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Comportamento
04/10/2018 08:02:00

Acredite: os jovens estão mais cuidadosos no trânsito


Acredite: os jovens estão mais cuidadosos no trânsito
Ilustração

Aquele estereótipo do jovem inconsequente ao volante parece estar se tornando cada vez mais defasado. Uma pesquisa feita no ano passado, pela concessionária de rodovias Arteris, que ouviu mais de mil adolescentes entre 12 e 17 anos em todas as regiões do Brasil, mostra que as novas gerações estão ficando cada vez mais conscientes quando o assunto é segurança no trânsito.

A cada dez entrevistados, nove contaram não terem participado de acidentes de trânsito nos últimos 12 meses, como passageiros ou pedestres. Eles apontam a combinação entre direção e álcool (70,6%), o uso do telefone celular por motoristas e pedestres (53,7%) e o excesso dos limites de velocidade (53,7%) como os principais vilões do trânsito. Os dados representam uma tomada de consciência em relação a muitos dos perigos que circulam por ruas, avenidas e rodovias.

No que diz respeito à bebida, os números parecem mostrar uma mudança de mentalidade. A PUC do Rio Grande do Sul, em parceria com a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, pesquisou os hábitos de 450 adultos entre 18 e 34 anos em Porto Alegre. O resultado mostrou que quase 80% deles são totalmente favoráveis à política de tolerância zero ao consumo de álcool por parte dos motoristas.

"Eles estão mais abertos às mudanças. Se falarmos a linguagem certa, os jovens são os primeiros a aderirem. A gente se tranquiliza ao saber que as novas gerações estão mudando a mentalidade. O jovem no volante está mais consciente sim, mas ainda há muito para se fazer", afirmou Diza Gonzaga, presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, em entrevista ao Huff.

Diza acompanha essas transformações há mais de 20 anos. Em 1995, ela perdeu o filho Thiago, então com 18 anos, em um acidente de carro. No ano seguinte, Diza criou a fundação que leva o nome do rapaz.

Ela destaca medidas executadas pelo Estado que contribuíram para estimular a prudência. Uma delas foi a determinação do Código de Trânsito Brasileiro (1998) que dá apenas uma concessão (a chamada carteira provisória) e não uma habilitação para os novos motoristas. Durante o período de um ano, a atenção do motorista deve ser redobrada, pois, se ele cometer infrações graves ou gravíssimas, terá o direito de dirigir cassado. "Antigamente, os motoristas cometiam mais infrações justamente nos dois primeiros anos ao volante", lembra.

Quando promulgado, o Código de Trânsito Brasileiro ainda não contemplava o uso de telefones celulares ao volante, já que eram poucos os cidadãos que tinham o aparelho naquela época e a dependência não era tão forte como atualmente. A lei foi atualizada e estabelece multa para quem usa o telefone enquanto dirige, já que, como mostra a pesquisa da Arteris, smartphones nas mãos de motoristas então entre as principais preocupações quando o assunto é segurança no trânsito.

Inovação torna o celular um aliado do motorista

No entanto, como destacou Diza, o tipo de abordagem pode virar o jogo no diálogo com os jovens condutores. Empresas que conhecem bem o mercado automobilístico estão apostando em soluções que transformem o celular em um aliado na educação no trânsito. Uma dessas ideias é o aplicativo T+G (Trânsito+gentil), da seguradora Porto Seguro. Lançado em junho, ele dá até 35% de desconto na contratação ou renovação do Porto Seguro Auto Jovem, um seguro criado exclusivamente para atender as necessidades de motoristas com idade entre 18 e 24 anos.

A bonificação vem de um sistema de pontos atribuídos ao usuário que baixa o app. Ele avalia cinco variáveis diferentes no comportamento do motorista ao dirigir: velocidade, aceleração, curvas, frenagem e uso do próprio celular enquanto dirige. A partir dessa avaliação, o usuário é pontuado e, quanto mais seguro é o estilo de condução, mais bonificações ele recebe. Quem procura se reciclar, por meio dos cursos disponibilizados no próprio app, também ganha descontos, assim como os motoristas que não acumulam pontos na carteira.

A ideia é também dar um retorno educativo ao próprio motorista para que, a partir de dados lidos pelo aplicativo, ele saiba como dirigiu, onde errou e como pode melhorar seu desempenho. A dinâmica de "gamificação" pretende engajar o jovem condutor, apontando novas utilidades para o smartphone, sem que ele precise dividir a direção com a telinha. "A tecnologia veio para ajudar. Descontos são sempre boas iniciativas. É preciso premiar o bom motorista e não apenas punir o mau condutor", resume Diza.



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