01/07/2024 04:29:55

Especial
07/06/2021 20:00:00

Falta de vacina preocupa e PIB do Brasil deve crescer menos que média mundial em 2021, prevê OCDE


Falta de vacina preocupa e PIB do Brasil deve crescer menos que média mundial em 2021, prevê OCDE

A ampla disseminação do vírus da covid-19 e medidas restritivas descoordenadas entre os Estados pioraram a situação sanitária no Brasil, considerada "preocupante", segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que também aponta, em um estudo publicado nesta segunda-feira (31), o problema da vacinação "lenta" no Brasil como um dos riscos que pesam sobre a recuperação da economia do país.

Em seu relatório semestral com perspectivas para a economia global, a OCDE manteve a previsão de crescimento de 3,7% do PIB brasileiro em 2021, já feita em um estudo intermediário divulgado em março. Mas nesse período a organização melhorou suas projeções de aumento do PIB mundial neste ano (5,8%) e dos países do G20 (6,3%), da zona do euro (4,3%), e de emergentes como China (8,5%) e Argentina (6,1%).

Além de crescer abaixo da média mundial neste ano e menos do que países da América Latina como Colômbia (7,6%), Chile (6,7%) e México (5%), a economia brasileira, segundo a OCDE, deverá ter uma expansão menor em 2022 do que a estimada anteriormente.

A organização revisou para baixo a previsão de aumento do PIB do Brasil no próximo ano: de 2,7% passou para 2,5% no estudo divulgado nesta segunda, que coincide com o início da reunião anual ministerial da OCDE, realizada por videoconferência em razão da crise sanitária.

A organização ressalta que é "fundamental que as autoridades brasileiras tomem rapidamente medidas para controlar a pandemia, principalmente a aceleração da campanha de vacinação e a melhora do rastreamento dos casos de contaminação."

A OCDE afirma que a vacinação contra a covid-19 no Brasil "está lenta, apesar da capacidade local de produção de imunizantes". Problemas de abastecimento relacionados à disponibilidade de algumas vacinas estão reduzindo o ritmo da campanha no país, mas doses adicionais obtidas recentemente devem permitir o aumento da imunização, acrescenta a organização.

Crescimento previsto do PIB em 2021, segundo a OCDE. .  .

Segundo o estudo, a retomada econômica no Brasil "permanece frágil". Após um vigoroso crescimento no último trimestre de 2020 e nos dois primeiros meses deste ano, puxado pelo varejo e o setor de serviços, houve um forte recuo em março por conta do agravamento da crise sanitária.

"A atividade no primeiro semestre será moderada, limitada pelo alto nível de propagação do vírus no país e restrições de mobilidade", diz a OCDE, destacando que a recuperação dependerá da evolução da pandemia de covid-19 no país.

O segundo semestre do ano, nas previsões da organização, deverá ter uma retomada "sólida", impulsionada pelo consumo e pelas exportações, se a campanha de vacinação acelerar e houver melhor controle da propagação do vírus. Apesar do aumento do desemprego, a taxa de poupança — que teve captação recorde em 2020 por conta das restrições às compras — poderá ajudar a manter o consumo, na avaliação da OCDE.

Rua de comércio em São Luís (MA)

CRÉDITO,GETTY IMAGES

 
Legenda da foto,

Consumo deve impulsionar retomada no segundo semestre, prevê a OCDE

Grande risco

As incertezas que pairam sobre a estratégia orçamentária do governo se tornaram um grande risco para o Brasil, afirma a OCDE. A dívida pública chegará a 90% do PIB no final de 2022, limitando a margem de manobra dos gastos.

A decisão de excluir as despesas da covid-19 do teto de gastos, ainda que "compreensível" no atual contexto de pandemia, deve ser aplicada com prudência para não aumentar a volatilidade dos mercados financeiros e as incertezas em torno da ação do governo, diz a OCDE.

"As autoridades devem claramente limitar o tempo dessa medida e garantir que apenas as despesas limitadas à crise da covid-19 sejam excluídas do teto de gastos", afirma o estudo, acrescentando que a "credibilidade das políticas públicas será importante para continuar atraindo investimentos estrangeiros e limitar a desvalorização do câmbio."

