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Meio Ambiente
20/04/2021 00:00:00

Cúpula do Clima gera expectativas em relação à posição do governo brasileiro

Para o professor Pedro Luiz Côrtes, não se trata de o governo brasileiro ceder a pressões do governo americano. Basta que o governo cumpra as leis que foram aprovadas ao longo das últimas décadas


Cúpula do Clima gera expectativas em relação à posição do governo brasileiro
A Cúpula do Clima acontecerá na próxima semana e, junto a ela, vem a expectativa de reformulações de políticas ambientais ao redor do mundo. O Brasil, portanto, ganha uma atenção especial para o encontro. Alvo de críticas por conta dos altos índices de desmatamento e queimadas, o governo Bolsonaro, protagonizado nesse campo pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, enfrenta pressão internacional para que esse cenário seja revertido.

Apesar da iminência do encontro, Pedro Luiz Côrtes, professor da Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP, analisa que o retrospecto negativo do governo Bolsonaro nesse âmbito é antigo: “Ao longo dos últimos meses, o Brasil teria a oportunidade de formular um projeto real de combate ao desmatamento e às queimadas, ou seja, de buscar uma mudança radical no que ele vem fazendo nos últimos dois anos (período de duração do mandato até então), mas efetivamente isso não foi feito”, relatou em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição.

Além de questionar a falta de planejamento por medidas eficazes, o professor Côrtes acredita que o Brasil não deveria enxergar a pressão internacional pelo combate ao desmatamento como imposição. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por exemplo, já requisitou melhores práticas do Brasil. “Não se trata de o governo brasileiro ceder a pressões do governo americano. Basta que o governo cumpra as leis que foram aprovadas ao longo das últimas décadas. Essas leis são uma construção da sociedade ao longo de diversos anos, foram aprovadas no Congresso Nacional e estão sendo desrespeitadas pelo atual governo.”

Por fim, é preciso lembrar também que o não cumprimento de objetivos internacionais voltados ao meio ambiente pode resultar ao Brasil em uma série de prejuízos no que se refere a suas relações exteriores. “O governo brasileiro vem se comportando como um amador em um jogo de profissionais. Ele trata essas relações internacionais como uma questão não científica. Nós podemos sofrer embargos aos nossos produtos agrícolas no exterior exatamente por essa relutância em combater as queimadas e o desmatamento. Estamos com uma economia muito ruim, com uma grande dificuldade de recuperação. Perder essas exportações, que têm uma participação importantíssima no nosso PIB, será mais uma tragédia anunciada.”

jornal.usp.br 



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