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Saúde
30/09/2013 10:34:37

Diabetes: mudança de vida é tratamento obrigatório; avanço da tecnologia facilita controle


Diabetes: mudança de vida é tratamento obrigatório; avanço da tecnologia facilita controle
Folto Ilustrativa

cadaminuto //

ludimila Calheiros

 

É raro encontrar quem não adore se deliciar com doces. Uma paixão despertada na infância. Ao longo da vida o açúcar não nos abandona, estando presente em uma infinidade de alimentos, bebidas e em determinados remédios. Mas é preciso ter cuidado, ficar atento aos sinais do organismo, que em alguns casos considera a ingestão de glicose uma arma letal. Pacientes diagnosticados com diabetes sabem bem o que é viver com restrições de ingestão alimentares e comemoram o avanço da tecnologia que auxilia o controle da doença.

 

Na infância, um dos momentos mais aguardados pela meninada são as festas de aniversário, repletas de brigadeiro, bolo e outros doces. Difícil imaginar uma criança cantando seus parabéns, ver seus amigos comerem as deliciais preparadas para a ocasião sem poder fazer o mesmo. Assim a estudante de publicidade, Malta Lee, vive desde os quatro anos de idade, quando descobriu a diabetes, uma doença caracterizada pelo excesso de glicose no sangue, causado pela deficiência na produção ou na ação do hormônio insulina, produzido pelo pâncreas.

 

O diagnóstico da doença veio horas antes dela entrar em coma. A mãe e os familiares de Malta perceberam que algo estava errado quando ela passou a beber muita água e em menos de cinco minutos pedir para ir ao banheiro, algo que acontecia freneticamente. Logo um médico foi procurado e uma receita errada acarretou na piora extrema da diabetes.

“O médico que fui levada não diagnosticou a doença e para piorar receitou vitaminas que continham açúcares. Acabei perdendo muitos quilos em pouco tempo, vivia dormindo, não tinha ânimo para nada. Isso com quatro anos. A situação ficou tão complicada que minha mãe me levou as pressas a um laboratório e pediu com muita urgência que alguns exames fossem feitos mesmo sem a solicitação de um profissional de saúde. Os resultados apontaram o problema e eu fui encaminhada rapidamente a uma médica especializada que confirmou o diagnóstico e me encaminhou na mesma hora para um hospital. Ao chegar ao local entrei em coma”, explicou.

 

 

O que é a diabetes?

A médica endocrinologista Jamille Wanderley, explicou a reportagem do CadaMinuto que os sintomas e a idade em que ocorre a manifestação da diabetes variam de acordo com o tipo da doença. A de Malta Lee, do tipo 1, é considerada insulinodependente ou juvenil, já que atinge geralmente crianças, adolescentes e adultos jovens. Neste caso há predisposição genética e o paciente passa a produzir anticorpos que agridem as células pancreáticas, destruindo-as até chegar a um ponto em que não haja mais produção de insulina. Isto podendo ocorrer desde os primeiros meses de vida. No entanto, a manifestação geralmente ocorre entre os sete e quinze anos.

 

“Neste tipo de diabetes a manifestação costuma ocorrer de forma abrupta com sintomas bem característicos. Como no caso da Malta, há um aumento considerável na necessidade do paciente em ingerir líquidos, sejam eles água, refrigerantes ou sucos. A constante sede vem acompanhada de inúmeras idas ao banheiro, em alguns casos com a criança voltando a urinar na cama durante o sono; sensação de fraqueza; cansaço; e até fome com emagrecimento”, revelou a médica.

 

O tipo 2 da doença costuma se manifestar após os quarenta anos de idade. Mas a doutora Jamille Wanderley ressalta que atualmente com a prevalência de obesidade ainda na infância, não é raro que também atinja as crianças, adolescentes e adultos jovens. Segundo ela, 90% dos pacientes tem este tipo de diabetes, onde opâncreas inicialmente produz insulina normalmente, por vezes até em quantidade maior que a necessária. Aos poucos está produção não consegue agir no organismo como deveria e o enfermo passa a apresentar visão turva, infecções de pele ou órgão genital, fome, urina excessiva, aparecimento de furúnculos, entre outros sintomas.

