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Economia
23/11/2020 20:00:00

Como se preparar para a incerteza de uma recessão

Embora não exista solução simples e rápida para essas incertezas, há atitudes que podem aliviar o fardo.


Como se preparar para a incerteza de uma recessão

As notícias de que o Reino Unido vai entrar na mais profunda recessão já registrada enchem de terror até os mais fortes.

Quem passou pela recessão de 2008, ou de outras crises econômicas, deve estar se lembrando daquela época, temendo o que os próximos meses e anos nos reservam. É hora de sermos gentis conosco e não esquecer: estamos todos juntos nessa.

É normal sentir ansiedade – recessões econômicas afetam diretamente nossas vidas, explica a psicoterapeuta Yuko Nippoda, porta-voz do UK Council for Psychotherapy. “Alguns podem ficar desempregados, e numa recessão é mais difícil encontrar uma nova colocação. Além disso, aumentos são raros, e pode haver aumento da desigualdade”, afirma ela. “São muitas coisas negativas acontecendo ao mesmo tempo.”

“Para algumas pessoas, é questão de vida ou morte. É natural sentir ansiedade em relação ao futuro, ou até mesmo perder as esperanças.”

Embora não exista solução simples e rápida para essas incertezas, existem várias técnicas que podem aliviar o fardo.

O que fazer se estiver me sentindo ansioso?

Nippoda afirma que é importante acompanhar fontes confiáveis de notícias. “Há muita informação circulando por aí, e muita coisa imprecisa”, afirma ela. “Quando sentimos ansiedade, temos a tendência de procurar alguma forma de nos tranquilizar, e isso pode tomar a forma de informações que queremos ouvir. Mas temos de tomar muito cuidado com coisas aleatórias que lemos na internet, pois se acreditarmos em fake news nossa vida seria uma catástrofe.”

A psicoterapeuta Rakhi Chand, integrante da British Association for Counselling and Psychotherapy, concorda: “Evitar consumir notícias demais ajuda”. Limite as notificações no seu telefone e o tempo que você passa nas redes sociais.

Uma ideia é separar cinco minutos para colocar no papel que tipo de informação você precisa – e aí procurar reportagens e artigos de especialistas confiáveis, sugere Nippoda. “Aí você entenderá melhor os detalhes e as tendências e estará mais preparado para lidar com a situação”, afirma ela.

Outras técnicas recomendadas por Chand incluem: fazer atividades físicas regularmente, cuidar da qualidade do sono, alimentar-se de forma equilibrada e prestar atenção nos sinais emitidos pelo seu organismo para saber quando é hora de cuidar de si mesmo. Tudo isso vai fazer de você uma pessoa mais resiliente.

“Ser capaz de dizer ‘não’ para o que não queremos também é vital para a resiliência”, diz Chand. Isso é importante – se você está constantemente preocupado com dinheiro e não consegue recusar convites para eventos sociais ou programas que estão fora do seu orçamento, seu nível de preocupação só vai aumentar.

As finanças têm um papel muito importante em nossa saúde mental – e isso é especialmente verdadeiro para quem sofre de alguma doença mental. Uma pesquisa com cerca de 5.500 pessoas que afirmam ter algum tipo de doença mental indicou que 86% delas relatam uma relação direta entre saúde mental e situação financeira.

As pessoas que sofreram na última recessão podem sentir-se ainda mais pressionadas – especialmente se a crise de 2008 foi traumática. Se este é o caso, lembre que você sobreviveu, diz Nippoda. Todos têm energia de reserva para atravessar períodos de crise, diz a especialista.

“É importante lembrar das coisas positivas que você fez e usá-las como um recurso para experiências futuras”, afirma Nippoda. “Isso pode ser uma fonte de esperança.”

“Faça o possível para se preparar e tente não se preocupar com o que está fora de seu controle”, acrescenta Chand. “Não é nada fácil, mas tente. Mantenha-se no momento presente – preocupe-se com o curto prazo e evite pensar muito lá na frente, se possível.”

Atividades como ler, encontrar amigos, caminhar e ouvir música ajudam a manter-se firmemente no momento.

 
 

Estou muito preocupado com minha reação

Um estudo sobre a crise de 2008-2013 feito pela Universidade de Bristol sugere que recessões podem levar a um aumento de doenças mentais, suicídios e comportamentos suicidas. As maiores fontes de estresse são perda do emprego, dificuldades financeiras, perda da casa e problemas no relacionamento.

Existe uma diferença grande entre sentir-se um pouco ansioso em relação ao futuro e ter pensamentos suicidas causados por uma absoluta desesperança. Se você estiver dominado por pensamentos negativos, procure ajuda – seja de uma pessoa de confiança ou de um especialista.

Conversar com outras pessoas sobre seus sentimentos pode ser um alívio, especialmente se não houver uma solução à vista.

Maria Elisa Moreira, psicóloga e professora do Insper, que trabalha com projetos ligados à formação de equipes e lideranças, afirma que é importante sempre gastar menos do que se ganha e tentar economizar alguma coisa. Mas, se a situação financeira já está difícil, o ideal é ter uma relação de transparência com si mesmo e com a família.

“Muitas vezes o que demanda a ansiedade da pessoa não é a pandemia em si, é o financeiro. Quando eu cuido da minha saúde financeira, eu não tenho insônia, eu vou poder comprar uma comida gostosa que me faz feliz e cuidar da minha saúde física”.

Se você precisa de ajuda para cuidar das finanças pessoais, deve procurar um profissional especializado para uma orientação individualizada. Antes, pode buscar informações online. A Fundação Getulio Vargas oferece diversos cursos gratuitos de educação financeira, entre eles estão Como Gastar Conscientemente e Como organizar o orçamento familiarPara participar basta se inscrever e assistir às aulas.

Se você é um dos milhões de brasileiros que está empreendendo, por vontade ou por necessidade, também pode buscar ajuda para sua empresa no Sebrae, que oferece cursos gratuitos e orientações para micro e pequenas empresas. Saiba mais neste link.

Caso sua necessidade seja para cuidar da saúde mental, talvez seja o momento de procurar ajuda profissional. O Instituto Vita Alere, que trabalha com a promoção da saúde mental e prevenção ao suicídio, criou o mapa da saúde mental, onde é possível encontrar serviços públicos de atendimento psicológico gratuito ou de baixo custo em todo o Brasil. Além de serviços de acolhimento e atendimento realizados por ONGs, instituições filantrópicas e clínicas escola. Saiba mais neste link.

Se você precisar de ajuda agora, peça ajuda. O CVV atende por telefone, chat, e-mail e carta. Ligue para o número 188. Ele é gratuito, funciona de qualquer celular ou número fixo.

Você também pode conversar por escrito, por chat ou por e-mail. Veja os caminhos no site cvv.org.br. Se o seu atendimento não for urgente, você pode enviar uma carta para um posto de atendimento, veja o endereço da sua cidade neste link.

Todos os atendimentos acontecem 24 horas por dia, 7 dias por semana, e são feitos de forma anônima, você não precisa nem falar seu nome para os voluntários caso não queira.

*Este texto foi originalmente publicado no HuffPost UK e traduzido do inglês.



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