Os pesquisadores colocaram cocos em lugares visitados pelos macacos. Eles analisaram se no momento em que algum animal quebrava os frutos havia outro junto, se esse outro macaco comia os restos e se utilizava a mesma bigorna e a mesma pedra para fazer o comportamento de quebra. Também verificaram se isso acontecia na mesma hora em que o macaco quebrador estava lá quebrando ou se esse uso de ferramentas acontecia depois de o quebrador ir embora. Os pesquisadores observaram também se os animais já chegavam ao local e iam direto quebrar os cocos ou se iam fazer alguma outra atividade. E compararam o que acontecia na presença e na ausência do quebrador. Com isso, os pesquisadores criaram um índice de variabilidade comportamental.
De acordo com o índice, as pedras passaram a ter um valor de ferramenta para o macaco conforme a variabilidade comportamental ia diminuindo, ou seja, quanto mais focado o animal ficava na atividade de quebra do coco, de chegar ao local e ir direto quebrar o fruto. É nesse momento que ele passa a visitar aquele local, mesmo na ausência do quebrador, e sabe qual a melhor pedra e bigorna usar para conseguir abrir e comer a polpa. E quanto mais especializados e autossuficientes eles vão ficando na quebra, mais eles usam a pedra usada anteriormente por outro macaco quebrador.
Porém, quando há maior variabilidade comportamental, é porque a atividade de quebra ainda não está tão estabelecida e os macacos ainda não são tão eficientes e precisam ficar perto daqueles que já quebram o coco, pois assim comem os restos, esteja o quebrador próximo ou não.
“Não é que o macaco imitou o outro e fez igual. Eles ficam perto uns dos outros observando a ação, mas não vimos uma replicação imediata, como uma imitação, por exemplo”, esclarece Briseida.
https://jornal.usp.br/