O procedimento é simples. O fumante deve procurar a Secretaria Municipal de Saúde da cidade em que mora e descobrir em que unidades de saúde é oferecido o atendimento. "Pode ser um posto de saúde, um hospital-geral, um hospital universitário ou até o Programa de Saúde da Família", explica o médico Ricardo Meirelles, do Programa Nacional de Combate ao Tabagismo do Inca.
O programa existe desde 2004 e, nos últimos anos, o Ministério da Saúde habilitou profissionais e credenciou unidades para oferecerem o tratamento. O número total de unidades credenciadas é desconhecido pelo próprio SUS porque muda a cada três meses, quando são realizados os repasses de verba e de medicamentos para os municípios, segundo Meirelles. Além de profissionais aptos, a unidade deve ter equipamentos adequados e deve ter o fumo completamente proibido em suas dependências.
Identificada a unidade mais próxima de casa, o paciente deve pedir para ingressar no tratamento. O primeiro passo é uma avaliação clínica que vai determinar o grau de dependência do fumante. "Esse conjunto de exames e entrevistas vai estabelecer como será o tratamento. O paciente terá que informar quantos cigarros fuma por dia, quando começou a fumar e quanto tempo passa sem um cigarro", explica Meirelles.
Caso sua dependência seja considerada física, o paciente passa pelo que Meirelles chama de "abordagem cognitiva-comportamental". Na prática, o fumante é encaminhado a um grupo de apoio, coordenado por um ou dois médicos, que se reúne quatro vezes por semana. Nesses encontros, além de receber um manual anti-tabagismo, ele recebe informações sobre os motivos pelos quais se fuma, os problemas causados pelo consumo de tabaco e os efeitos da abstinência.
"Muitas pessoas fumam por associação. São impelidos a acender um cigarro depois do almoço ou junto com um cafezinho", diz Meirelles. Nas reuniões, o paciente recebe um "dever de casa": ele mesmo lista os motivos pelos quais fuma, assim como o porquê de querer deixar de fumar.
O passo seguinte é a utilização de medicamentos que suprem a ausência do tabaco no organismo. Adesivos e gomas de mascar de nicotina são fornecidos sem custo para o paciente e ajudam a combater a síndrome de abstinência. Algumas pessoas têm um grau de dependência maior, a chamada dependência psicológica.
Geralmente, estes pacientes precisam de outro medicamento, também fornecido de graça, o anti-depressivo Bupropiona. Em casos mais graves, o paciente é encaminhado para um tratamento ainda mais especializado, num Centro de Atendimento Psico-Social (Caps).
Meirelles explica ainda que pacientes que não querem o tratamento em grupo pode receber atendimento individualizado. "Alguns conseguem parar de fumar depois do primeiro mês de reuniões." Ele afirmou que não existem dados sobre o percentual de pacientes que conseguem ter sucesso no tratamento, mas que os números mundiais ficam entre 40% e 45%.
Quem mora em um município que não oferece o serviço pode procurar atendimento em cidades vizinhas, segundo o médico.
Fonte G1