Um grande desafio para o Brasil neste ano, na avaliação da OCDE, será achar um bom equilíbrio entre a proteção social das pessoas de baixa renda e a viabilidade das contas públicas. A organização recomenda que a ajuda emergencial seja prolongada até o momento em que houver retomada econômica e o controle da pandemia.

"Há espaço para financiar a extensão dos auxílios sociais, reorientando os gastos correntes", ressalta a OCDE, citando subvenções ao crédito, exonerações da folha de pagamento para setores específicos e o melhor gerenciamento das despesas com salários dos servidores.

Para a OCDE, com o agravamento da situação sanitária no Brasil, os apoios concedidos serão insuficientes para manter o consumo.

"Se as transferências de renda não forem prolongadas e se, paralelamente, a pandemia continuar afetando a atividade econômica, a taxa de pobreza voltará a aumentar neste ano."

A OCDE afirma que o auxílio emergencial e a extensão do Bolsa Família permitiram que a taxa de pobreza caísse em 2020 de 29% para 21% no Brasil.

A vacinação no mundo

Ver a tabela
Mundo
26,3
 
2.049.105.453
China
50,2
 
726.176.267
Estados Unidos
89,0
 
297.720.928
Índia
15,8
 
218.344.384
Brasil
32,4
 
68.919.860
Reino Unido
99,1
 
66.180.731
Alemanha
63,7
 
53.404.798
França
56,4
 
38.087.228
Itália
60,2
 
36.392.761
México
25,5
 
32.874.857
Rússia
20,6
 
30.001.530
Turquia
35,5
 
29.960.321
Espanha
60,3
 
28.182.345
Indonésia
10,2
 
28.027.750
Canadá
66,1
 
24.933.524
Polônia
56,4
 
21.326.996
Chile
99,8
 
19.077.745
Japão
11,7
 
14.775.865
Marrocos
39,9
 
14.742.792
Arábia Saudita
42,0
 
14.629.297
Emirados Árabes Unidos
133,0
 
13.154.465
Argentina
28,9
 
13.079.195
Colômbia
21,0
 
10.697.683
Israel
122,4
 
10.591.833
Bangladesh
6,1
 
10.020.942
Holanda
58,0
 
9.934.313
Coreia do Sul
18,2
 
9.333.300
Hungria
92,7
 
8.959.570
Romênia
41,5
 
7.981.963
Paquistão
3,6
 
7.953.574
Bélgica
60,3
 
6.984.494
Portugal
58,7
 
5.985.025
Grécia
56,5
 
5.888.281
República Tcheca
52,8
 
5.656.413
Áustria
60,2
 
5.419.428
Suécia
53,5
 
5.400.436
Filipinas
4,7
 
5.180.721
Suíça
55,5
 
4.802.652
Camboja
28,6
 
4.782.587
Sérvia
69,4
 
4.720.552
Austrália
18,2
 
4.642.703
República Dominicana
42,6
 
4.625.387
Peru
12,6
 
4.145.744
Cingapura
69,2
 
4.047.651
Tailândia
5,2
 
3.609.882
Dinamarca
61,4
 
3.557.425
Malásia
10,4
 
3.361.316
Mongólia
100,8
 
3.305.569
Cazaquistão
17,5
 
3.276.918
Irã
3,7
 
3.141.577
Finlândia
55,9
 
3.094.854
Mianmar
5,5
 
2.994.900
Uruguai
85,0
 
2.953.852
Nepal
9,7
 
2.827.243
Noruega
51,4
 
2.786.708
Egito
2,6
 
2.698.411
Eslováquia
48,8
 
2.664.934
Catar
91,0
 
2.622.285
Equador
13,9
 
2.447.889
Azerbaijão
23,8
 
2.418.082
Irlanda
47,6
 
2.349.207
Uzbequistão
6,4
 
2.136.423
Sri Lanka
9,9
 
2.117.653
Nigéria
1,0
 
2.110.141
Cuba
18,0
 
2.037.745
El Salvador
31,1
 
2.015.408
Jordânia
18,7
 
1.904.235
Croácia
45,2
 
1.855.003
Etiópia
1,6
 
