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Especial
14/06/2021 00:00:00

Canais na internet faturaram com mentiras sobre Covid, diz Google


Canais na internet faturaram com mentiras sobre Covid, diz Google

Canais no YouTube, entre eles de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ganharam dinheiro disseminando notícias falsas sobre a pandemia de coronavírus antes que os vídeos fossem apagados, informou o Google à CPI da Covid. O jornalista Alexandre Garcia lidera o ranking de faturamento: as 126 publicações tiradas do ar por ele próprio ou pela plataforma haviam rendido quase R$ 70 mil em remuneração pela audiência e publicidade.

Segundo reportagem do jornal O Globo, os dados foram enviados pelo Google à CPI a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), com base em um levantamento da Novelo Data sobre vídeos que "desapareceram" da rede social em 2021.

"A propagação de fake news a respeito da pandemia tem sido uma ação orquestrada e com consequências diretas no agravamento do número de mortes pela Covid-19", frisou o senador em seu pedido, segundo o jornal O Globo.

A plataforma enviou uma lista de 385 vídeos removidos pelo YouTube ou deletados pelos próprios usuários após serem identificados como disseminadores de desinformação sobre formas de tratamento para a Covid-19 ou a pandemia. A listagem foi acompanhada de quanto cada publicação rendeu aos donos dos canais até saírem do ar.

Abaixo de Alexandre Garcia, Gustavo Gayer (R$ 40 mil), Notícias Política BR (R$ 20,7 mil), Brasil Notícias (R$ 17,7 mil), completam as primeiras colocações. Ao todo, os usuários ganharam US$ 45 mil, o equivalente a R$ 230 mil.

O Google forneceu dados de 34 canais identificados como disseminadores de notícias falsas no Brasil. Destes, 90 publicações não geraram renda aos administradores. Grande parte é de vídeos com propagandas de drogas comprovadamente ineficazes contra o coronavírus, como ivermectina e cloroquina, denunciando um falso complô contra o uso desses medicamentos por parte de opositores de Bolsonaro.

O canal Aconteceu na Política alegou sem provas, por exemplo, que "governadores estão estocando vacinas e 6 milhões sumiram”"e disseminou mentiras sobre a Coronavac ("A Vacina de Taubaté de Doria — Bolsonaro sai na frente mais uma vez"). O youtuber também afirmou que o Brasil havia superado a porcentagem de população vacinada da Europa, o que nunca ocorreu. Um vídeo com título idêntico do canal de Gustavo Gayer continua no ar.

"Pazuello detona Mandetta e diz que muita gente poderia ter sido salva com tratamento precoce!", diz o título de um dos 25 vídeos deletados do canal Brasil de Olho. O mesmo canal publicou os vídeos "Pesquisa surpreende ao mostrar quantos brasileiros tomariam hidroxicloroquina" e "REUNIÃO SECRETA DE DORIA É VAZADA E PROVA USO POLÍTICO DA V4C1NA E REVELA PLANO PRA TIRAR B0LS0NAR0", entre outros.

Em um vídeo do canal Casando o Verbo, havia a alegação de que os registros de 62 mil pessoas que morreram de AVC foram falseados para incluir Covid-19 como causa da morte, sem base em provas. O título fazia referência à morte do ator Tom Veiga, intérprete do Louro José, que morreu após um AVC.

Os youtubers apelavam a título cifrados para impedir que o Google encontrasse o conteúdo, como o uso da palavra "V4C1NA" e "tratamento inicial" em vez de "tratamento precoce", nome mais comum para se referir ao "kit Covid", de medicamentos ineficazes contra o coronavírus, defendido em 2020 por Bolsonaro.

O levantamento contém três vídeos do Foco do Brasil, canal investigado no inquérito dos atos antidemocráticos, aberto pelo STF (Supremo Tribunal Federal), pela ligação com o Palácio do Planalto. O assessor especial da Presidência, Tercio Arnaud Tomaz, repassou vídeos ao canal e ajudou seu administrador a retransmitir imagens da TV Brasil.

Em depoimento em julho do ano passado, o dono do Foco do Brasil, Anderson Rossi, disse à Polícia Federal ter um faturamento mensal de R$ 50 mil a R$ 140 mil. Nos vídeos citados sobre Covid, porém, a monetização foi baixa, de apenas R$ 368.

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