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Especial
06/08/2018 18:30:00

Campanha quer elevar número de crianças alimentadas com leite materno em Alagoas


Campanha quer elevar número de crianças alimentadas com leite materno em Alagoas
Ilustração

Responsável por suprir os primeiros seis meses de vida de um ser humano, o leite materno é rico em nutrientes e proteínas, além de combater diversas doenças e até a mortalidade infantil. 

No entanto, apesar dos benefícios, não são todas as crianças que recebem a amamentação exclusiva. É o que afirma o Ministério da Saúde (MS), que nesse mês de agosto lançou mais uma campanha de aleitamento materno.

Com o slogan "Amamentação é a Base da Vida", a campanha, em alusão à Semana Mundial da Amamentação (1° a 7 de agosto), reforça a importância do leite materno para o desenvolvimento das crianças com até dois anos de idade e exclusivo até os seis meses de vida, orientação preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Entretanto, dados publicados pela entidade mostraram que apenas 38% das crianças no mundo se alimentaram exclusivamente de leite materno nos seis primeiros meses de vida. A intenção é que até 2025 esse número chegue a, pelo menos, 50%.

De acordo com a nutricionista materno-infantil, Janine Aragão, é preciso incentivar o ato da amamentação. "O leite materno é o alimento mais completo que existe. Ele é composto por nutrientes essenciais para a saúde do bebê, além de colaborar com a formação do sistema imunológico. A criança vai receber a proteção variável contra doenças infecciosas e um vínculo de amor também será estabelecido entre a mãe e o seu filho", afirmou.

Ainda segundo a nutricionista, outros benefícios são atribuídos à criança que recebe o alimento. "Quem amamenta está ajudando no desenvolvimento da arcada dentária de seus filhos, na reparação do intestino e na prevenção de anemia que, em recém-nascidos, a falta de ferro é o principal fator do aparecimento da doença", assegurou.

Sobre a saúde da mãe, estudos publicados apontam que a amamentação reduz os riscos da mulher desenvolver, no futuro, câncer de mama e ovário, além de ajudar na perda de peso e acelerar a recuperação após o parto. Isso porque o hormônio ocitocina, que o corpo feminino produz durante a amamentação, faz com que o útero volte ao seu tamanho normal mais rapidamente.

Em contrapartida, há mulheres que não conseguem amamentar os seus filhos. De acordo com Janine Aragão, a principal dificuldade se deve ao mamilo invertido, em que a criança tem dificuldade de sugar o leite de forma correta. 

"A mãe que apresenta mamilos planos ou invertidos deve tomar as seguintes medidas para conseguir amamentar com sucesso: ordenhar seu leite enquanto o bebê não sugar efetivamente, para manter a produção do líquido, deixar as mamas macias, para facilitar a pega, estimular manualmente o mamilo e excepcionalmente lançar mão dos intermediários de silicone, quando todas as tentativas de fazer a criança sugar na mama se mostrarem ineficientes", pontuou.

Ela também ressalta que a mastite, infecção dolorosa do tecido mamário, impede que o aleitamento materno seja feito de forma prazerosa. E, por isso, alerta: "As mães que possuem dificuldades de amamentar devem buscar uma rede de apoio que entenda o processo do aleitamento materno e esteja disposta a ajudá-las. Elas também devem pedir auxílio ao profissional de saúde capacitado que possa orientá-la quanto ao tratamento".

"SEMPRE QUIS AMAMENTAR"


A estudante Drielle Araújo, de 21 anos, é mãe da pequena Ana Luísa, de 1 ano e um mês. Em entrevista à Gazetaweb, ela contou que, apesar das dificuldades nos primeiros dias de amamentação, nunca exitou em procurar outro meio que suprisse o leite materno. 

"Sempre quis amamentar. No começo, Luísa custou para pegar a mama, mas logo se familiarizou e os seus primeiros meses foi à base do leite materno", lembrou. 

Ainda segundo Drielle Araújo, a pequena Luísa mama até os dias de hoje, mas em uma quantidade reduzida. "Por ela ter uma idade que já pode ingerir alimentos, costumo, além do leite, alimentá-la com frutas, papinhas e sucos. Hoje, ela já almoça e janta e, por isso, o número de mamadas diminuiu bastante. Ela só me procura umas três vezes ao longo do dia", disse. 

Sobre a substituição do leite materno por comidas, Janine Aragão ressalta: "Com a evolução da criança, o aleitamento passa a se encaixar na nova rotina de alimentação dela. Assim, os alimentos sólidos ganham vez e são bastantes explorados. Contudo, é importante manter a alimentação com o líquido após os seis primeiros meses de vida, pois o leite é a principal fonte energética de um ser humano".

Ciente dos benefícios que a amamentação traz para a saúde de uma criança, Drielle Araújo contou que pretende estender o leite materno na vida de sua filha por mais alguns meses. 

"Apesar de me privar de muitas coisas, pretendo amamentar a Luísa até os seus dois anos de idade. Nunca recebi orientações médicas, mas sei a importância e os benefícios do alimento. Todas as mães devem amamentar, pois é através da amamentação que os nossos filhos estão, na maioria das vezes, 90% imunes de doenças", analisou. 

BAIXO ESTOQUE DE LEITE EM MACEIÓ

A doação de leite materno pode salvar bebês internados em centros de tratamento intensivo neonatal. Mas, a falta de doadoras tem preocupado os responsáveis por bancos de leite em Maceió.

Procurada pela reportagem, a assessoria da maternidade Santa Mônica, que é referência no atendimento a gestantes de alto risco no estado, informou que o ideal seriam seis litros de leite por dia para os bebês internados. Mas, o estoque não passa dos dois litros diários. Mesmo com a possibilidade do leite ser recolhido na casa das doadoras, o número é muito abaixo do esperado.

A coordenadora do banco da maternidade, Andréa Pinheiro, contou que muitos recém-nascidos internados na Santa Mônica só têm acesso ao leite materno através do banco. "Ele é importante para todos os bebês, mas para o prematuro é fundamental", alertou.

Andréa também informou que o hospital recebe doações de mulheres que estão internadas e outras que procuram a maternidade. "Tentamos explicar que a doação do leite que está em excesso, além de salvar a vida de um bebê, ajuda a mãe, porque se ela não retirar o leite pode ter problemas e até uma infecção", falou.

Para doar, a orientação é que sejam mulheres saudáveis e que tenham feito o pré-natal. "Se a mulher não tiver os exames, nós fazemos a solicitação e ela pode fazer no hospital", explicou Andréa Pinheiro.

Ainda à Gazetaweb, ela destacou que o leite materno doado aos bancos de leite passa por uma preparação antes de ser oferecido ao bebê, para garantir a qualidade do alimento.

"Algumas mulheres quando estão amamentando produzem um volume de leite além da necessidade do bebê, o que possibilita que sejam doadoras. Assim, o leite recolhido é pasteurizado - processo de esterilização de alimentos - e dura aproximadamente até três meses no freezer".

SERVIÇO

Para se tornar doadora, as mulheres com excesso de leite podem procurar a Santa Mônica, localizada na Avenida Comendador Leão, no bairro do Poço, ou ligar para o número (82) 3315.4434. Também pode doar no Hospital Universitário, na BR-104, ao lado da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) ou ligar para (82) 3202-3945.



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