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Alagoas
30/11/2013 10:01:20

AL contará com serviço privado de cremação de corpos a partir de 2015


AL contará com serviço privado de cremação de corpos a partir de 2015
Cemitério Parque das Flores em Maceió

g1-al //

fabiana de mutils

 

Dois crematórios particulares devem ser construídos na capital alagona até 2015. Essa é uma tendência mundial e que vem crescendo no Brasil. Em Alagoas não há nenhum crematório e, para quem opta por ser cremado, seja por motivos religiosos ou psicológicos, o lugar mais próximo que oferece esse tipo de serviço é a capital de Pernambuco.

 

É o caso da auxiliar de enfermagem Fernanda Barros, 51. Ela nem pensa em partir ''desta para uma melhor'' e ainda tem muitos planos para o futuro. Embora não pense muito na morte, ela decidiu que não quer ser sepultada. "Eu não quero ser enterrada de jeito nenhum por uma questão pessoal. Vou é fazer uma poupança para ser cremada no Recife", diz.

Só o traslado de Maceió para Recife custa em média R$ 700,00. Além disso, ainda há todo o custo dos parentes e amigos que se deslocam para outro estado no momento da despedida.

 

Mas isso deve mudar em 2015, já que o grupo Parque, que possui quatro cemitérios em Alagoas, sendo dois em Maceió, um em Arapiraca e outro em Palmeira dos Índios, pretende implantar dois crematórios na capital.

O projeto arquitetônico de um dos crematórios, que será construído no Cemitério Parque das Flores, localizado no bairro do Tabuleiro, já está pronto. Agora faltam as licenças ambientais e toda a burocracia com o município. O diretor-executivo do grupo, Claudio Bentes, diz que esse processo é demorado e que a prefeitura já foi procurada. "Parece simples, mas não é. Existe uma preocupação muito grande dos órgãos ambientais e por isso tudo corre muito devagar", diz.

 

Esse crematório vai ocupar uma área de 900 m² porque irá contar com quatro salas de velório. O outro, que também deve ficar pronto em 2015, será no Memorial Parque Maceió, no Benedito Bentes, mas esse será menor e ocupará uma área de 300 m².

Bentes afirma que o grupo decidiu construir os crematórios por conta dos pedidos de clientes. O diretor-executivo vem estudando os crematórios em todo o país e também no exterior. Ele conta que em Barcelona, na Espanha, até a década de 80 não era realizada nenhuma cremação e hoje 40% das pessoas mortas são cremadas.

Claudio Bentes afirma que no Japão, 98% dos corpos são cremados. E que há lugares onde são guardadas as cinzas justamente para que as famílias realizem rituais. "Isso é uma tendência mundial. Não há mais espaço nas grandes cidades para a construção de novos cemitérios e ninguém quer ser enterrado em outro município. Tem ainda a questão ecológica, assunto mais discutido no mundo todo", diz.

Seguindo este pensamento, o estado vai de encontro com todos esses problemas. Há municípios alagoanos que já não têm mais espaço físico para realizar sepultamentos e transfere corpos para outras cidades.

Em Maceió, que, como a maioria das grandes cidades do país, cresceu desordenadamente, há sérios problemas com cemitérios públicos que hoje estão no meio da área urbana.

 

Em abril deste ano, o G1 publicou uma série de reportagens que trata dos problemas de contaminação do solo e da água em um dos maiores cemitérios públicos da capital alagoana. Um estudo realizado pela pesquisadora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Florilda Vieira da Silva, localizou a presença de necrochorume, substância tóxica produzida pela decomposição dos corpos, no lençol freático do cemitério São José.

Já a cremação não libera fumaça em seu processo. De modo geral, o procedimento ocorre a temperaturas de 900°C, com duração de duas horas e captura de gases liberados pela queima. Sendo assim, a cremação é a solução póstuma de menor impacto ambiental, pois não gera resíduos que possa contaminar o solo nem a atmosfera.

Crescimento de crematórios
Segundo o presidente do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep), Haroldo Felício, o número de crematórios aumenta a cada ano. Atualmente há 36 em todo país, até a década de 90 havia apenas um que é o da Vila Alpina, em São Paulo. "Só não cresce mais rápido por conta da cultura enraizada na sociedade brasileira que cultua os ritos de velar, enterrar e visitar túmulos", diz.

 

No Brasil o número de cremação ainda é muito pequeno. Em São Paulo, lugar em que foi criado o primeiro crematório da América Latina, na década de 70, cerca de 10% a 12% são cremados. Em outros estados esse número é ainda menor e fica em torno de 3%.

Mas o ritual de cremação está mudando. Antes o corpo reduzido a cinzas era entrengue em uma urna à família, que poderia guardar em casa ou jogar no mar ou em lugar escolhido, anteriormente, pelo ente que se foi.

Atualmente, segundo Claudio Bentes, essas urnas podem ficar no cemitério e os familiares podem visitar como se fosse um jazigo comum. "Há muitas pessoas que não querem jogar as cinzas porque não querem perder aquele vínculo com o ente querido. Elas precisam do ritual de visitar, conversar, desabafar com aquele que se foi e isso é feito no cemitério", diz.

Valores
O valor da cremação é bem menor que o valor de um jazigo em cemitério particular. Hoje, segundo o diretor-executivo do grupo Parque, um jazigo no Parque das Flores custa a partir de R$ 10 mil. No Memorial Parque Maceió custa a partir de R$ 4,2. E a cremação, hoje realizada no Recife, custa de R$ 2,8 mil a 3,8 mil.

"Cremar é mais barato, mas tem que lembrar que esse valor é individual e o jazigo, uma vez comprado, pertence à família, então quem opta por este processo não visa só a parte ficanceira", completa.

Declaração em cartório
Para que o desejo de ser cremada seja realizado, a pessoa precisa ter deixado uma declaração reconhecida em cartório e assinada por testemunhas. Caso isso não tenha sido feito, só parentes em primeiro grau podem autorizar a cremação.

Para o ritual de cremação é necessário um laudo assinado por dois médicos da causa mortis. Vítimas de crimes violentos não podem ser cremadas.

Religiões
Das grandes religiões, o judaísmo e o islamismo proíbem a cremação. A Igreja Católica, que já condenou, hoje aceita esse procedimento. No espiritismo não há proibição, mas recomenda-se que os adeptos da doutrina que desejam optar pelo processo crematório prolongue a operação por um prazo de 72 horas após o desenlace, para que haja tempo para que o espírito se desligue totalmente da matéria.

 

Na tradição hindu e budista a cremação é a forma mais higiênica de destinação de um corpo após a morte. No Japão, trata-se de uma prática milenar preferida pela maioria da população, que também tem a opção de enterrar seus mortos.



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