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Especial
08/03/2021 00:00:00

164 anos de Dia Internacional da Mulher: evoluímos, mas como estamos?

Colunista Betina Roxo reflete sobre os avanços (ou não) na busca pela equidade de gênero e o mês das mulheres


164 anos de Dia Internacional da Mulher: evoluímos, mas como estamos?

Betina Roxo

Há exatamente um ano, eu fiz esse post no Instagram. E, para surpresa (ou decepção), causou uma grande polêmica. Eu não esperava as reações negativas porque usei dados (ou seja, pura matemática) para mostrar como ainda temos que lutar pela equidade de gênero. Porém, naquele momento, eu e muitas pessoas ficamos indignadas com comentários que iam desde “fake news” – o que é estranho porque contra fatos não há argumentos – até “feminismo é uma doença”.

Não vou mentir que aquilo não me deixou chateada. Por outro lado, vi mais claramente como precisamos sim falar sobre isso, sobre a importância da equidade de gênero, sobre o que é o feminismo, e quebrar muitos paradigmas culturais. Senti que muitas das pessoas que foram “contra” o post não estavam muito próximas do assunto e tinham “aversão” à palavra feminismo por não entenderem o real significado: que nada mais é que a busca por direitos iguais para todes.

E, já que estamos em março, não custa relembrar a importância deste mês para nós, cujo dia 8 foi escolhido para ser o Dia Internacional das Mulheres, seguindo uma série de acontecimentos. Um deles foi em 1857, quando operárias de uma fábrica em Nova York, que recebiam um terço do salário dos homens na mesma função, exigiram a redução da carga horária e o pagamento digno, mas foram trancadas no prédio que foi incendiado e 130 morreram.

Mas, evoluímos muito desde então, não evoluímos?

Sim, evoluímos. Porém, 164 anos se passaram e as mulheres ainda ganham 20% menos que homens atuando na mesma função e cargo, e as mulheres negras ainda estão 50% mais suscetíveis ao desemprego.

Além disso, a pandemia foi um claro exemplo de como as crises econômicas atingem mais a nós. Segundo a ONU Mulheres, isso acontece porque as mulheres tendem a ganhar menos, têm menos economias, estão desproporcionalmente mais inseridas na economia informal, têm menos acesso a proteções sociais, são mais propensas a serem sobrecarregadas com cuidados não remunerados e trabalho doméstico e, portanto, têm que abandonar a força de trabalho e constituem a maioria das famílias monoparentais.

E essa está longe de ser uma luta só das mulheres. Pesquisas mostram que empresas que possuem mais igualdade (isso visto no board, maior alçada na tomada de decisão) apresentam performance acima das empresas que não têm. Países com maior igualdade têm taxas de felicidade muito maiores e potencialmente PIB maior.

Isso porque um ambiente que estimule a liberdade, com atitudes justas e igualitárias, faz com que a produtividade das pessoas aumente e que as empresas sejam mais capazes de reter talentos. Além disso, um ambiente com diversidade ajuda na evolução da cultura da empresa, com pensamentos de diversos pontos de vista na resolução de problemas.

Portanto, temos um caminho longo a percorrer, mas que pode ser cada vez mais florido se mulheres e homens atuarem juntos. Quanto mais presentes estivermos, mais visíveis ficamos. Feliz mês das mulheres!

https://revistaglamour.globo.com/ 

 



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