1.853.259
Kuwait
42,6
 
1.820.000
Bahrein
105,1
 
1.788.987
Bolívia
15,2
 
1.776.677
Lituânia
63,7
 
1.734.236
Costa Rica
32,6
 
1.658.685
Bulgária
20,6
 
1.429.105
Ucrânia
2,9
 
1.265.723
Gana
4,0
 
1.228.216
África do Sul
2,0
 
1.193.352
Vietnã
1,2
 
1.156.056
Eslovênia
55,2
 
1.147.145
Panamá
25,1
 
1.083.856
Zimbábue
7,1
 
1.048.504
Tunísia
8,6
 
1.016.860
Quênia
1,8
 
973.987
Laos
12,6
 
914.014
Angola
2,8
 
909.215
Líbano
12,3
 
840.916
Letônia
43,1
 
812.355
Albânia
27,4
 
787.321
Estônia
55,8
 
740.331
Bielorússia
7,5
 
710.922
Uganda
1,5
 
677.084
Nova Zelândia
13,9
 
668.115
Chipre
72,2
 
632.437
Afeganistão
1,6
 
626.290
Taiwan
2,6
 
621.322
Iraque
1,4
 
582.537
Costa do Marfim
2,2
 
567.488
Guatemala
3,1
 
561.976
Malta
122,6
 
541.178
Territórios Palestinos
10,6
 
540.908
Senegal
3,1
 
522.575
Butão
62,6
 
482.716
Maldivas
89,0
 
480.939
Moldávia
11,2
 
451.006
Paraguai
5,7
 
407.644
Sudão
0,9
 
402.114
Maurício
31,5
 
400.801
Ruanda
3,1
 
400.096
Moçambique
1,3
 
394.312
Guiné
2,8
 
365.261
Luxemburgo
58,3
 
364.909
Malauí
1,9
 
357.015
Macedônia do Norte
15,9
 
331.034
Honduras
3,2
 
317.257
Venezuela
1,1
 
316.000
Togo
3,8
 
311.938
Omã
5,8
 
296.894
Guiana
34,9
 
274.625
Islândia
78,9
 
269.324
Líbia
3,5
 
243.891
Bósnia-Herzegóvina
7,1
 
232.706
Montenegro
36,6
 
229.803
Guiné Equatorial
16,0
 
224.503
Geórgia
4,8
 
193.318
Jamaica
6,0
 
177.883
Nicarágua
2,5
 
167.500
Níger
0,7
 
159.525
Zâmbia
0,8
 
147.115
Botsuana
6,1
 
142.864
Barbados
49,2
 
141.282
Somália
0,9
 
137.618
Fiji
15,2
 
136.247
Seicheles
136,7
 
134.475
Mali
0,6
 
127.042
Jersey
107,4
 
108.577
Trinidade e Tobago
7,7
 
107.766
Iêmen
0,3
 
104.070
Suriname
15,4
 
90.052
Ilha de Man
105,5
 
89.727
Ilhas Cayman
127,8
 
83.970
Comores
9,6
 
83.907
Namíbia
3,3
 
82.907
Serra Leoa
1,0
 
79.762
Gibraltar
230,7
 
77.717
Belize
19,3
 
76.787
Camarões
0,3
 
75.215
Argélia
0,2
 
75.000
Tadjiquistão
0,8
 
74.403
Bermuda
114,2
 
71.114
Kosovo
0,000
 
69.686
Guernsey
101,3
 
67.926
Timor Leste
4,8
 
63.753
Libéria
1,1
 
56.144
Bahamas
14,0
 
55.037
Quirguistão
0,8
 
54.101
Brunei
12,1
 
52.775
Antigua e Barbuda
51,4
 
50.329
Santa Lúcia
26,0
 
47.828
San Marino
126,5
 
42.935
Turcomenistão
0,7
 
41.993
Gâmbia
1,6
 
38.490
Congo
0,7
 
38.268
Mauritânia
0,8
 
37.331
Dominica
51,6
 
37.126
Lesoto
1,7
 
36.759
Madagascar
0,1
 
36.640
Ilhas Turks e Caicos
93,4
 
36.170
Andorra
46,5
 
35.916
São Cristóvão e Nevis
66,6
 
35.408
Eswatini
3,0
 
35.227
Armênia
1,1
 
33.529
Samoa
16,4
 
32.627
Ilhas Faroe
66,7
 
32.593
Mônaco
76,5
 
30.029
Tonga
28,4
 
29.980
Granada
22,7
 
25.544
Groenlândia
44,6
 
25.335
Síria
0,1
 
24.781
Cabo Verde
4,4
 
24.382
República Democrática do Congo
0,026
 
23.197
Gabão
1,0
 
22.524
Djibuti
2,2
 
21.357
Liechtenstein
55,8
 
21.281
São Vicente e Granadinas
18,7
 
20.768
São Tomé e Príncipe
8,6
 
18.888
República Centro-Africana
0,4
 
18.408
Ilhas Salomão
