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06/11/2008 00:00:00

Especiais

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Em Alagoas, 768 pacientes estão na fila aguardando órgãos para serem transplantados. A informação oficial é da Gerência de Núcleo da Central de Notificação e Distribuição de Órgãos do Estado de Alagoas. A maior dificuldade, segundo o coordenador Carlos Alexandre, é encontrar doadores, principalmente de coração. Para se ter uma idéia, agora em 2008, foi realizado apenas um transplante do coração e existem dois pacientes a espera do órgão, mas durante todo ano ninguém se apresentou para fazer doação. Para os funcionários do setor, não há grande solidariedade dos alagoanos, no que diz respeito a doação de órgãos.

Em Alagoas só são realizados transplantes do coração, Rim, Córneas e Fígado. As unidades hospitalares que realizam esse tipo de cirurgia são Hospital do Coração, Santa Casa de Misericórdia, Hospital Universitário, Santa Luzia e Instituto de Olhos e Visão. Este ano foram realizados 36 transplantes, dos quais 27 foram de córneas (15 órgãos de Alagoas e 12 importados por outras centrais, 2 deles tiveram como doadores cadáveres) e 6 transplantes de Rim com 1 órgão importado.

A Central de Notificação e Distribuição de Órgãos conta com uma equipe de cinco médicos, três enfermeiras e um psicólogo, que se revezam durante as 24 horas do dia, sempre atentos as doações e controle dos pacientes que estão na lista de espera. Entre as 768 pessoas que aguardam transplantes de órgãos 2 esperam um novo coração, 3 estão na fila de transplante de fígado, 480 dependem de um novo rim e 283 aguardam transplante de córneas. A central recebeu como doações 33 órgãos e tecidos, deste total, 12 foram doados e não transplantados.

Para levantar as informações dessa matéria, de suma importância para os alagoanos, a reportagem do Alagoas em Tempo, passou exatamente uma semana de peregrinação. A transferência da central que funcionava na Unidade de Emergência Afrânio Lajes, para o Hospital Geral do Estado, atrasou a captação da informação.

 

Tire suas dúvidas

Segundo um documento oficial da Central Nacional de Transplante, apresentado pelo coordenador Carlos Alexandre, existem no Brasil 70 mil brasileiros que aguardam por um transplante e para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, em nenhum documento. Basta comunicar a sua família o desejo da doação. A doação só acontece após autorização familiar.
Existem dois tipos de doadores, o doador vivo, que pode ser qualquer pessoa saudável que concorde com esse ato. Este pode doar um dos rins, parte do fígado, medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, parentes até 4º grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes, só com autorização judicial.

O outro tipo é o cadáver doador, que se trata de paciente em UTI ( Unidade de Terapia Intensiva, com morte encefálica, geralmente vítimas de traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral) A retirada dos órgãos é realizada em centros cirúrgicos como em qualquer outra cirurgia. Apesar de Alagoas só realizar transplantes de rim, fígado, coração e córneas, em outros centros avançados são realizados transplantes de pulmão, pâncreas, intestino, veias, ossos e tendões.

Informou a assessoria de imprensa do setor, que os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, defendida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde e controlada pelo Ministério Público. Esclarece ainda que não existem dúvidas quanto ao diagnóstico. O diagnóstico de morte encefálica é regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina. Dois médicos de diferentes áreas examinam o paciente, sempre com a comprovação de um exame complementar.

Solidariedade

Para a universitária Francisnúbia Vieira dos Santos, há uma urgente necessidade de solidariedade entre os alagoanos, no que diz respeito a questão de doação de órgãos. “Precisamos acabar com esse preconceito de não danificar o corpo. Isso não existe, tanto no doador vivo como morto. Precisamos salvar vidas e muitas dessas pessoas, dependem de um gesto nobre como o que assistimos quando a família da estudante Eloá, assassinada pelo namorado em São Paulo, fez a doação dos órgãos da filha, dando a esperança de vida para sete pessoas que receberam os órgãos da jovem. Pelo que tenho conhecimento, já que meus familiares trabalham na área, está existindo uma carência muito grande de doadores, razão pela qual centenas de pessoas, aguardam ansiosamente que alguma pessoa lhes dê a esperança de continuar vivendo”, disse a estudante, que está se especializando na área de saúde.

Segundo Aldo Gomes, o proprietário de uma das mais antigas bancas de revistas de Maceió, localizada em frente a estação Ferroviária, “o que está existindo é o analfabetismo social, onde o capitalismo está levando as pessoas ao individualismo. Precisamos dessa conscientização. Hoje as pessoas só pensam nelas, os semelhantes que se explodam. Eu já sou um doador vivo, doar órgãos para salvar a vida de outras pessoas é um gesto humanitário que deve ser levado em conta pela sociedade. Agora, é necessário acima de tudo, que o governo do estado através da Secretaria de Saúde, realize campanhas educativas, para explicar aos alagoanos a necessidade dessas doações. Muita gente não doa os órgãos porque não tem informações precisas sobre o assunto. Precisamos ser mais humanos”, finalizou Aldo Gomes.

com alagoasemtemporeal // cicero santana