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junia oliveira
Saboroso, refrescante e energético, mas também um aliado e tanto no controle de doenças e até do envelhecimento. O açaí, fruto que se popularizou nas últimas décadas, deixa a esfera nutricional para se tornar objeto de estudo científico em razão dos efeitos que provoca na saúde humana. Pesquisa da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) concluiu que o produto pode prevenir a formação de placas ateromatosas — característica da aterosclerose, doença responsável por grande parte dos acidentes cardiovasculares e de morte — e apresentar efeito antioxidante, agindo na proteção contra as consequências danosas dos radicais livres sobre as células do corpo.
Em um primeiro momento, o estudo avaliou, em ratos,
marcadores (parâmetros que indicam alterações) bioquímicos, clínicos e físicos
relacionados a fatores de risco ou a processos metabólicos e fisiológicos
ligados a enfermidades como aterosclerose, diabetes e doenças inflamatórias,
entre elas a artrite reumatoide. As análises mostraram que a inclusão do açaí
na dieta diminuiu nos animais marcadores de danos oxidativos e melhora o perfil
de lipídios no sangue.
A oxidação é uma reação química na qual uma molécula ganha oxigênio ou perde
hidrogênio ou elétrons. Quando isso ocorre com uma molécula do organismo
(proteínas e lipídios, por exemplo) ou com o DNA, pode haver dano com perda de
função. O processo está relacionado ao mecanismo de várias doenças, como
câncer, e do envelhecimento.
A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas e do
Laboratório de Epidemiologia Molecular da universidade, professora Renata
Nascimento de Freitas, explica que as reações de oxidação estão sempre
ocorrendo no organismo, mas a ação de mecanismos antioxidantes — enzimas
produzidas pelo corpo e substâncias derivadas da dieta, como as vitaminas C e
E, o selênio e substâncias conhecidas como polifenóis — impede maiores danos.
No entanto, quando a produção desses radicais livres aumenta muito, os
mecanismos de defesa podem não ser suficientes para contrabalançar a elevação e
danos podem ocorrer, acelerando o envelhecimento e facilitando o aparecimento
de doenças. “Além de ser um processo normal do nosso metabolismo, as reações de
oxidação podem aumentar quando a pessoa se expõe a poluição, fumaça do cigarro,
inflamação e até mesmo exercício físico exagerado”, diz.
Em mulheres
Estimulados pela existência de poucos estudos na literatura científica sobre o
tema, o grupo de pesquisas Nutrigen, da Escola de Nutrição da Ufop, decidiu
avaliar também os efeitos do consumo da polpa de açaí disponível comercialmente
sobre os marcadores de processos associados a doenças em mulheres. Quarenta e
duas voluntárias consumiram 200g do produto por dia pelo período de um mês. No
início do experimento, elas apresentavam concentrações de colesterol total, LDL
e HDL, dentro da faixa de normalidade. “Os marcadores que avaliamos são de
eventos metabólicos mais precoces, que podem estar envolvidos nas fases
iniciais da aterosclerose, antes mesmo de ocorrer aumento do colesterol no
sangue, e que podem indicar a oxidação do colesterol LDL”, afirma Renata
Freitas.