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Economia
06/10/2013 07:46:34

Crise em usinas reduz produção e tem impacto econômico em cidades alagoanas


Crise em usinas reduz produção e tem impacto econômico em cidades alagoanas
Loureço Lopes da ASPLANA

tudonahora //

reneé le campion

 

A crise do setor sucroalcooleiro atrasou a moagem da safra 2013/2014 e deixou em alerta as cidades alagoanas que têm a cana-de-açúcar como base econômica. Com dificuldades financeiras, as expectativas não são positivas: pelo menos quatro ou cinco das 24 usinas de Alagoas não devem entrar em operação neste ano. A Roçadinho, em São Miguel dos Campos, fechou as portas e demitiu cerca de 300 funcionários na última semana.

 

“Quando a usina está funcionando, a cidade tem movimento. Já no período da entressafra, a situação é mais complicada. As feiras de rua e o lucro do comércio vão lá para baixo. É o dinheiro que não circula. Com as usinas paradas, a dificuldade é ainda maior”, comenta o engenheiro agrônomo Antônio Osório, diretor técnico da Asplana (Associação dos Plantadores de Cana do Estado de Alagoas).

 

A estimativa é que a produção desta safra não ultrapasse 22 milhões de toneladas, enquanto que a moagem em Alagoas tem uma média histórica de 28 milhões de toneladas.

Os débitos dos usineiros junto aos fornecedores já ultrapassam os R$ 40 milhões, segundo o presidente da Asplana, Lourenço Lopes. Ele cobra políticas públicas para o setor e ressalta que a atividade sucroalcooleira representa 20% do Produto Interno Bruto (PIB) de Alagoas. “E o fornecedor, 7% da fatia”, complementa.

 

“Origem da crise está no congelamento do preço dos combustíveis”, diz presidente de cooperativa

Além de produzir açúcar para o mercado interno e açúcar VHP e refinado para exportação, as usinas de cana-de-açúcar também são responsáveis pela produção de dois tipos de álcool: o anidro, que é misturado com a gasolina e corresponde 25% do combustível, e o hidratado, também conhecido como etanol.

 

A política de preços dos combustíveis líquidos é a raiz da crise do setor sucroenergético, segundo o presidente da Cooperativa do Açúcar e do Alcool de Alagoas, José Ribeiro Toledo.

 

Ele frisa que o congelamento do preço da gasolina somado à seca que assolou a região Nordeste agravaram a crise, que se arrasta de forma intensa há cinco anos. “O endividamento vai crescendo e a rentabilidade desapareceu. Para uma empresa operar com caixa negativo tem limite. Por isso cai uma hoje, outra amanhã. É efeito dominó”, pontuou.

 

De acordo com o presidente da cooperativa, o governo acenou com perspectivas positivas para os produtores de etanol em 2006, quando houve expansão dos canaviais e a implantação de novas unidades de etanol. “Entretanto, após a identificação das camadas de pré-sal, a política de incentivos começou a ser desmontada”, completou.

 

Para piorar a situação, Ribeiro lembra que a presidente Dilma Roussef congelou o preço da gasolina nas bombas dos postos de combustíveis, na tentativa de frear a inflação. No período de oito anos, foi feito um único reajuste de 5%.

 

O quadro, segundo ele, só pode ser revertido com a correção da rentabilidade do setor e o alongamento do perfil das dívidas dos usineiros. “O setor estrutura junto à Sudene um plano de apoio pra recuperar o nível de produtividade e reverter situação emergencial. Esta semana houve substituição do ministro da Integração Fernando bezerra, o que deve retardar o processo. Teremos que retomar conversas com o novo ministro”, explicou Ribeiro.

 

A Asplana também sugere que o governo desonere o setor e aprimore o motor a álcool dos carros flex, de forma a ampliar o rendimento e incentivar o consumo do etanol.

 

De acordo com o economista Cícero Péricles, o setor sucroalcooleiro de Alagoas exporta cerca de 80% de sua produção. “Quando preços oscilam, isto afeta internamente. Mas esta oscilação já é prevista”, acrescentou.

 

Ele frisa que todos os setores econômicos passam por crise, e as empresas devem fazer um planejamento industrial para evitar prejuízos.

 

Asplana: Produtores de cana de Alagoas não têm alternativas

Os plantadores de cana-de-açúcar de Alagoas estão em desvantagem em relação aos fornecedores da região Centro-Sul do país, de acordo com a Asplana. “Lá, na entressafra, eles plantam café, eucalipto, feijão. Aqui não tem mercado. A gente continua a plantar cana porque, ganhando ou não, temos a quem entregar”, explicou Lourenço Lopes.

 



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