A espera pelo resultado foi grande e finalmente a lista saiu. Seu nome está nela. O problema é que não no curso que você tanto sonhou, mas na segunda opção. Muitos candidatos são aprovados dessa forma e enfrentam o dilema: fazer o curso, e até tentar transferência, ou não se matricular e estudar mais um ano pelo que realmente queria?
Conversamos com o coordenador do Curso Poliedro, Pedro Oscar Lorencini Júnior, e com JP Ferreira, diretor pedagógico da Oficina do Estudante, para te dar algumas dicas caso você esteja nessa situação.
Para Lorencini, é importante se perguntar algumas coisas: a área escolhida realmente te agrada? Consegue se imaginar trabalhando com isso? Está feliz com a aprovação? Você se imagina aprofundando os estudos nesse curso? “Se a resposta para a maioria das perguntas for ‘não’ é o indício que a pessoa deve fazer mais um ano de cursinho para alcançar a aprovação na primeira opção”, diz.
Ferreira explica que, infelizmente, não existe uma regra geral determinante para se tomar essa decisão. Cada caso é um caso, mas todos devem colocar em primeiro plano qual o real sonho. “Entrar na faculdade simplesmente por entrar, em um curso que não é o seu desejo ou que você não tenha as habilidades necessárias para cursá-lo, é um passo para uma vida estudantil e profissional frustrante”, explica.
Em alguns casos, entretanto, essa escolha não será possível, pois a necessidade do prosseguimento dos estudos será preponderante ao sonho da pessoa. Por isso, faça uma avaliação da sua estrutura pessoal, levando em conta aspectos emocionais, financeiros e familiares, por exemplo.
A vantagem de continuar estudando para a primeira opção, segundo Lorencini, é ainda estar no ritmo, focado, capaz de rever os seus pontos fracos e fortes de acordo com os seus resultados do vestibular e montar um cronograma de estudo mais adaptado com o perfil de cada candidato.
Já para Ferreira, a principal vantagem é abrir mais uma possibilidade de se alcançar seu real objetivo, seu sonho. “Ser perseverante, enfrentar os obstáculos, ter resiliência e aprender com as frustrações são realidades que uma pessoa irá viver em muitas situações de sua vida. A conquista, quando ela vier, será ainda mais valorizada”, diz.
Para ele, muitas vezes o que o estudante precisa é respeitar o seu tempo de preparação: nem todo mundo entra na primeira ou segunda vez que presta vestibular.
Mas optar por esse caminho também tem suas desvantagens. Emocionalmente, pode ser bastante complicado lidar com a frustração de passar mais um ano como um pré-vestibulando.
“A sensação de derrota, de não conseguir alcançar seu objetivo, de duvidar de sua capacidade, são sentimentos que virão à tona e é preciso lidar com essas sensações negativas”, explica Ferreira. A pressão pela aprovação imediata, feita por si mesmo, por familiares ou até por um contexto socioeconômico, também é um fator complicador. “Mas, quase sempre, prosseguir nos estudos é o melhor caminho”, completa.
“As vantagens de cursar a segunda opção se encontram no conhecimento de um novo universo acadêmico no qual o candidato não havia pensado anteriormente, colocando-o em uma nova realidade e abrindo opções que poderão melhor explorar o seu potencial profissional”, afirma Lorencini.
Entrar na universidade, viver um novo mundo, que lhe abre outras portas e lhe proporciona um maior amadurecimento é algo desafiador. “Uma vez dentro da faculdade, muitos alunos descobrem outros interesses acadêmicos e profissionais e, de repente, a pessoa compreende que a primeira opção de curso não era a única coisa que lhe agradaria”, diz Ferreira.
Ele explica que muitos alunos passam pela vida escolar sem uma boa orientação vocacional e acabam descobrindo, na própria faculdade, outras habilidades e interesses, que podem estar de acordo com a segunda opção de curso, e não necessariamente com a primeira.