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izabelle targino
Em depoimento
durante a CPI da Violência contra Jovens, Pobres e Negros, realizada no
plenário da Assembleia Legislativa do Estado, na tarde desta segunda-feira
(18), o secretário de Segurança Pública e Ressocialização, Alfredo Gaspar
de Mendonça, fez duras críticas aos políticos corruptos e à falta de políticas
públicas para as áreas menos favorecidas do Estado.
De acordo com o
secretário, a CPI deveria servir de critério para melhor a segurança, sem
apontar dedos. “Ao invés de apontar dedos, deveria servir de critério para
melhorar a segurança. Os escândalos de corrupção se sucedem e o dinheiro que
era para usar lá na ponta vai para o bolso dos gestores. Os homens e mulheres
que detém o poder usam o dinheiro para enriquecer seus patrimônios e, desta
forma, CPIs como estas não deixarão de acontecer”, disse o secretário.
Alfredo Gaspar
lembrou a quantidade de mortes em Alagoas e disse que o número vem diminuindo
desde janeiro, apesar de continuar com os números de homicídios altos. “Alagoas
está neste triste cenário não apenas por que é onde se mata mais, e sim porque
fazemos a contabilidade correta dos crimes.
Diferente de
estados como São Paulo e Rio Grande do Sul, onde não se contam as mortes e sim
eventos. Um exemplo foi a chacina perto da sede de uma torcida do Corinthians,
onde oito foram assassinados, mas o estado contabilizou como um evento de
morte. Aqui é o estado onde mais se reduziu crime este ano. Foram oito
por cento em janeiro; 17 por cento em fevereiro; 18 por cento em
março; 38 por cento em abril e vem reduzindo em maio”, ressaltou.
Ainda falando
sobre as causas da violência, o secretário ressaltou a importância da polícia e
criticou a falta de investimento e oportunidades para as crianças e jovens que
vivem em favelas e grotas.
“Vejo a polícia
descendo uma grota e sendo aplaudida. Mas lá faltam médicos, escolas,
professores, tudo. Existe uma verdadeira carnificina social onde o dinheiro da
corrupção deixa de ir para onde tem que ir. A seleção social é feita quando uma
criança deixa de ir para a escola porque não tem merenda. E não tem merenda
porque o dinheiro foi desviado pelo gestor. A polícia é depositaria do resto
social que os políticos desse meu país deixam. E a culpa da violência não é da
polícia não. Enquanto o país tiver gestores que não se preocupam com o povo,
isso não vai mudar. Não posso ter meu estado sendo exposto em rede nacional
porque Alagoas recebe uma verba para a segurança menor que são Paulo, só porque
o estado de São Paulo tem uma bancada federal maior. O que tem que ter é
investimento. Enquanto não tiver o investimento nas áreas menores, a situação
vai melhorar”, declarou Alfredo Gaspar.
O secretário de
Segurança encerrou sua fala cobrando mais a presença do Estado, nos seus
três poderes, e pedido igualdade de oportunidade para os jovens e adolescentes
das comunidades mais carentes. “O problema da segurança é a falta de
responsabilidade de quem pode mais. Violência é feita por falta de
oportunidade, de escola, de saúde, esporte. Não apenas o rico tem que ter
direitos, o filho do pobre também. Pode mais quem tem mais poder”, afirmou
Alfredo Gaspar.
A CPI da Violência contra Jovens, Pobres e Negros reunião políticos, estudantes, representantes de movimentos sociais, líderes comunitários e a sociedade civil no plenário da Assembleia Legislativa. A audiência foi presidida pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT/MG), acompanhado da relatora, deputada federal Rosangela Gomes (PTN/RJ), deputado federal Edson Moreira (PTN/MG), deputado Federal Paulão (PT/AL).
Também fizeram parte da mesa o
deputado Ronaldo Medeiros (PT), vice-presidente da Mesa Diretora da ALE,
Secretário de Políticas sobre Drogas, Jardel Aderico; a secretária de Esporte,
Claudia Petuba; secretário de Segurança, Alfredo Gaspar; e a secretária
da Mulher, Rosinha da Adefal.