http://pt.euronews.com - O Natal costuma ser sinónimo de famílias reunidas em torno de uma mesa farta. No entanto, no Brasil, cada vez menos pessoas podem dar-se a esse luxo, com o aumento da fome e o crescente risco de pobreza para milhões de brasileiros.
Depois de sair do Mapa da Fome Mundial em 2014, dez anos após a criação do documento, o país pode voltar a figurar na lista, de acordo com um alerta recente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Agatha Lorane é apenas mais uma dos 13 milhões de desempregados. Vive há mais de dois meses nas ruas de Copacabana com a sua bebé de nove meses, Pérola, e os primos, sem dinheiro para conseguir comprar comida. "Eu trabalhava num centro comercial até ser demitida", explicou a jovem. Para tentar ganhar dinheiro, Agatha Lorane vende atualmente velas. O futuro da família depende agora de quem quiser acender uma vela nesta quadra natalícia.
Contra este flagelo, a organização não governamental Natal sem Fome mobilizou-se para juntar mais de 500 toneladas de comida até ao fim do mês, numa tentativa de responder à maior preocupação destas pessoas. Para Rodrigo Afonso, diretor da campanha, as prioridades destas comunidades mais desfavorecidas alteraram-se substancialmente nos últimos anos.
"O que as pessoas dizem é que não querem mais cultura ou mais edcação, como queriam há dois ou três anos. As pessoas querem comida, é isso que querem agora", declarou.
Cerca de 22 por cento dos brasileiros vivem hoje abaixo do limiar de pobreza e mais podem integrar novamente este grupo. A fome voltou mesmo a ser uma arma de combate político, com o ex-presidente Lula da Silva a apontar o dedo à administração do atual presidente, Michel Temer, por causa dos cortes nas políticas sociais e da sua linha de austeridade.
Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas, a diminuição das condições de vida de milhões de brasileiros é mesmo uma realidade a ter em conta, após anos de uma descida acentuada que levou o Brasil a deixar de constar do 'roteiro' da fome mundial: "Nos últimos dois anos o nível de pobreza subiu para 11,2 por cento da população. Cinco milhões e meio voltaram a ser pobres", concluiu Marcelo Neri, diretor da fundação.
Pesquisa mostra que 40,3% das pessoas acham que situação financeira melhorou
Agência Brasil - Um levantamento feito entre 1.000 pessoas de todo o país mostrou que 40,3% dos entrevistados acreditam que a situação financeira de suas famílias está melhor neste ano do que no mesmo período do ano passado, enquanto 24,7% consideravam que permanecia igual. Na Pesquisa de Natal da Deloitte de outubro, os que achavam que a situação tinha melhorado eram 37%.
A enquete também indica que as pessoas pretendem comprar 4,6 presentes, com expectativa de gastos em torno de R$ 81,70 por item. No total, a estimativa média de gasto com presentes aumentou 10%, ao chegar a R$ 405,20, ante a perspectiva de R$ 367 indicada na pesquisa de outubro.
Segundo os dados, nas duas apurações, os consumidores mostraram-se mais otimistas com as perspectivas da economia e mais conscientes da importância de manter um planejamento financeiro. A pesquisa indica ainda que, entre os entrevistados que têm a intenção de presentear, 63% não haviam feito as compras até do dia 8 deste mês e 37% tinham se antecipado. Entre os que já haviam adquirido presentes, 64,5% usaram lojas online e um a cada três brasileiros fez buscas na internet antes de decidir o quê comprar.
“Apesar de concluirmos que o brasileiro está mais preocupado
com suas finanças e tende a planejar melhor seus gastos e eventuais dívidas, a
característica tradicional de deixar as compras de Natal para os últimos
momentos continua predominante", disse o sócio-líder da Deloitte, Reynaldo
Saad.
Para Saad, outra questão que salta aos olhos na pesquisa é que as pessoas
tendem a gastar mais do que esperavam alguns meses antes das festas, pois os
que participaram do atual levantamento pretendem gastar mais e comprar maior
número de presentes do que o que foi apurado na Pesquisa de Natal de outubro.