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Especial
29/09/2018 08:06:00

Gatos não são bons predadores de ratos, diz pesquisa


Gatos não são bons predadores de ratos, diz pesquisa
Ilustração

Revista Galileu

Pesquisadores apontam que, ao contrário da opinião popular, os gatos não são bons predadores de ratos – e não foi assistindo Tom e Jerry que eles chegaram a essa conclusão.

Em um estudo, eles monitoraram o comportamento e o movimento de roedores que tinham chips nos seus organismos e felinos selvagens que viviam em uma mesma área de Nova York, nos Estados Unidos. A análise apontou que os ratos evitavam os gatos e, em 79 dias, apenas duas mortes de roedores foram registradas.

Publicada como parte de uma "edição especial de roedores" na revista Frontiers in Ecology and Evolution, a descoberta acrescenta evidências de que o uso de felinos para controlar a população de ratos é compensado pela ameaça que os gatos representam para pássaros e outros animais.

"Como qualquer presa, os ratos superestimam os riscos de predação. Na presença de gatos, eles ajustam seu comportamento para tornarem-se menos aparentes e passam mais tempo em tocas", disse Michael H. Parsons, professor na Universidade de Fordham, nos EUA. "Isso levanta questões sobre se liberar gatos na cidade para controlar ratos vale os riscos que os felinos representam para a vida selvagem urbana."

Pesquisadores da Austrália e dos EUA afirmam que os gatos preferem presas menores e indefesas, como pássaros e pequenos bichos. "Os nova-iorquinos costumam dizer que seus ratos não têm medo de nada e são do 'tamanho de um gato'", comentou Parsons. "No entanto, os gatos geralmente são liberados para controlar os ratos".

Segundo Michael A. Deutsch, da Arrow Exterminating Company Inc., empresa de exterminação de pragas, não há levantamentos sobre a morte de ratos que foram causadas por felinos em Nova York. "Mas os dados têm sido muito claros quanto ao efeito dos gatos na vida selvagem nativa", falou.

Quando felinos selvagens invadiram um centro de reciclagem de resíduos de Nova York, os pesquisadores aproveitaram a oportunidade para fazer um registro, monitorando as câmeras de vídeo do local. "Queríamos saber se o número de gatos influenciaria o número de ratos e vice-versa", explicou Parsons. "Também estávamos interessados ??em saber se a presença de gatos teve algum efeito sobre o comportamento dos ratos ou seus movimentos."

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Os especialistas examinaram 306 vídeos captados durante 79 dias. Apenas 20 ocorrências de perseguição, três tentativas de morte e duas mortes sucedidas foram registradas. Ambos os óbitos aconteceram quando os gatos encontraram roedores escondidos; a terceira tentativa foi uma perseguição a céu aberto, na qual o felino perdeu o interesse.

Os vídeos também revelaram que, na presença de gatos, os ratos passaram menos tempo a céu aberto e mais tempo em abrigos. "A presença de gatos resultou em menos observações de ratos no mesmo dia ou no dia seguinte, enquanto a presença de seres humanos não afetou os roedores", declarou Parsons.

De acordo com o pesquisador, ele e a equipe já esperavam uma baixa taxa de predação nos ratos. "Nós já sabíamos que o peso médio dos ratos era de 330g, muito mais do que um pássaro típico de 15g ou 30g. Nosso estudo confirmou isso", afirmou. "As pessoas encontram menos ratos e presumem que é porque os gatos os mataram. Mas, na verdade, os ratos mudaram seu comportamento."

"Não estamos dizendo que os gatos não vão caçar ratos da cidade, mas sim que as condições devem estar certas para que isso aconteça", acrescentou Deutsch, da Arrow Exterminating Company Inc. "O gato deve estar com fome e não pode haver uma fonte alternativa de alimento menos arriscada."



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