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Educação
15/10/2017 10:12:15

Ainda pendente, reforma do Ensino Médio divide opiniões da população


Ainda pendente, reforma do Ensino Médio divide opiniões da população
Ilustração

Yahoo Notícias - Quando o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) divulgou resultados que evidenciavam que o desempenho dos estudantes brasileiros, do ensino médio, em português e matemática era atualmente pior do que o de há 20 anos, o ministro da Educação resolveu lançar mão de uma reforma. Mendonça Filho, com base em projetos de reformas que tramitavam na Câmara, editou a Medida Provisória 746/2016 (posteriormente convertida na Lei nº 13.415/2017).

Embora sancionada por Michel Temer em fevereiro deste ano, a Reforma do Ensino Médio ainda não está em curso. Isso porque o ensino ficará, agora, estruturado em dois níveis: uma parte comum e obrigatória a todas as escolas do país – definida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – e outra parte flexível. É justamente a BNCC que ainda segue em discussão.

Essa Base irá definir os conhecimentos básicos que deverão ser oferecidos a todos aos alunos do país – com carga obrigatória de 1.800 horas. O ensino de língua portuguesa, matemática e língua inglesa serão obrigatórios nos três anos do ensino médio, já definido por lei. A partir dos debates, outras disciplinas devem se tornar obrigatórias, embora ainda não se saibam quais.

Fora da base ampla e comum, estará a outra parte do curso, com as demais disciplinas distribuídas por cinco currículos possíveis, em áreas eletivas, que são: “Linguagens e suas tecnologias”; “Matemática e suas tecnologias”; “Ciências da natureza e suas tecnologias”; “Ciências humanas e sociais aplicadas”; e “Formação técnica e profissional”.

O debate corrente, portanto, tem o intuito de estruturar – junto de gestores, sociedade civil, pedagogos, etc. – o funcionamento conjunto das matérias obrigatórias e dos currículos optativos. A expectativa do Ministério da Educação (MEC) era de que a BNCC fosse homologada ainda neste ano, para que no ano seguinte as escolas apresentassem cronogramas de implementação das alterações dispostas no documento.

A Base, entretanto, muito provavelmente só será definida em 2018. A partir de 2019 os sistemas de Educação passarão a se planejar para, ao que tudo indica, botar em prática os planos da reforma em 2020.

Para quem já está cursando o ensino médio, as modificações não afetarão o decorrer da formação. Espera-se que, quando definidos os termos da reforma, as alterações sejam aplicadas nas turmas que ingressarão no 1º ano, para que ninguém pegue o ciclo do meio.

Todo esse processo de construção da BNCC tem, ainda, de ser aprovado pelo Conselho Nacional de Educação. Como cada unidade federativa terá autonomia para definir o currículo a nível estadual, levando em conta o que ficará definido pela Base, o processo de mudanças tende a ser longo e gradual.

Pontos de dúvidas

Com o processo em curso, alguns pontos ainda estão indefinidos. As disciplinas oferecidas pelos trilhos específicos escolhido pelos alunos ainda não têm regulamentação sobre se serão distribuídas em todo os três anos do ensino médio, ou se todo o conteúdo será passado em apenas um período. Além disso, as discussões ainda não trazem projeções sobre o que mais se tornará obrigatório dentro da BNCC.

Outra questão que levanta dúvidas é sobre a obrigatoriedade de as escolas oferecerem todos as cinco opções de currículo simultaneamente ou não. A princípio, em tese, o aluno terá liberdade de escolher entre elas. Mas pode depender de questões de estrutura e do corpo docente das unidades de ensino.

Embora as alterações não tratem sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), há a possibilidade de uma reestruturação da avaliação, visto que apesar de uma base ampla em comum, muitos alunos teriam foco muito maior em uma ou outra disciplina. O Governo Federal, entretanto, ainda não mencionou nenhuma proposta para resolver essa equação.

Dentre os pontos mais polêmicos, está a questão das disciplinas de Artes, Educação Física, Sociologia e Filosofia. Antes excluídas pelo Poder Executivo, todas foram mantidas para discussões no BNCC, muito embora não sejam necessariamente obrigatórias. Vai depender das decisões tomadas pela Base e, posteriormente, dos conselhos estaduais. De qualquer forma, a nova lei não proíbe as escolas de as ofertarem.

O texto também permite que professores com notório saber possam dar aulas sem nenhuma formação acadêmica no trilho de cursos técnicos e profissionalizantes. Ademais, a Reforma traz também a possibilidade de professores que possuam licenciatura em uma disciplina façam uma espécie de curso, definido como “complementação pedagógica”, para dar aulas de outra matéria que estejam em seu campo de conhecimento.

Período integral e carga horária

Como a BNCC prevê 1.800 horas de conteúdos obrigatórios nestes três anos, sobrará cerca de 600 horas (nas escolas que adotam 4 horas de aula por dia) para as matérias do trilho que o aluno optou. Para escolas que adotam período integral, por exemplo, o número de horas dedicado ao estudo do currículo opcional pode ser ainda maior do que o dedicado às matérias da base ampla.

A integralidade nas escolas, inclusive, está prevista na Reforma, por meio da Política de Fomento de Escolas em Tempo Integral. O processo deverá ocorrer de forma gradual. O Governo Federal prevê um investimento de R$ 1,5 bilhão até 2018 – o suficiente para criar 500 novas matrículas em período integral, correspondendo a R$ 2.000 por aluno/ano.O Plano Nacional da Educação estabelece que até 2024 o Brasil tem de ter 25% das matriculas em período integral. Hoje, o contingente representa 5%. De qualquer forma, a Reforma do Ensino Médio não traz nenhuma obrigatoriedade para que as escolas passem a oferecer o período integral.

Por Guilherme Almeida (@almeidagc)



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