(Arte/Exame)
“Essa aprovação ao lockdown é reflexo do delicado momento de saúde pública que o país atravessa. Na Europa, por exemplo, essa aprovação passa dos 66%. No Brasil, os segmentos mais favoráveis são os mais velhos [57% de quem tem mais de 45 anos], o Norte [63%], e faixas mais altas de renda [60% dos que ganham mais de 5 salários mínimos]”, explica Maurício Moura, fundador do IDEIA.
O lockdown, de fato, nunca foi adotado no Brasil. Ele é caracterizado pelo impedimento de circulação total das pessoas, sendo só permitido o deslocamento em alguns horários específicos e com justificativas plausíveis. Também para de funcionar qualquer tipo de atividade não considerada estritamente essencial. O modelo de confinamento foi amplamente adotado na Europa e na China durante os picos de casos, mortes e de internações.
O mais perto que o Brasil chegou disso é o que foi adotado por alguns estados, como Amazonas, e o Distrito Federal, e em cidades do interior de São Paulo, a exemplo de Araraquara. O estado de São Paulo entra em uma nova fase da quarentena a partir da próxima segunda-feira, 15. Além de só permitir a abertura de serviços essenciais, há um toque de recolher no período noturno, e o teletrabalho é obrigatório para serviços administrativos.
E é justamente por fechar setores da economia que muitas pessoas se preocupam com a determinação de lockdown. A pesquisa EXAME/IDEIA perguntou aos brasileiros como a medida afeta o trabalho.
Entre os entrevistados, 23% dizem que são autônomos e que o lockdown reduz a demanda pelos serviços ou produtos que oferecem. O risco de ser demitido é a principal consequência apontada por 13%, mesma parcela que diz que deve continua trabalhando, mas com redução salarial. A maior parte, 26%, acha que não há mudanças com a adoção de uma restrição mais rígida que afeta os negócios e a circulação.
O medo de ser demitido em consequência do lockdown é maior entre os jovens, de 18 a 24 anos: 16% deles relatam o temor . A percepção de que a medida restritiva não muda em nada o trabalho ou mesmo a renda é maior quanto mais alta a escolaridade. Entre os entrevistados com ensino superior, esta visão é preponderante para 37%.
xame.com/brasil/