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Educação
23/03/2021 10:00:00

COVID-19 pode fazer a educação no Brasil regredir até 4 anos


COVID-19 pode fazer a educação no Brasil regredir até 4 anos

A educação no Brasil, que há tempos nadava contra a maré do descaso tentando, a conta-gotas, avançar rumo à qualidade, recebeu um duro golpe desde 2020. A pandemia provocada pela COVID-19 não perdoou o atraso nem velhos problemas. Pelo contrário: os acentuou e aumentou o abismo dos níveis de ensino.

Os dados oficiais ainda não mostram as consequências do fechamento prolongado de escolas nem o saldo da ausência total de um modelo substituto de aulas em municípios onde não houve opção pelo ensino remoto – em Belo Horizonte, as salas de aula estão vazias há mais de um ano.

Mas estudos de instituições de renome já trazem a prévia de um desafio que, em território nacional, ficou ainda maior. Enquanto no mundo a média do atraso na educação é de três a nove meses, no Brasil, o retrocesso causado pelo contexto do coronavírus pode ser de até 4 anos.

É o que aponta estudo encomendado pela Fundação Lemann ao Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para o Brasil e a África Lusófona, vinculado à Fundação Getulio Vargas (FGV), para simular a perda de aprendizado que os estudantes podem ter sofrido com a pandemia.

O resultado mostra que, neste período, os alunos deixaram de aprender mais em matemática em comparação com língua portuguesa e, na maioria dos casos, os mais prejudicados são aqueles do ensino fundamental.

O levantamento foi feito a partir de dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A simulação considerou aprendizado de estudantes nos anos finais do fundamental (5º ao 9º ano) e no ensino médio, em português e matemática, em três cenários.

No otimista, os alunos aprenderiam por meio do ensino remoto tanto quanto aprendem no presencial, desde que fizessem as atividades escolares. No intermediário, eles aprenderiam por meio do ensino remoto proporcionalmente às horas dedicadas a atividades escolares. E no pessimista, não aprenderiam com o ensino remoto.

Pior cenário possível na educação

No pior cenário, os números apontam uma perda equivalente ao retorno ao desempenho brasileiro no Saeb de quatro anos atrás (entre os resultados de 2015 e 2017) em língua portuguesa e de três em matemática (2017), nos anos finais do ensino fundamental. No intermediário, a queda é equivalente ao Saeb de dois anos atrás (2017 e 2019) em ambos os componentes curriculares. Na melhor das situações, a proficiência ficaria estável ou com muito pouco crescimento em relação à edição de 2019.

A simulação mostra ainda que o número de horas dedicadas às atividades não presenciais pode fazer a diferença: no cenário intermediário (aprendizado proporcional às horas dedicadas a atividades escolares), estudantes dos anos finais do fundamental têm uma perda de 34%, enquanto os médio, de 33%. Na situação pessimista (nenhum aprendizado), ambos os ciclos perdem o equivalente a 72% no aprendizado.

“O principal fator que entra no cálculo do cenário pessimista é que muita gente não acessou ou conseguiu acessar (as aulas) com baixa qualidade. Isso pode significar aumento das desigualdades”, afirma o diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann, Daniel de Bonis. “Não há dados em nível municipal, mas, no limite, diria que dentro de cada sala de aula haverá aumento da desigualdade, porque depende da condição de cada família”, completa. 

Tendência e simulações

O retrocesso preocupa. “A proficiência média dos alunos brasileiros vinha numa evolução lenta, mas constante. E essa tendência tem grande chance de se reverter, se estagnar ou ser pior ainda”, avalia o representantes da Fundação Lemann. Uma tendência que resta em cálculos e simulações, já que o principal raio-x da educação nacional, o Censo da Educação Básica, divulgado em janeiro, não revelou o real quadro de 2020.

O Instituto Nacional de Políticas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo material, mudou a data-base do levantamento no ano passado – da tradicional última quarta-feira do mês de maio, passou para 11 de março, imediatamente antes do fechamento das escolas. Com dados que não refletiram o que ocorreu no ano inicial da pandemia, o Inep não respondeu ao Estado de Minas sobre os questionamentos relativos à coleta e divulgação de dados do período escolar durante a pandemia.

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

https://www.msn.com/pt-br 



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