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Mundo
23/04/2017 19:45:54

O povo sírio foi traído por todos os lados


O povo sírio foi traído por todos os lados
Crianças sirias órfãs da guerra

Quando assistimos aos conflitos na Síria, onde centenas de milhares de refugiados saem mar adentro em busca de viver em outro país, logo tendemos a buscar culpados. Da mesma maneira quando assistimos o uso de armas químicas, que matou centenas, ou explosões no país. Mas a gente, nesta luta para descobrir se há mocinhos e bandidos, muitas vezes nos deparamos com um cenário ainda mais desalentador. Especialmente quando descobrimos que neste conflito não há lado bom ou mau. Todos são maus. Leia artigo publicado no site The Intercept em artigo de Mehdi Hasan.


QUAL É A SUA OPINIÃO sobre o conflito sírio? A resposta a essa pergunta talvez seja a melhor maneira de descobrir a posição política de alguém atualmente.

Você é de esquerda ou libertário e fica indignado com os bombardeios americanos, invocando a soberania da Síria e a legislação internacional? Ou você é conservador - ou um liberal mais tradicional - e apoia uma ação militar para derrubar o ditador sírio - ou ao menos para proteger seu povo das bombas de barril e armas químicas de Assad?

Você é um muçulmano xiita que defende Assad contra os rebeldes salafistas genocidas respaldados pela Arábia Saudita sunita? Ou um muçulmano sunita que defende os rebeldes contra um regime alauíta genocida apoiado pelo Irã xiita?

Cada um dos dois lados têm uma narrativa que o favorece - o seu próprio conjunto de "fatos alternativos". Ambos se revoltam de maneira seletiva: na semana passada, os partidários de Assad condenaram o massacre de mais de 120 pessoas por um homem-bomba. Na semana anterior, os inimigos do presidente sírio repudiaram um cruel ataque com gás que matou pelo menos 74 pessoas em uma cidade em poder dos rebeldes.

Os cadáveres sírios se tornaram fantoches políticos, usados com cinismo para sustentar esta ou aquela posição no conflito. Há mentiras por toda parte. Os defensores de Assad - nos dois extremos do espectro político - afirmam que ele é um bastião do secularismo contra o Estado Islâmico, mas esquecem que esse ditador supostamente secular ajudou a enviar "jihadistas" ao Iraque para atacar as tropas dos EUA e civis iraquianos menos de 10 anos atrás. Eles também preferem ignorar que a grande maioria das mortes de civis na Síria foi causada pelo regime de Assad, e não pelo EI ou pelos rebeldes.

Já os críticos de Assad - liberais e conservadores - costumam minimizar os bem documentados crimes de guerra e outras atrocidades cometidas pelos rebeldes apoiados pelos EUA, sem contar a predominância da Al Qaeda e outros grupos terroristas na oposição síria. Muitos afirmam - erroneamente - que o Ocidente "ficou parado" e "não fez nada" para apoiar essa oposição. Porém, de acordo com o jornal "The Washington Post", a CIA "gasta cerca de 100 mil dólares anuais por cada rebelde sírio" que passou pelo programa de treinamento da agência. O armamento e financiamento fornecido aos rebeldes - "seculares" e "islamistas" - contribuiu para exacerbar este terrível conflito, tornando praticamente impossível uma solução diplomática.

Ao renunciar ao cargo de enviado especial da ONU à Síria, em agosto de 2012, Kofi Annan culpou ambos os lados pela escalada da violência no país. Sua declaração desapareceu completamente da memória histórica recente sobre a Síria. O mesmo aconteceu com o discurso de Joe Biden em Harvard, em 2014, no qual ele descreveu como os aliados dos EUA na região "estavam tão determinados a derrubar Assad e desencadear uma guerra indireta entre sunitas e xiitas (.) que forneceram centenas de milhões de dólares e dezenas de milhares de toneladas de armas para qualquer um que estivesse disposto a lutar contra Assad". <> Conexão Jornalismo //



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