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Especial
22/04/2021 09:30:00

Uma homenagem a Rádio AG de União dos Palmares


Uma homenagem a Rádio AG de União dos Palmares

Na década de 90, a cidade de União dos Palmares encravada na Zona da Mata das Alagoas deixava para trás uma história recheada de grandes feitos, revelações culturais e também começava a derrocada do cultivo da cana de açúcar. Já rareavam os saudosos apitos da ‘Maria Fumaça’ substituídos pelos fortes apitos impulsionados a ar pelas máquinas movidas a óleo diesel. Acabava o romantismo da passagem diária dos trens ‘Bacurau’ e Inter Estadual e não mais se utilizava o ‘Viradouro’ (que mudava a direção das máquinas que puxavam os comboios e originou o nome União dos Palmares). O progresso chegava.

Quem tem mais de 50 anos e viveu essa época deve recordar as primeiras rádios clandestinas que levavam ao ar suas programações através de um amplificador de ondas médias alimentados por válvulas e que atrapalhavam a recepção dos sinais das outras emissoras sediadas em Maceió e na região.

Com a proibição desse tipo de rádio fusão, apareceram vários comunicadores em União dos Palmares através dos ensinamentos de Maurino Veras, a exemplo de Madalena Quirino e Madalena França. Pouco antes disso, havia um palmarino e um dos melhores locutores do Nordeste: Fernando Alvim, o ‘Doca’ de tradicional família local e que animava as festas da padroeira. O primeiro sonoplasta foi o lendário ‘Vavá do Jornal’ que hoje é um testemunho vivo dessa bonita história, pois daí nasceu a comunicação oficial através do rádio em União dos Palmares fato que precedeu ao computador. Há de se recordar também de locutores Juca Sarmento e Silvio Sarmento.

Dois grupos políticos dominavam o então prospero município: os Gomes de Barros que legou a posteridade o estadista Antônio Gomes de Barros que na vida pratica era engenheiro agrônomo, foi deputado estadual e  vice-governador do Estado, e seu filho Manoel Gomes de Barros, economista, prefeito de União dos Palmares, deputado estadual várias legislaturas, vice-governador e Governador das Alagoas e o agropecuarista Afrânio Vergeti de saudosa memória.

Recordo o entusiasmo de outros protagonistas nessa história: os Praxedes sócios dos Gomes de Barros na empresa Rádio AG FM que começou a funcionar com 250 volts mas atingia todo município palmarino levando música e informação. Permitam a modéstia, mas fomos nós que pela primeira vez narramos no microfone da rádio: ‘os senhores ouvem, em fase experimental, a Rádio AG-FM. Escreva para a gente dizendo como está chegando nosso sinal em sua residência. Em União dos Palmares são XXX horas’.

A Rádio AG-FM se localizou inicialmente na Avenida Monsenhor Clovis nos fundos da Igreja Matriz de Santa Maria Madalena. Seus primeiros musicais alcançaram altos índices de audiência na época. Foi aos poucos revelando novos valores da terra, que logo se familizaram com a nova função: Marcio Mitonori o primeiro sonoplasta; o  inteligente e prestativo Colírio, os primeiros locutores, o jornalista e radialista Ivan Nunes, João Pires, Mauro Correia (in-memorian) Douglas Lopes, Kleber Marques, Kiko Viana, Margareth Leão, o técnico Eudes Afonso, nossa pessoa, e tantos outros que exerceram com pioneirismo aquele único e antigo microfone que começava a contar no rádio a história da época de União dos Palmares.

Para não ser injusto com os dos demais companheiros que tiveram passagem pela querida Rádio AG-FM, cito o 'professor' Jaime Leão que filtrava os valores da região mesmo sem ter conhecimento de rádio fusão, mas o fez como se fosse um veterano. Foi o primeiro diretor executivo da empresa.

Recordo das dezenas de agradecimentos do pessoal da zona rural. Bastava que falasse seu nome para receber muito carinho de retorno como forma de agradecimento: além, claro, do vedetismo ‘trabalhar na Rádio AG era um privilegio’. Me permitam uma particularidade: nos retoques finais da emissora, durante as comemorações da Festa da Padroeira que antecedeu a inauguração da emissora, por volta das 18 horas, o técnico Pelé (que montou a emissora) terminado seus ajustes e como a rádio não tinha discoteca, necessitou um tape-deck. O único disponível era nosso e tocou pela primeira vez, na voz da inesquecível Lourdinha Macário o Hino de Santa Maria Madalena. Era tudo emoção.

Lembro do dia da inauguração. Centenas de pessoas na Praça Monsenhor Clóvis (após a missa dominical), a bênção sacerdotal, muitas figuras de destaque no município e no cenário político estadual, o entusiasmo do doutor Manoel Gomes de Barros e seus familiares. O comercio entusiasmado doou dezenas de brindes que foram sorteados em praça pública após o corte da fita inaugural.

Hoje, por sua história, a rádio AG-FM é um patrimônio de União dos Palmares. Parabéns aos seus proprietários, aos seus funcionários e ao povo palmarino que foi o pioneiro na região da Mata a ter uma empresa de radiofusão.

Estas doces recordações promovem uma lagrima discreta de saudade.

Antônio Aragão



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