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agência alagoas
Os acidentes com animais
peçonhentos podem levar a graves problemas de saúde, sequelas e até óbitos. E
para orientar a população, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) alerta para
os cuidados que a população deve observar para evitar o revés.
No Hospital Escola Dr. Hélvio
Auto, de janeiro a março deste ano, 875 pessoas procuraram atendimento por
causa de picadas de animais peçonhentos. Segundo o médico infectologista do
HEHA e professor da Uncisal, Fernando Maia, a maioria das pessoas picadas por
animais peçonhentos que procuram atendimento no Hospital Hélvio Auto são
vítimas de escorpião.
De acordo com o técnico da
Diretoria de Vigilância e Controle, Animais Peçonhentos, Leptospirose e Raiva,
Valmi Costa os animais peçonhentos são definidos como os que são capazes de
produzir veneno e possuem algum apêndice para injetá-lo para sua defesa ou
ataque de uma presa. “Os animais mais comuns em Alagoas são escorpiões,
aranhas, cobras além de lacraias, águas-vivas e caravelas”, explicou o
técnico.
O técnico destacou que os
cuidados devem ser observados no lar. “Deve-se sempre ter cuidado ao entrar em
lugares que ficaram fechados por muito tempo, sempre bata os colchões antes de
usa-los, sacuda com cuidado roupas, sapatos, toalhas e lençóis que ficaram por
um longo período sem uso”, informou Valmi Costa.
O técnico também ressaltou
que é importante afastar as camas das paredes e vedar frestas e buracos em
paredes e assoalhos além de manter a limpeza da casa e evitar o acúmulo de
lixo. “Os cuidados diminuem o risco dentro de casa”, explicou lembrando que ao
se deparar com um animal venenoso o cidadão deve manter uma distância segura
dele e entrar em o Corpo de Bombeiros através do número 193.
No Estado, o escorpião
responde pela grande maioria dos casos envolvendo animais venenosos, mais de
90% segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). O
técnico Valmi Costa lembrou que em caso de picada deve-se lavar o local com
água e sabão, mantendo a vitima em repouso e com o membro afetado mais elevado
que o restante do corpo. “Após a constatação da picada deve-se procurar ajuda
médica e se possível levar o animal para auxiliar o diagnóstico”, destacou.
Em Alagoas, existem oito
unidades de referência para o tratamento às vítimas de animais peçonhentos:
Unidade de Emergência Dr. Daniel Hoully, em Arapiraca; Hospital Carvalho
Beltrão, em Coruripe; Unidade Mista Dr. Antenor Serpa, em Delmiro Gouveia;
Hospital Regional Santa Rita, em Palmeira dos Índios. As pessoas podem procurar
ainda a Unidade Mista Senador Arnon de Melo, em Piranhas; Unidade de Emergência
Antônio de Jesus, em Penedo; Unidade Mista Djalma dos Anjos, em Pão de Açúcar;
e Hospital Escola Hélvio Auto, em Maceió.
No entanto, na capital, a
gerente de Controle de Zoonoses e Vetores da Sesau recomenda que a vítima
procure um dos cinco Ambulatórios 24 Horas. Isso porque, apenas os casos
moderados e graves, de acordo com Silvana Tenório, devem ser encaminhados para
o Hospital Escola Hélvio Auto. O Ambulatório Assis Chateaubriand está situado
no Tabuleiro do Martins, o Dom Miguel Câmara, na Chã da Jaqueira, João Fireman
no Jacintinho, Denilma Bulhões, no Benedito Bentes e Noélia Lessa, no bairro da
Levada.
Em casos mais delicados, a
vítima deve ser encaminhada para o Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA), que
por receber demanda específica e por ser unidade de referência, só admite
pacientes com encaminhamento ou em casos excepcionais de atendimento daqueles
que compõem grupo de maior risco.
Relato
Foi o que aconteceu com o
aposentado José Luiz dos Santos, 65 anos, que mora no Conjunto Virgem dos
Pobres II, no bairro do Vergel do Lago, e deu entrada no último dia 22 no HEHA.
Ele estava limpando uma calha de esgoto na casa do primo do bairro de Jaraguá
quando foi picado por um escorpião. "Eu fui colocar uma grade pra
tirar a sujeira do esgoto dentro de casa mesmo e não vi que o bichinho estava
lá, fui picado no dedo indicador da mão direita. Logo que eu fui picado, por
instinto eu matei o bicho". Por ter mais de 60 anos, o aposentado foi
atendido diretamente no Hospital Helvio Auto, sem apresentar encaminhamento,
pois por causa da idade, uma picada comum de escorpião pode trazer complicações
graves.
Já é a segunda vez que José
Luiz foi picado por escorpião, e nas duas vezes procurou atendimento no
Hospital Helvio Auto. "Da primeira vez que fui picado, foi em casa, no
Vergel mesmo, também estava limpando umas coisas no quintal e vim direto pra cá".
"Eu deveria ter ido para o posto de saúde, mas vim direto pra cá, porque
era mais perto e estava com muita dor, a minha mão estava latejando, graças a
Deus fui atendido logo que eu cheguei. Já aplicaram o medicamento e agora estou
em observação."
A médica plantonista do
Pronto Atendimento do Hospital Helvio Auto, Elaine Belo explicou que como o
paciente tinha mais de 60 anos e só estava se queixando de dor e com todas as
funções vitais normais, só foi necessário fazer um bloqueio anestésico e
deixá-lo em observação para ver como ele reage ao medicamento. "Se a dor
passar completamente após a aplicação do anestésico local, ele já pode ir para
casa após o período de observação. É importante que ele fique em observação por
causa da idade, que é um fator de risco importante em empeçonhamentos em geral.
Crianças e idosos são os mais ameaçados e requerem mais cuidados",
concluiu a médica plantonista.
No caso de picadas de cobra,
é importante a vítima capturar o animal, e trazê-lo vivo ou morto para o
Hospital Helvio Auto, dentro de um recipiente, para que possa ser identificado
e assim administrar o soro antiofídico adequado. "Cerca de 90% das pessoas
que procuram atendimento aqui no hospital são vítimas de escorpião do tipo
amarelo, que é a espécie mais comum na nossa região. Já em relação às picadas
de serpentes, o mais comum são aparecerem vítimas de jararaca, que é tendência
no Brasil, seguidas por cascavel e coral", esclareceu o médico.