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03/11/2008 00:00:00

Polícia

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A cúpula da Secretaria de Estado Defesa Social (SEDS) apresentou nesta segunda-feira, à imprensa, o ex-soldado PM Manoel Bernardo de Lima Filho, 45 anos, acusado de pertencer a um suposto grupo de extermínio então liderado pelo delegado Ricardo Lessa e de ter participação no assassinato do fazendeiro José Cardoso de Albuquerque, pai do cantor de forró Geraldo Cardoso, crime acontecido em 1989, no município de Palmeira dos Índios.

A apresentação aconteceu no auditório da SEDS, e teve as presenças do secretário-adjunto Washington Luiz; do diretor de Políticas da SEDS, Romildo Albuquerque; do delegado-geral da Polícia Civil, Marcílio Barenco; delegado-geral adjunto, José Edson de Freitas Júnior; do comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Dalmo Sena, e do delegado Rodrigo Rubiale, diretor de Polícia Judiciária da Área-3 (DPJM-3).

Lima Filho foi preso na sexta-feira (31), em São Paulo, após um minucioso trabalho do Serviço de Inteligência da Defesa Social, e que contou, no momento da prisão, com o apoio do Departamento de Polícia Federal, através do delegado Edílson Freitas. Na capital paulista, onde trabalhava em um posto de saúde, ele usava o nome de Valderon Pereira da Costa e residia no bairro do Jardim Robru, onde foi encontrado e detido pela polícia.

As investigações para localizá-lo, conforme explicou o secretário-adjunto Washington Luiz, foram desencadeadas após o episódio do seqüestro de Eloá Pimentel, em Santo André, no ABC paulista, e que acabou descobrindo o ex-cabo PM Everaldo Pereira dos Santos, pai da jovem, com quem o ex-soldado Lima Filho tinha ligações.

O ex-militar Lima Filho, que estava foragido há 15 anos, foi trazido de volta para Alagoas na madrugada do domingo (02), pelo superintendente da PF, José Pinto de Luna, e agora deverá responder pelos crimes que praticou nas décadas de 80 e 90, neste Estado.

Entre os assassinatos dos quais é acusado, o de maior repercussão foi o que vitimou o fazendeiro José Cardoso de Albuquerque, pai do cantor de forró Geraldo Cardoso, crime acontecido em 1989, dentro de uma loja, em Palmeira dos Índios.

Além de Lima Filho, também teriam participado do assassinato o delegado Ricardo Lessa, seu motorista Antenor Carlota (mortos três anos depois, em Maceió), e o sargento PM José Belaildo dos Santos, conhecido por “Belaildo”. O crime teria sido praticado a mando do político de Quebrangulo, Frederico Maia Filho, conhecido por “Mainha”.

De acordo com os levantamentos da polícia, Lima Filho pertencia a um grupo de extermínio liderado pelo falecido delegado Ricardo Lessa, que, na época, seria rival do grupo da “gangue fardada”, comandada pelo então tenente-coronel Manoel Francisco Cavalcante, atualmente recolhido em presídio militar no Rio de Janeiro.

O ex-soldado responde também por assassinatos praticados na cidade alagoana de Novo Lino e tem mandados de prisão expedidos pela 1ª Vara Criminal da Capital por crimes de homicídios, cometidos juntamente com os irmãos Cícero Felizardo dos Santos – o “Cabo Cição” – e João Gabriel Felizardo dos Santos, além do ex-cabo Everaldo Pereira, o pai da jovem Eloá.

O cantor Geraldo Cardoso esteve na Defesa Social, nesta segunda-feira, e confirmou a participação tanto do ex-soldado Lima Filho como do delegado Ricardo Lessa na morte de seu pai. E acrescentou que, por pouco também não foi assassinado por Lima Filho e Everaldo, por ter concedido uma entrevista em um programa de rádio de Maceió, denunciando o grupo de extermínio. “Existem testemunhas que viram quando Everaldo e Lima Filho rondavam uma pousada, onde eu morava na época, em um automóvel Gol, branco”, afirmou.

O ex-soldado Lima Filho prestará depoimento à Polícia Civil de Alagoas e permanecerá preso.

por PC-AL