Ministro Herman Benjamin intimou o
ex-funcionário da Odebrecht José de Carvalho Filho, a ex-secretária Maria Lúcia
Tavares e o ex-executivo Fernando Miggliaccio a prestarem depoimento nesta
sexta-feira (10).
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) Herman Benjamin intimou o ex-funcionário da Odebrecht José de Carvalho
Filho, a ex-secretária Maria Lúcia Tavares e o ex-executivo Fernando
Miggliaccio a prestarem depoimento nesta sexta-feira, 10, na ação que pede a
cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por abuso do poder econômico e
político.
Além disso, o ministro, que é relator da ação, decidiu incluir o
ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior, o BJ, em acareação
que será realizada também na sexta.
Carvalho foi citado no depoimento do ex-diretor de Relações
Institucionais da empreiteira Cláudio Melo Filho como o responsável por
viabilizar o repasse de R$ 4 milhões ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
A remessa teria sido acertada durante jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, do
qual também participou o então vice-presidente Michel Temer.
Citado 34 vezes na delação de Melo Filho à Lava Jato, Carvalho também
seria o responsável pelo envio de valores ao ex-assessor da Presidência José
Yunes, por meio do operador financeiro Lúcio Funaro. Yunes disse ter servido de
"mula involuntária" de Padilha ao receber um pacote de Funaro que
deveria ser entregue ao ministro.
Segundo pessoas que tiveram acesso ao depoimento de Melo Filho ao TSE, o
ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht disse que Carvalho recebeu
um telefonema em tom ríspido do então presidente da Câmara Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) - atualmente preso na Lava Jato -, cobrando R$ 1 milhão dos R$ 4
milhões destinados a Padilha.
Melo Filho afirmou ainda, no depoimento ao TSE, ter avisado Padilha
sobre o telefonema e, segundo o ex-diretor da empreiteira, o ministro disse que
resolveria a questão pessoalmente com Cunha.
Procurado pela reportagem, Padilha não se manifestou.
Delatora
Maria Lúcia atuou no Setor de Operações Estruturadas, o chamado
"departamento de propina" da Odebrecht, onde foi responsável pelos
pagamentos e pela contabilidade.
Alvo da Operação Acarajé, 23.ª fase da Lava Jato, em fevereiro de 2016,
Maria Lúcia fez acordo com o Ministério Público Federal. Em troca da liberdade
e de um possível perdão judicial, relatou aos investigadores como funcionava o
"departamento de propina". Ela é considerada a testemunha-chave que
levou o alto escalão da Odebrecht a buscar delação.
Miggliaccio é considerado um dos responsáveis pelo "departamento da
propina" da empreiteira baiana. Era ele que administrava a conta no
exterior por meio da qual eram feitos pagamentos de propina.
Também na sexta o TSE fará uma acareação entre três delatores: Melo
Filho, o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht e Hilberto Mascarenhas,
ex-funcionário da Odebrecht e ligado ao "departamento de propina".
Um dos objetivos é esclarecer versões conflitantes sobre o jantar no
Jaburu. Marcelo Odebrecht disse ao TSE que Temer deixou o jantar antes que
fosse acertado o repasse de R$ 10 milhões ao PMDB, por meio de Padilha. Já Melo
Filho reafirmou à Justiça Eleitoral o teor de sua delação, na qual afirmou que
Temer "solicitou direta e pessoalmente" a Marcelo Odebrecht apoio
financeiro às campanhas do PMDB.
Mascarenhas e Benedicto Júnior devem esclarecer outro ponto do
depoimento de Marcelo Odebrecht. O ex-presidente da empreiteira disse ter
reservado R$ 150 milhões para o PT em 2014, dos quais 4/5 foram repassados via
caixa 2.
Já os outros dois depoentes relataram ter participado de reunião com o
herdeiro do grupo em março de 2014 na qual o então presidente da empreiteira
teria dito que o valor global das doações naquele ano seria de R$ 200 milhões,
a todos os partidos - R$ 120 milhões seriam doados oficialmente, R$ 40 milhões
por meio da cervejaria Itaipava e outros R$ 40 milhões via caixa 2. As
informações são do jornal O Estado
de S. Paulo.