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16/07/2007 00:00:00

Política


Política

A manobra protelatória adotada na quinta-feira, 12, pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi executada com o objetivo de ganhar tempo para dois usos específicos. Primeiro, o senador pretende decidir com seus advogados se vale a pena entrar com alguma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para diminuir ainda mais o ritmo das apurações.

A segunda necessidade de Renan é a de marcar conversas reservadas com a maioria dos senadores. O político do PMDB de Alagoas acredita que seu caso terminará numa votação secreta em plenário. Nessa hipótese, é necessário dedicar muito tempo em particular com os integrantes do colégio decisório para ter certeza de uma eventual absolvição no escrutínio secreto.

A Folha apurou que Renan considera perdida sua batalha no Conselho de Ética, com a mídia e com a opinião pública. Enxerga como uma única saída possível o anonimato confortável de seus apoiadores no voto secreto, em plenário.

Ganhar tempo

Por essa razão o tempo continua sendo, no entender do alagoano, o seu aliado viável neste momento. O presidente do Senado contabiliza no seu cálculo o desgaste por decisões como as de quinta - ao postergar para terça-feira uma reunião da Mesa Diretora da Casa.

Renan considera a relação custo-benefício favorável para ele na manobra. O desgaste pela protelação deteriora sua imagem, mas um encaminhamento rápido do seu processo ao plenário resultaria apenas em uma condenação certa.

Por isso cada semana de atraso no processo é uma semana a mais para o político alagoano sentar na cadeira de comando do Senado e fazer política.

Opções

Até terça-feira Renan continuará a conversar com seus colegas senadores de maneira individual. Mas ele também estudará três opções estratégicas nos próximos dias:

1) esvaziar o quórum da reunião da Mesa Diretora. Para haver reunião é necessário que estejam presentes pelo menos quatro dos sete integrantes dessa instância;

2) recorrer ao Supremo Tribunal Federal para impedir a Mesa Diretora do Senado de requerer à Polícia Federal a perícia na documentação contábil das operações comerciais de seu rebanho;

3) deixar a reunião da Mesa Diretora encaminhar o pedido de perícia à Polícia Federal para só então recorrer ao Supremo tentando impedir esse procedimento.

O recurso ao STF ainda não é uma decisão certa de Renan. Ele vem sendo aconselhado por alguns amigos da área jurídica a não escolher esse caminho. Uma derrota no Supremo apenas agravaria mais a situação.

Embora pareça desnorteado e um pouco avoado quando aparece em público, Renan tem tomado todas as suas decisões de maneira muito refletida nos últimos dias --diferentemente de suas atitudes no princípio da crise, no final de maio, período em que cometeu vários erros táticos e políticos.

Confronto

No contato com jornalistas, o presidente do Senado já chegou a hostilizar repórteres da Folha e da TV Globo. Acredita que alguns meios de comunicação se comportam como se fossem adversários --devem, então, ser combatidos.

Na semana passada, outro exemplo de atitude deliberadamente ofensiva se deu quando endureceu o discurso durante uma alteração mantida com o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). Renan fez um gesto calculado. Emitiu um recado forte e ambíguo aos senadores ao pronunciar a frase "vão ter de "sujar as mãos".

É que Renan já considerava irremediavelmente perdido o voto de Virgílio. Usou-o então como "sparing" para dar uma demonstração de força porque no dia seguinte, quarta-feira, teria de emitir um sinal inverso ao não aparecer na sessão conjunta do Congresso Nacional --na qual foi votada a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Ou seja, ele quis demonstrar coragem num dia para não ser acusado de covardia num momento posterior.

Fonte: Folha Online



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