bbcbrasil //
daniela fernandes
A taxa de
desemprego no Brasil deve continuar crescendo nos próximos dois anos e atingir
7,1% em 2015 e 7,3% em 2016, prevê a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) em estudo divulgado nesta segunda-feira.
No ano passado, o índice de desemprego no Brasil atingiu
6,8%, nos cálculos da organização.
Segundo o relatório "Perspectivas para o emprego e o
social no mundo – Tendências para 2015", o desemprego no Brasil também
deverá ser de 7,3% em 2017, o mesmo índice do ano anterior.
As taxas de desemprego previstas em relação ao Brasil em
2015 e nos dois próximos anos se situam acima da média mundial e também dos
índices médios na América Latina e Caribe e dos países do G20, grupo que reúne
as principais economias do planeta, entre elas o Brasil.
"Pela primeira vez desde 2002, o crescimento do PIB
na América Latina em 2014 (e 2015) deverá ser inferior ao das economias
avançadas. O desemprego voltou a crescer em toda a região, em particular nos
países mais dependentes das exportações de matérias-primas", diz a OIT.
"O ritmo do crescimento econômico na região
desacelerou claramente, afetando os mercados de trabalho", ressalta a
organização.
De acordo com o estudo, o desemprego na América Latina
deverá ser de 6,8% neste ano e de 6,9% em 2016. Em 2017, a previsão é de leve
recuo na região, que deve voltar a registrar uma taxa de 6,8%.
Há grandes diferenças entre os países da América Latina.
Impulsionado pela recuperação da economia americana, o México deve ter uma taxa
de 4,8% neste ano.
Já para a Argentina, o índice de desemprego previsto é de
9,5%, segundo a OIT. Na Colômbia, deverá atingir quase 10% e, na Bolívia,
apenas 2,7%.
Deterioração
O relatório aponta que as perspectivas mundiais de
emprego vão se deteriorar nos próximos cinco anos.
Em 2014, mais de 201 milhões de pessoas estavam sem
emprego, o que representa 31 milhões a mais do que antes do início da crise
financeira mundial, em 2008.
Segundo a OIT, deverá haver cerca de 3 milhões de novos
desempregados no mundo em 2015 e 8 milhões nos quatro anos seguintes.
O "déficit de empregos" no mundo, que
contabiliza o número de postos de trabalho perdidos desde o início da crise
mundial, é de 61 milhões, nos cálculos da organização.
"Se levarmos em conta as pessoas que vão entrar no
mercado de trabalho nos próximos cinco anos, serão necessários 280 milhões de
empregos suplementares até 2019 para absorver esse déficit", afirma a OIT.
A organização destaca que a economia mundial continua
crescendo a taxas bem inferiores às registradas antes da crise de 2008 e que
ela parece "incapaz" de reabsorver o déficit de empregos e reduzir as
desigualdades sociais que surgiram nesse período.
"O desafio de fazer com que o desemprego e o
subemprego voltem aos níveis antes da crise parece ter se tornado uma tarefa
insuperável", ressalta a organização, que também alerta para os
"sérios riscos sociais e econômicos" da situação.
De acordo com o relatório, o desemprego está caindo em
algumas economias avançadas, como Estados Unidos, Japão e Grã-Bretanha, mas
permanece "preocupante" na maior parte dos países europeus.
Nos Estados Unidos, o desemprego deve atingir 5,9% neste
ano e 5,5% em 2016, depois de ter atingido 6,2% no ano passado.
Apesar da melhoria em algumas economias desenvolvidas, a
situação de emprego se deteriora nos países emergentes e em desenvolvimento,
diz o estudo.
Na China, o desemprego, que deve ser de 4,7% em 2014,
segundo estimativas, deverá aumentar para 4,8% neste ano e 4,9% em 2016.
Para a OIT, o subemprego e o emprego informal
"deverão permanecer irredutivelmente elevados" nos próximos cinco
anos na maior parte de países emergentes e em desenvolvimento.