A pandemia do coronavírus é assunto presente diariamente em nossas vidas. Há muita informação de qualidade e também muita desinformação e fake-news. As pessoas acabam acreditando mais em posts do WhatsApp do que na própria ciência.
A vacinação em larga escala é a única medida capaz de derrotar o coronavírus. Não se pode ter medo das vacinas. Muitos pacientes agora chegam ao consultório com receio de tomar a vacina da Oxford Astra-Zeneca e terem trombose. Isso faz algum sentido? Vou provar através de números que esse receio é infundado.
Acaba de ser divulgado o primeiro grande estudo de vacinação em larga escala realizado na Escócia, com cerca de 5,4 milhões de habitantes - 20% receberam a vacina da Oxford Astra-Zeneca e 80% a da Pfizer, essa última ainda não disponível no Brasil.
Após sete dias da aplicação da primeira dose da vacina, a proteção contra internações atingiu 70%. Após quatro semanas, a proteção chegou a 94% para a vacina da Oxford e 84% para a da Pfizer. Ou seja, a taxa de infecção e a proteção contra casos graves que necessitem de internação é muito alta.
Outros estudos também mostraram proteção contra a variante brasileira. Os sintomas que podem ocorrer nos pacientes que receberam a vacina da Oxford Astra-Zeneca são dor no local de aplicação, febre, cansaço, dor muscular e dor de cabeça. São decorrentes do mecanismo de ação da vacina, pois a mesma é feita com adenovírus que carrega uma parte do RNA do coronavírus (vacina de vetor viral).
Já os casos de trombose registrados após a aplicação da vacina de Oxford são raríssimos: 100 casos em 25 milhões (risco de 0,00004%). O risco de se ter trombose após a infecção pelo covid é de cerca de 16,5%. O risco após uso de pílulas anticoncepcionais orais é de 0,12%. Pode-se afirmar que os benefícios da vacinação são muito superiores ao seu risco.
É fundamental confiar nos profissionais envolvidos nas pesquisas e no tratamento da covid-19. Há publicações sérias e confiáveis que mostram o direcionamento a seguir. É fundamental agora acelerar o ritmo da vacinação e não relaxar com as medidas de distanciamento social e uso de máscaras. Vacina e distanciamento social até que a maioria da população esteja imunizada.
Correio Braziliense