“Muitos esportistas com potencial são desperdiçados todos os dias por causa do abuso sexual”, afirma a nadadora Joanna Maranhão. Ela foi abusada pelo treinador de natação quando tinha 9 anos. Hoje, se engaja na luta para ajudar crianças a entenderem o que são e como acontecem os abusos. “É praticamente impossível para uma criança contar a um adulto que foi abusada. Como ela vai falar de uma coisa que nem sabe o que é?”.
Promover a integração social, estimular o desenvolvimento físico e mental, cultivar uma vida saudável e, por que não, buscar o sonho de se tornar um ídolo nacional. Essa é a ideia que muitos pais têm ao incentivar os filhos a se dedicarem cada vez mais cedo à prática de um esporte. No entanto, a rotina de jovens atletas esconde uma faceta sombria que tem comprometido a revelação de talentos no Brasil. Em torno da iniciação esportiva, gira uma rede de abusadores de crianças e adolescentes, que se aproveita da falta de regulamentação e protocolos preventivos em clubes formadores.
Para Joanna Maranhão, o sistema que administra clubes, escolinhas e centros de treinamento não passa confiança às vítimas, fazendo com elas hesitem em denunciar agressores. “Não podemos presumir que todo treinador represente um risco, mas, onde tem criança, tem pedófilo. No esporte, o abusador geralmente exerce uma posição de poder sobre o atleta. E isso é determinante para reprimir a exposição dos abusos sexuais.”
el país