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A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta sexta-feira (10) que as cesáreas sejam realizadas apenas quando forem “medicalmente necessárias”, e lamentou a “epidemia” de cirurgias de parto que acontece em várias regiões do mundo, principalmente no continente americano.
A diretora do Departamento de
Saúde e Pesquisas da OMS, Marleen Temmerman, afirmou que, “em muitos países
desenvolvidos e em desenvolvimento”, há um aumento do número de partos através
de cirurgia, “inclusive quando não há razões médicas” que justifiquem a
escolha. Essa “epidemia”, segundo Temmerman, acontece devido ao fato de os
médicos quererem simplificar a própria vida, já que as cesarianas têm data
marcada para acontecer.
A diretora ressaltou o caso
do Brasil, onde “uma verdadeira cultura da cesariana” se instalou.
As constatações foram
publicadas nas novas recomendações da OMS relativas ao parto. Pela
primeira vez, a organização recomendou claramente a prática de cesariana apenas
quando há razões médicas para a realização da cirurgia. Até então, a entidade
das Nações Unidas apenas indicava que o índice ideal de cesáreas deveria ser de
10 a 15% dos partos.
Essa taxa foi estabelecida
por especialistas em 1985, mas a partir daquele ano, a opção pela cesariana
teve um forte aumento, tanto nos países desenvolvidos quanto nos em
desenvolvimento. Nas Américas, o índice chega a 35,6% das gravidezes, em média.
Na Europa, 23% das mulheres acabam fazendo cesárea e na região do oeste do
Pacífico, a taxa é de 24,1%. O fenômeno da “epidemia” só não se verifica na
África (3,8%) e no sudeste da Ásia (8,8%).
A OMS está fazendo pesquisas
para determinar um índice ideal atualizado de partos por cesárea. Estudos
existentes mostram que uma taxa superior a 10% não significa uma redução da
mortalidade materna e neonatal. Entretanto, nos países onde o índice é inferior
a esse, a mortalidade diminui na medida em que a taxa de cesariana é
maior.