no Bairro será implantado também em Arapiraca e Rio Largo. Nós já estamos finalizando os preparativos para essa expansão do programa que deve acontecer muito em breve. E temos uma expectativa também muito positiva de atingir os mesmos índices de redução da violência nesses novos territórios, porque como já expressei, o Ronda traz uma nova filosofia de atuação no combate à violência.

Sobre o programa

O Ronda no Bairro atua em perímetros delimitados com patrulhas compostas por um militar da reserva e um da ativa pertencentes à Polícia Militar de Alagoas e/ou ao Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas, além de um civil egresso das Forças Armadas. Atuam nas modalidades a pé, carro, moto e bicicleta; e têm como pilares de serviço a segurança de proximidade, a abordagem social e comunitária, a atenção à população em situação de vulnerabilidade social e a articulação para requalificação de espaços de convivência mútua degradados.

Além das abordagens de proximidade realizadas pelas patrulhas, o programa possui uma equipe de Articulação e Mobilização Social composta por psicólogas e assistentes sociais que são responsáveis pelo reconhecimento e encaminhamento de pessoas em situação de vulnerabilidade social aos órgãos competentes.