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Especial
24/07/2018 07:38:00

E não morre mesmo


E não morre mesmo
Dr. Marco Mota

Dia comum de consultório. Inicio de trabalho. Entram paraconsulta dois antigos clientes pelos quais nutro um sentimento de antiga de amizade (um é escritor). Como nada acontece de repente e sem motivo aparente, hoje é o dia da amizade.

 A paciente coloca sobre a minha mesa um livro, que de início não reconheci porque mudou o formato e a diagramação, mas ao percorrer o título, mesmo de cabeça para baixo, pude perceber que se tratava daquele livro escrito por um especial amigo - Marco Aurélio Dias da Silva - intitulado: Quem ama não adoece.

 Alguma coisa se passou pela minha cabeça. Foi como se estivesse recebendo o abraço do amigo no dia da amizade. Em seguida outro recado: a visita de um amigo escritor. Já gostei muito de escrever, mas sem espaço para publicar as besteiras que escrevia fui me desinteressando.

 Perguntei se a cliente tinha alguma ideia de quem era o autordo livro que estava lendo? Ela me respondeu que não. Então ousei contar um pouco da história do homem que muito amou e morreu,

Lembrei-me do nosso último encontro em Maceió, uns doismeses antes de sua partida. Em seguida, lembrei-me também de algo que havia escrito para ele quinze dias depois de sua partida.

 Fui no Google e busquei o escrito. La estava, e inclusive com uma foto dele. Sua presença então se tornou ainda mais radiosa naquele momento. Emocionei-me e chorei. A cliente não entendeu bem o que estava acontecendo, mas paciência, tem momentos que não dá para segurar a emoção.

Contei-lhe a história e li a prosa escrita aquela época. O grande contraste era o paradoxo com o título. Havia escrito que “quem ama também morre”. Ao continuar a leitura do que havia posto e estava esquecido, fiquei curioso com o desfecho que teria finalizado o meu texto. Será que ia contradizer o autor de “quem ama não adoece”?

Para minha felicidade eu percebi que minha prosa terminava assim: quem ama também adoece, mas não morre. Estava coberto de razão. Para aquela senhora que se deliciava com o escrito de Marco Aurélio ele estava bem vivo. Ficou surpresa quando lhe falei que ele havia partido (devia ter omitido), porque para ela ele estava bem vivo.

Quem ama adoece, mas não morre. O amor do qual o Marco trata(va) naquele livro não se esgota com a morte. Amor que é transmutado para seus ainda leitores. E felizes daqueles que descobrem essa obra prima da literatura humanista.

Meu amigo, sua visita me fez voltar a escrever um texto depois de mais de oito anos afastado dessa lida.

Vou repartir com alguns poucos amigos, que certamente entenderão o valor desse encontro que acabo de narrar.

Marco Mota
Principal Investigador
Centro de Pesquisas Clínicas Cesmac / Hospital do Coração de Alagoas
LATTES:http://lattes.cnpq.br/9455157848941046

Dr. Marco Mota É médico cardiologista



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