06/07/2024 20:48:45

Economia
09/04/2018 12:56:00

Prejuízo bilionário levou a pressão por saída de Diniz do comando na BRF


Prejuízo bilionário levou a pressão por saída de Diniz do comando na BRF

A BRF, a dona das marcas Sadia e Perdigão, anunciou a indicação do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan para substituir a Abilio Diniz como presidente do Conselho de Administração da gigante de alimentos, de acordo com fato relevante enviado pela empresa aos acionistas na sexta-feira (6). Diniz está na presidência do colegiado desde abril de 2013.

A possível saída do empresário do conselho havia sido noticiada pelo jornal Valor Econômico em meio a pressão de acionistas insatisfeitos pela sequência de prejuízos e dúvidas sobre a capacidade da companhia retomar a rentabilidade em meio ao elevado endividamento.

A BRF já havia convocado uma assembleia de acionistas extraordinária, em 26 de abril, para decidir pela eventual troca do conselho de administração da empresa.

Os fundos de pensão Previ e Petros, sócios da BRF, defendem desde fevereiro a destituição de todos os membros do Conselho de Administração. O novo colegiado deve ser eleito em assembleia de acionistas marcada para 26 de abril.

A Petros é o maior acionista da BRF, com 11,41% do capital da empresa, enquanto a Previ tem 10,66% da fatia. Já a Tarpon, fundo que apoiou a indicação de Abilio ao conselho da BRF, é dono de 7,26% da empresa. Abilio adquiriu em 2013 cerca de 4% da BRF, após ser colocado à frente do conselho.

Maior exportadora global de carne de frango, a BRF possui mais de 50 fábricas em 8 países e atua em mais de 150 países. O portfólio de produtos da companhia reúne mais de 30 marcas, incluindo, além de Sadia e Perdigão, bandeiras como Qualy, Paty, Dánica, Bocatti e Vienissima.

Composição acionária da BRF
Veja quem são os principais acionistas da empresa e qual sua participação, em %
Petros: 11,41Previ: 10,66Tarpon: 7,26Standard Life Aberdeen: 5,02Conselho de Administração: 5,07Diretoria: 0,02ADR (ações na bolsa americana): 9,63Ações em tesouraria: 0,16Outros: 55,77
 
Outros
55,77
Fonte: BRF

Entenda a crise

No dia 25 de fevereiro, a Petros (fundo de pensão da Petrobras), em conjunto com outros acionistas da BRF, pediu a convocação de uma assembleia geral extraordinária para votar a destituição de todos os membros do conselho de administração. Em seguida, apresentaram uma chapa com 10 nomes para concorrer ao conselho de administração da empresa.

Na ocasião, Diniz criticou a postura dos fundos de pensão, afirmando que "não houve espaço para o diálogo. Em meio à crise aberta pela insatisfação dos planos pensão, o vice-presidente de operações globais, Hélio Rubens Mendes dos Santos Junior, renunciou ao cargo no dia 26 de fevereiro.

O que mais preocupa os acionistas é a sequência de prejuízos e o aumento do endividamento.

A BRF fechou 2017 com prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão, após já ter registrado perdas de R$ 372 milhões em 2016. Somente as perdas decorrentes das investigações da Carne Fraca somaram R$ 363 milhões no ano passado, segundo a companhia, em meio à suspensão temporária da importação de carne brasileira por vários países.

No ano passado, a receita líquida da BRF totalizou R$ 33,5 bilhões, uma queda de 0,8% se comparado ao ano anterior. A maior queda foi registrada na divisão internacional, cuja receita somou R$ 8,5 bilhões, o que representou um recuou de 11,8% ante o ano anterior (R$ 9,6 bilhões).

Últimos resultados anuais da BRF
Em R$ bilhões
1,0621,0622,2252,2253,1113,111-0,372-0,372-1,125-1,12520132014201520162017-2-101234
2015
3,111

Já a dívida total líquida encerrou 2017 em R$ 14,205 bilhões, alta de 18% em relação ao ano anterior e mais do que o dobro do que a registrada no final de 2013 (R$ 6,59 bilhões), segundo dados da Economatica.

No ano, os papéis da BRF acumulam desvalorização de quase 40%. Em valor de mercado, a companhia encolheu R$ 10,9 bilhões somente neste ano. Segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica, a empresa valia na bolsa R$ 18,78 bilhões no fechamento do dia 3 de abril ante máxima de R$ 54,5 bilhões no final de 2014.

Alvo de investigações da PF

Como se não bastassem os problemas financeiros, a BRF foi alvo no início de março de uma nova fase da operação da Polícia Federal, batizada de Operação Trapaça, que prendeu o ex-diretor-presidente global da companhia Pedro de Andrade Faria.

As investigações apontaram que 5 laboratórios credenciados ao Ministério da Agricultura e setores de análises da BRF fraudavam resultados de exames em amostras de processo industrial. As unidades investigadas pela operação tiveram suspensas as exportações para os 12 destinos.

Em comunicado divulgado na ocasião, a BRF afirmou que "segue as normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos, e há mais de 80 anos a BRF demonstra seus compromissos com a qualidade e segurança alimentar, os quais estão presentes em todas as suas operações no Brasil e no mundo”.

 


Enquete
Se a Eleição municipal fosse agora em quem você votaria para prefeito de União dos Palmares?
Total de votos: 407
Notícias Agora
Google News