Após a Embraer informar que fechou contrato para a venda 30 aeronaves E195-E2 nesta semana, economista afirma à Sputnik Brasil que retomada da companhia se deve à sua profunda inserção nos negócios internacionais.
A Embraer divulgou em seu balanço de primeiro trimestre a informação de que, na última semana, fechou a venda de 30 aeronaves à jato do modelo E195-E2. A venda para um comprador não informado pela companhia, segundo o portal InfoMoney, será incluída na carteira de pedidos — backlog — do segundo trimestre deste ano e as entregas estão previstas para 2022.
Segundo a mesma fonte, entre janeiro e março de 2021, a Embraer despachou cinco aviões do modelo de seu pátio, contra somente um no primeiro trimestre do ano passado, e seis aviões no quarto trimestre de 2020. O número ajudou a receita do segmento de aviação comercial da Embraer disparar 145% na comparação anual, para R$ 1,512 bilhão. O E195-E2 tem 134 pedidos firmes em carteira.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista Ricardo Balistiero, expert em aviação comercial e professor e coordenador do Curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, em São Paulo, destaca que o ano de 2020 foi "muito complicado para aviação, de uma forma geral", por causa da pandemia de COVID-19, que afetou duramente o setor. No entanto, "com o avanço da vacina" em diversas partes do planeta, uma boa parte das atividades vem sendo retomadas, "e isso movimenta também o setor de aviação"
"As aeronaves voltam a voar, [...] e a Embraer, como terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, ela acaba [...] sendo muito demandada", uma vez que produz jatos "com alta tecnologia", "excelente consumo de combustível" e "aeronaves muito silenciosas", "adequadas a rotas de curta duração", avalia.
Na opinião do especialista, apesar de o Brasil "ainda continuar muito lento na vacinação e na retomada das atividades", a Embraer se beneficia do "processo todo de retomada em vários lugares do mundo", pois é uma empresa que "está muito conectada com os negócios internacionais"
"Essa retomada das atividades em boa parte do planeta auxilia muito que os projetos da Embraer possam sair do papel e, principalmente, [para que os] negócios que foram adiados [pela pandemia] possam efetivamente se concretizar ao longo de 2021 e também 2022", opina.
Segundo o InfoMoney, a Embraer informou que, por conta das atuais condições de mercado para a aviação comercial, postergou em um ano o início de operações do jato E175-E2, que agora ocorrerá em 2024. No comunicado oficial, a empresa declarou que a Embraer está dando continuidade ao trabalho de certificação da aeronave, que voou pela primeira vez em dezembro de 2019, porém, com o seu cronograma revisado.
Balisitiero, por sua vez, não vê "necessariamente como algo ruim" a demora no início das operações da aeronave E175. Na opinião do especialista, essa postergação "vai possibilitar uma certificação que dará mais credibilidade" ao modelo.
"Além de [a Embraer] ser uma empresa de ponta, com tecnologia de última geração, com aeronaves silenciosas, com baixo consumo de combustível, elas também são aeronaves extremamente seguras", afirma Balistiero, que acrescenta que, "nos últimos 20 anos, nós não temos registro de nenhum acidente com aeronave Embraer causado por falha de projeto".
O economista e expert em aviação comercial lembra que a Boeing enfrentou diversas dificuldades com 737-800 MAX, que teve sua operação suspensa após um problema de software que provocou dois acidente fatais, e ressalta que esse período de adiamento do início das operações "pode se reverter em algo até positivo para a aeronave [E175] e para a própria Embraer".
"Certamente, quando surgirem as encomendas por essa aeronave, pelo E175, [...] isso se dará com um grau de confiabilidade muito maior, por exemplo, do que se deu com 737-800 MAX da Boeing", conclui.
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