 

As mulheres ainda precisam ficar mais atentas à doença. Pacientes com ovários policísticos, podem apresentar resistência insulínica levando a um quadro em que há a tendência de  desenvolvimento de diabetes. Além disso, há o tipo gestacional, que pode se manifestar  por volta da vigésima semana de gestação, necessitando de acompanhamento especial e tratamento que diminuíam os riscos para a gestante e feto.

 

Mudança de vida é tratamento obrigatório

 

Independente do tipo de diabetes a mudança dos hábitos de vida é obrigatória, com a inserção de atividades físicas e cuidados alimentares especiais, com baixa ingestão de açúcares. A endocrinologista Jamille Wanderley ainda explicou que pacientes diagnosticados com o tipo 1 da doença apresentam falência pancreática e por isso o uso de insulina é receitado imediatamente; o tratamento do tipo 2 pode ser feito inicialmente com medicamentos de uso oral, posteriormente podendo necessitar de insulina que também é empregada na gestacional em conjunto com uma dieta especial.

 

Malta (na foto acima) lembra que a mãe redobrou os cuidados em sua alimentação. Até os cinco ou seis anos ela não se atrevia a comer doces, mas as brincadeiras dos colegas de escola a levaram a consumir os alimentos proibidos, o que acarretava no agravamento da doença e em várias internações, sendo que em oito delas vezes a estudante entrou em estado de coma.

“Por comer doces na escola passei a fazer isso em todos os lugares. Me viciei em carboidratos e comecei a ter sérios problemas como, pancreatite, início de parada cardiorrespiratória, depressão e constantes internações. Entrei em coma oito vezes, sendo que a última foi causada por uma descompensação que tive ao ter infecção hospitalar generalizada pós cirurgia”, lembrou a jovem.

 

Tecnologia auxiliando o controle da doença

Quando Malta foi diagnosticada com diabetes não havia tantos aparelhos tecnológicos que auxiliassem no acompanhamento do nível glicêmico. Os chamados glicosômentro, aparelhos digitais que realizam os testes de glicemia, foram inovados e se tornaram cada vez menores e mais práticos. A estudante revela que já teve mais de dez, sempre que um novo surge no mercado ela realiza a troca, algumas vezes ganhando de familiares e outras comprando.

 

“Eu lembro que quando criança realizava os testes com a urina em uma fitinha, depois passei por fitinhas que realizavam a medição utilizando o sangue, aí os glicosômetro ganharam o mercado e facilitaram e melhoraram o processo, já que agora além de saber o nível de glicose, posso saber se a quantidade de insulina que faço uso é suficiente para a alimentação, se queimei muita glicose na atividade física, enfim. Não diria que ter em mãos toda essa tecnologia confere liberdade, mas é melhora o controle da doença e evita que eu esteja sempre na emergência”, disse a estudante, ressaltando que a ida ao endocrinologista é de extrema importância para que o peso, a quantidade de insulina, a alimentação, as taxas hormonais, sejam analisadas por um profissional, algo que faz a cada três meses.

 

A tecnologia nessa área está presente inclusive em tablets e smartphones, aparelhos que dominaram o mercado dos mobiles. Isso graças a aplicativos como o criado por acadêmicos do curso de Sistemas de Informação da Faculdade Esucri de Santa Catarina, que permite que o diabético realize um cadastramento dos níveis de glicose aferidos, com classificação através de cores; programe avisos de aferições; agende alarmes que lembrem o horário em que remédios devem ser tomados e consultas médicas realizadas; tudo isso podendo ser acompanhado em gráficos e relatórios enviados ao médico por email. (Clique para baixar o aplicativo) è linkplay.google.com/store/apps/details?id=com.tcc.diabetes_g

Avanços que facilitam a vida de Malta e outros milhares de diabéticos com ciência da gravidade da doença, mas que sabem que tomando os cuidados fundamentais no controle e tratamento podem conviver com bem com a diabetes, qualquer que seja o seu tipo. 



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