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Brasil
03/05/2021 20:00:00

Ministro da Justiça quer plano com estados para combater milícias


Ministro da Justiça quer plano com estados para combater milícias

Empossado há menos de um mês como novo ministro da Justiça e da Segurança Pública, o delegado federal Anderson Torres disse a VEJA que pretende sentar à mesa com governadores de estados tomados pela violência e por milícias para elaborar intervenções cirúrgicas que sejam capazes de conter a atuação do crime organizado. Segundo ele, Rio de Janeiro e Ceará devem ser os primeiros convocados a esquadrinhar seus problemas para acessar o plano de socorro da pasta.

Algumas cidades brasileiras se perderam e realmente precisam de apoio, como o Rio de Janeiro. O Rio tem um histórico de criminalidade alta, milícias, organizações criminosas e tem peculiaridades, como a grande quantidade de comunidades, locais de difícil acesso, morros onde é muito difícil o Estado chegar e que facilitam o esconderijo do criminoso”, relatou Torres, que considera a intervenção federal no Rio, realizada durante o governo Temer, insuficiente. “Temos que pensar em segurança pública como uma coisa perene. Não quero colocar uma muleta com a qual eles andam bem enquanto ela existe e, quando tira, tudo cai de novo. Vamos conversar com o governador do Ceará porque a coisa também está complicada lá”, disse.

Em agosto passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu operações policiais em comunidades do Rio durante a pandemia, sob pena de responsabilização civil e criminal. A Corte entendeu que incursões policiais só podem ocorrer em “hipóteses absolutamente excepcionais”, com justificativas apresentadas por escrito. Para Torres, porém, uma proibição desta natureza e por prazo indeterminado acaba por fortalecer o que chamou de “poder paralelo”.  “Isso prejudica o serviço da polícia, prejudica a população do Rio de Janeiro, prejudica principalmente o cidadão de bem que mora naquelas comunidades. Tanto tempo sem a polícia, sem o Estado poder entrar numa comunidade daquela, o estado paralelo toma conta. Essa decisão ajudou a aumentar o poder das milícias no Rio”, disse na primeira entrevista que concedeu desde que assumiu a pasta.

Para Anderson Torres, um tema a ser considerado neste contexto de criminalidade é a discussão sobre a redução da maioridade penal para 16 anos. “As organizações criminosas aliciam muito desses jovens para cometer crimes. Dezesseis anos é uma idade razoável para o jovem começar a responder por aquilo que ele faz e pelos atos que comete”, avalia. “Reduzir a maioridade penal vem ao encontro de um alinhamento com a crescente evolução da sociedade. O jovem de hoje tem cada vez mais acesso a oportunidades e, consequentemente, deve ter responsabilidade. Cabe ao Estado estabelecer também os limites e as eventuais punições a quem transgredir as regras”, afirmou o ministro.

Msn



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