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gabriela perufo
A prática de
exercícios físicos sempre fez parte da rotina do dentista José Carlos de Abreu
Pithan, 68 anos. Desde a infância, ele pratica caminhadas, corridas e futebol.
Atualmente, frequenta academia, joga tênis, futebol, luta judô e ainda sai para
caminhar. São raros os dias em que não pratica nenhuma atividade física. Mas,
agora, não é só por prazer que o aposentado malha. É por saúde.
Há cerca de 15
anos, Pithan descobriu que era hipertenso. Na época, ele teve uma lesão no
tornozelo e ficou meses sem exercitar. E, durante exames de rotina, sua pressão
arterial chegou a 17 por 10, marca considerada alta. Como havia histórico de
hipertensão na família, o aposentado decidiu buscar por orientação médica.
–Minha mãe e o
meu irmão são hipertensos e começaram a tomar medicação mais jovens do que eu.
Acho que ter praticado exercícios desde novo protelou o tratamento com
medicamentos – avalia.
Além da prática
regular de exercícios, Pithan costuma ter uma alimentação balanceada: diminuiu
a quantidade de sal na comida e evita comer frituras. Frutas e legumes também
integram sua dieta habitual.
– A única coisa
em que eu não sou saudável é na cerveja. Mas é só de vez em quando. Chimarrão,
eu também tomo, mas não é aconselhado para quem tem pressão alta. Não dá para
tirar tudo que faz mal, né? – brinca o dentista, que, mesmo com os deslizes,
mantém a pressão em saudáveis 11 por 7.
Estima-se que
cerca de 25% da população brasileira seja hipertensa, assim como Pithan. O
problema é que, muitas vezes, o diagnóstico é tardio, porque a doença, grave,
pode não apresentar sintomas.
– A hipertensão
é chamada de sina silenciosa porque a maioria dos hipertensos não sente nada. E
justamente por isso, há pessoas com pressão altíssima que nunca chegaram a
medí-la – explica Eduardo Radins,
cardiologista do
Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) e do Instituto do Coração do
Hospital de Caridade.
Uma pesquisa
feita pela Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul (Socergs),
em 2010, indicou que 4,5% dos gaúchos nunca haviam verificado a pressão. O
número caiu para 1,5% em 2013, mas ainda é preocupante, levando-se em conta que
o exame é simples, rápido e gratuito.
O 26 de abril é
considerado Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão. Para estimular
você a se cuidar, trazemos algumas informações que podem salvar vidas.
Quem pode ter
a doença?
Pare e pense:
você está a cima do peso? Fuma? Vive estressado ou não pratica exercícios
físicos? Se a sua resposta é sim para qualquer uma das questões, abra o olho e
vá checar sua pressão. Mas o cardiologista Eduardo Radins alerta que, além dos
fatores de risco, a hipertensão é genética em 95% dos casos. Então, se alguma
pessoa de sua família tiver pressão alta, será mais um motivo para fazer um
teste e procurar um médico.
– A partir dos
12 anos, recomenda-se que seja feito o controle, principalmente por aquelas
pessoas que têm na família casos pressão alta. Normalmente, as pessoas se
preocupam com isso mais tarde, depois dos 35, 40 anos. Isso já foi até tema de
campanha, para que os adolescentes e jovens verifiquem também. Pode salvar uma
vida – explica o cardiologista Daniel Souto Silveira, diretor da Socergs.
Segundo os
cardiologistas, não existe uma frequência exata para verificação da pressão
arterial. Uma vez a cada semestre pode ser suficiente para um jovem magro de 30
anos. Já quem tem tendência a hipertensão deve checar mais vezes, sempre de
acordo com orientação médica. Mas mesmo um diagnóstico positivo para
hipertensão não justifica pânico.
– Quem tem
pressão alta não precisa checar todo dia, toda semana, porque isso vira um
estresse. A pessoa pode querer aumentar a dosagem da medicação e pode ficar com
a pressão mais baixa do que deveria – alerta Radins.
Possíveis
consequências da pressão alta
Acidente
vascular cerebral (AVC)
A pressão cardíaca elevada
pode levar ao rompimento de vasos sanguíneos cerebrais. Isso causa perda da
função neurológica, levando a consequências permanentes, como perda de
movimentos do corpo.
Infarto do
miocárdio
A hipertensão favorece o
aparecimento de placas de gordura nas artérias, que podem obstruí-las e bloquear
a alimentação de sangue ao coração. Quando isso ocorre, uma das consequências é
o infarto do miocárdio.
Insuficiência
renal
Por receber muito sangue
para filtrar, o rim começa a morrer parcialmente. Assim, o sangue deixa de ser
filtrado, e várias substâncias maléficas permanecem em circulação no organismo.
Perda de
visão
Pode ocorrer uma
retinopatia hipertensiva, diminuindo a acuidade visual. Com a pressão elevada,
os vasos vão ficando mais grossos e formando hemorragias. Isso “mata” a retina.
Mude o estilo
de vida
A hipertensão
pode ser a porta de entrada para quadros mais perigosos, como infarto do
miocárdio, Acidente Vascular Cerebral (AVC), insuficiência renal ou derrames.
Por isso, além de manter a pressão sob controle com medicamentos, o hipertenso
precisa cuidar do estilo de vida.
– Tem de mudar
para sempre, não só por uns meses. Há pessoas que abandonam o tratamento,
justamente porque não sentem os sintomas – lembra o cardiologista Eduardo
Radins.
O dentista
aposentado Werner Kunter Keste, 78 anos, descobriu-se hipertenso há mais de 25
anos. Na época, sua pressão arterial chegou a 16 por 12. O início do tratamento
teve lá os seus percalços:
– Comecei a
tomar os remédios e a caminhar, conforme mandou o médico. Mas, a cada dois
anos, em média, eu tinha de aumentar a dosagem de remédios porque eu não
caminhava regularmente. Um dia chove, no outro tem um compromisso, essas
coisas...
A saída foi
ingressar no Grupo Santa-Mariense de Hipertensos. Há 22 anos, Werner frequenta
as aulas de ginástica do grupo, três vezes por semana. O aposentado recomenda a
dinâmica.
–Tem de fazer
exercício com frequência e consistência. Nossos pais e avós suavam a camiseta
na roça, capinando, caminhando. E a geração de hoje? Fica só em frente do
computador, do tablet. Tem que se mexer. O nosso grupo é para qualquer idade –
aconselha.
Assim como
Werner, o militar da reserva João Carlos Dutra Soares, 66 anos, também se
dedica à malhação. Além das aulas de ginástica do grupo, três vezes por semana
ele cavalga, caminha, anda de bicicleta e vai à hidroginástica.
– Cada dia faço
uma coisa. Não dá para fazer tudo. Mas, diariamente, eu faço alguma atividade.
Tenho três stents (uma espécie de mola) no coração e faço tratamento com
remédios. Mas, hoje, minha pressão está regular – comemora o aposentado.