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Geral
13/01/2019 11:00:00

Por que nossos jovens se automutilam?


Por que nossos jovens se automutilam?
Ilustração

“Por fora eu estou em chamas e por dentro sou apenas um vazio. Não posso me cortar, mas preciso que alguma coisa seja tirada de mim, preciso de alívio.”

As palavras são de Charlotte Davis, 17 anos, protagonista do livro Garota em Pedaços(Editora Planeta, 2017), escrito pela norte-americana Kathleen Glasgow. Mas bem poderiam pertencer aos muitos jovens que se cortam, se queimam e se furam para dar vazão a uma dor sem nome e sem endereço. Ficam as cicatrizes onde antes transbordava a angústia. 

A prática da automutilação, também conhecida como cutting, preocupa pais, familiares, amigos e educadores. A maior prevalência ocorre entre a pré-adolescência e a idade do adulto jovem, ou seja, dos 12 aos 30 anos, informa o psicólogo e especialista em tanatologia Carlos Henrique de Aragão Neto ao CVV (Centro de Valorização da Vida). Nos EUA, estima-se que uma a cada 200 garotas entre 13 e 19 anos se automutile, conforme dados trazidos pela autora Kathleen Glasgow. Ainda assim, o mapeamento do cutting não inclui os casos que não são notificados aos sistemas de saúde, o que pode indicar uma incidência ainda maior. É um assunto tão marginal nos relatórios e nas informações disponíveis quanto nas conversas.

De fato o tema é árido e a palavra, automutilação, carregada de peso. Sua existência evidencia o esgotamento das explicações racionais - afinal, por que alguém iria provocar dor física em si mesmo como maneira de lidar com outra dor? - e aponta para uma série de complexidades e ambivalências, tipicamente encontradas no período de transição do mundo infantil para o adulto.

“A automutilação está vinculada a angústias incontornáveis, onde o corte cristaliza, dá uma realidade a algo que é um sofrimento abstrato. O corte faz uma inscrição de algo sem registro. Há uma falha discursiva que apela ao real do corpo”, explicam ao HuffPost Brasil os psicanalistas Diana e Mário Corso, autores do livro Adolescência em Cartaz: Filmes e Psicanálise para Entendê-la (Artmed, 2018).

https://www.huffpostbrasil.com 



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