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vanessa siqueira
Para quem
esperava mudanças com a chegada do novo ano, as expectativas não serão de
tantas modificações no cenário econômico de Alagoas. A economia deverá se
manter sob os setores do comércio e de serviço. Já no âmbito político, pelo
menos três grandes nomes são as apostas para a disputa ao governo do Estado,
que deverão se solidificar com a formalização de alianças. Porém serão os votos
vindos do interior que devem definir os eleitos. O Cada Minuto conversou
com o economista Cícero Péricles e com o cientista político Eduardo Magalhães
que analisaram o cenário atual e deram algumas expectativas para 2014.
Pelo menos
duas certezas teremos para este ano: uma Copa do Mundo e uma eleição nos
esperam. Diante do atual quadro político, o cientista Eduardo Magalhães afirma
que podemos esperar pelo menos três grandes candidatos para a disputa
majoritária no Estado. Ele disse que alguns fatores como as alianças serão
decisivos para ditar os rumos da marcha eleitoral.
“Acredito
que o senador Benedito de Lira esteja entre um dos nomes para a disputa. Ele
vem trabalhando duro e possui boas parcerias em Alagoas. O deputado federal
Alexandre Toledo recentemente mudou de partido e acredito que vá ser candidato
ao governo. Já do grupo do senador Renan Calheiros, Renan Filho é o mais cotado
para a disputa. Ele tem se mostrado presente no interior do Estado e é um forte
nome”, analisa.
Apesar de
Maceió concentrar o Poder Executivo, os votos das cidades do interior serão
importantes nessa disputa. Magalhães destaca que nesse sentido muitas alianças
devem levar em consideração que 2/3 dos votos estão no interior do estado.
“A votação
no interior será decisiva. Por este motivo acredito ainda que um possível
quarto nome de peso possa disputar a eleição. Um exemplo é o Luciano Barbosa,
que é uma grande liderança regional e um nome forte para disputar qualquer
cargo. O Senador Fernando Collor está reconquistando o prestígio e tem sido
muito procurado. Não descarto ainda José Thomas Nonô querer disputar o cargo. O
governador Teotonio Vilela ainda não apresentou seu candidato, então acredito
que possa sair algo de uma possível aliança. Podemos esperar que muitas
novidades e candidaturas irão se definir com a solidificação dessas alianças”,
completou.
A
vez das obras de infraestrutura
Consolidada
sob o comércio e o setor de serviços, a economia alagoana pode ter resultados
expressivos em 2014 com o aumento de investimentos na infraestrutura, a exemplo
das obras do PAC e do programa Minha Casa, Minha Vida, ambos do Governo
Federal.
Segundo o
economista Cícero Péricles, o governo federal tem sido um importante parceiro
para custear obras importantes, que vão desde a construção de um ginásio de
esportes no interior até as obras do Canal do Sertão.
“No âmbito
econômico, o cenário será muito parecido com 2013, positivo. Os setores de
comércio e serviços são cada vez mais importantes para a economia estadual.
Mais de 70% do produto interno bruto vêm destes segmentos urbanos.
Eles deverão
continuar neste ritmo em função do aumento da renda dos segmentos assalariados.
O Brasil deverá crescer em torno de 3%, mas o Nordeste cresce mais rápido e
isso influencia decisivamente a economia local. A construção civil deverá
aproveitar a oportunidade do programa Minha Casa Minha Vida 3”, analisou.
Em 2013
Alagoas enfrentou uma crise no setor sucroalcooleiro e teve que enfrentar um
período de estiagem, que levou diversos municípios a decretar emergência. Além
disso, dados do Caged apontaram que mais de 39 mil postos de trabalho foram
fechados. Segundo Péricles o cenário deve ser bem parecido, já que Alagoas
possui um mercado de trabalho oscilante, em função do comportamento de
segmentos que dependem da safra e entressafra, como a agricultura; e da baixa e
alta estação, como o turismo.
“A estiagem
penaliza, principalmente, as pequenas localidades do Sertão a Agreste, mais
vinculadas a agricultura, onde é mais sentida a falta de água. A previsão para
2014, segundo os centros de meteorologia, é de chuvas regulares este ano. Vamos
torcer”, afirmou.
O economista
destaca também que setores como saúde e educação que tiveram desempenho ruim no
ano anterior devem ter uma resposta a longo prazo com investimentos do governo
federal.
“Esse é um
problema de gestão pública, estadual e municipal. O balanço do IDH [índice de
Desenvolvimento Humano] anunciado em setembro apresentou dados muito ruins para
Alagoas, que ficou em última colocação; os problemas na educação pública,
principalmente nas escolas fundamentais e de ensino médio, assim como os da
saúde básica, atrasam em muito nossa possibilidade de desenvolvimento. A
maioria esmagadora das prefeituras e o Estado de Alagoas não conseguiram
responder esses grandes desafios, o que demonstra que somente essa combinação
de mais recursos nacionais e mais controle social essas áreas poderão avançar”,
pontuou.
Por outro
lado, os investimentos no setor industrial devem dar dinâmica ao setor, que
apresentou pouco crescimento ultimamente. Já sobre o aumento do salário mínimo,
ele afirma ser um ponto positivo para a economia alagoana como um todo, na
medida em que amplia o mercado local.
A estimativa
é que 800 mil alagoanos tenham aumento na renda a partir deste ano. Ele alerta
que as prefeituras devem ter cuidado com as despesas, que inevitavelmente irão
aumentar.
“As
prefeituras têm um problema real, mas que é previsível, porque é uma política
nacional que vem desde 2005. O problema está em que a maioria absoluta dos
municípios não tem arrecadação própria para fazer frente aos aumentos legais.
Não arrecadam porque são localidades pobres, as prefeituras não têm secretarias
de finanças eficientes, porque não planejam o desenvolvimento local e,
importante, os gestores não admitem o desgaste político que é ter de cobrar o
IPTU e o ISS em sociedades pobres, como são os municípios alagoanos”, completa.