2,4
 
16.581
Ilhas Virgens Britânicas
53,9
 
16.302
Anguilla
96,3
 
14.443
Benin
0,1
 
12.934
Papua Nova Guiné
0,1
 
11.537
Sudão do Sul
0,087
 
9.744
Ilhas Cook
47,2
 
8.291
Nauru
68,2
 
7.392
Santa Helena, Ascensão e Tristão da Cunha
116,8
 
7.091
Guiné-Bissau
0,3
 
5.889
Ilhas Malvinas ou Falkland
126,5
 
4.407
Montserrat
50,5
 
2.522
Tuvalu
20,4
 
2.400
Burkina Fasso
0
 
0
Burundi
0
 
0
Chade
0
 
0
Coreia do Norte
0
 
0
Eritreia
0
 
0
Haiti
0
 
0
Ilhas Geórgia do Sul e Sandwich do Sul
0
 
0
Ilhas Pitcairn
0
 
0
Kiribati
0
 
0
Niue
0
 
0
Tanzânia
0
 
0
Território Britânico do Oceano Índico
0
 
0
Toquelau
0
 
0
Vanuatu
0
 
0
Vaticano
0
 
0
 

O desemprego no país, prevê a organização, deverá diminuir lentamente com o retorno ao mercado das pessoas que desistiram de procurar vagas, mas a taxa de atividade permanecerá significativamente abaixo dos níveis pré-crise, "mantendo milhões de trabalhadores fora do mercado de trabalho."

Recuperação desigual

A perspectiva é de forte recuperação da economia mundial, que deverá crescer 5,8% neste ano após uma queda de 3,5% em 2020, mas ela será desigual, alerta a OCDE.

Nos países ricos, o avanço progressivo da vacinação permite a reabertura de atividades e as medidas de apoio fiscal ajudam a impulsionar a demanda e mitigar o risco de a pandemia deixar sequelas a longo prazo na economia, preservando empresas e empregos, afirma o estudo.

"No entanto, em várias economias emergentes, a lentidão das campanhas de vacinação, o surgimento de novas ondas de contaminação e as medidas de restrição decorrentes da situação sanitária continuarão a pesar no crescimento por algum tempo, especialmente quando a margem de apoio às atividades é limitada."

Embora na maior parte dos países o PIB deverá voltar aos níveis anteriores à pandemia até o final de 2022, isso está longe de ser suficiente", afirma Laurence Boone, economista-chefe da OCDE.

Parcela da população vacinada contra covid ao longo do tempo. Taxa de pessoas que receberam pelo menos uma dose da vacina, em %.  .

Ela afirma que a economia global permanece abaixo de sua trajetória de crescimento pré-pandemia e em muitos países da OCDE, que reúne principalmente economias ricas, os padrões de vida até o final de 2022 não estarão de volta ao nível esperado antes da crise sanitária.

Segundo Boone, vários riscos ainda pairam sobre a economia mundial, entre eles a alta da inflação e a falta de vacinas nos países emergentes e pobres. "Esses países teriam mais dificuldades para suportar uma nova redução no crescimento provocada pela Covid-19, o que resultaria no aumento da pobreza extrema e potencialmente problemas para obter empréstimos."

"Enquanto a grande maioria da população mundial não estiver vacinada, estamos todos à mercê do surgimento de novas variantes", completa Boone.

BBC News Brasil



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