Mansamente deito-me atento ao seu lado,
Contemplando-lhe toda a extensão do corpo;
Quanto menos se move faz-se maior impacto,
O revezar dorsal e frontal sempre em decúbito;
Sinuoso mar afeito à nau do timoneiro motivado.
Geme mas é quase inaudível tamanho apelo,
Que se faz murmúrio marinho dentro do peito;
Ondas sequenciais açoitam forte meu rochedo,
Quando emanam poderosas de sua plácida nudez;
Tela majestosa a me pedir moldura num macio leito.
Velado prazer na tormenta que sobrevém à calmaria,
Que nas profundezas prepara múltiplos gozos na vida;
Prenunciação sutil que há na pele do seu leitoso dorso,
Extensa e sedosa praia que me leva em êxtase às dunas;
Polivalente paisagem a oferecer deleite à criativa ousadia.
Convenientemente tudo gira em torno de seu umbigo,
Quando tento em vão encontrar a algo mais no horizonte,
Qual pomba em reconhecimento pairando sobre um dilúvio,
E, a mergulhar em voo rasante em busca de um ramo florido;
Na superfície beijo-lhe pés, mãos e seus cabelos junto à fronte.
Todo embate em nosso abraço então se relativiza,
No preciso e imensurável deleite do eterno instante,
Um lavar de almas juntas imersas num mesmo oceano,
Quando deslizo as minhas mãos sobre a crista das ondas;
No corpo há maresia morna e, na espuma sabor inebriante.
George W. De B. Cavalcanti
Pensador por vocação e Educador por formação.