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Opinião
27/09/2013 16:49:52

Um toque, uma promessa, um adeus!


Um toque, uma promessa, um adeus!
Cláudia Galvão é editora do nosso parceiro Alagoas 24 horas

cláudiagalvão //

jornalista

 

Quem me conhece sabe o quanto eu sou apaixonada pelas sextas-feiras. Para mim, esse dia representa o fechamento de um ciclo e a promessa de dias melhores. Claro que esse meu ‘entendimento’ não tem nenhum amparo no calendário romano, mas é assim que eu me sinto. Mas esta sexta me trouxe uma sensação de tristeza profunda.

Não consegui me libertar da tristeza que o trabalho impôs. Claro que não é a tristeza de um dia, talvez seja o acúmulo dos últimos 15 anos.

Ao longo desse tempo eu encontrei e entrevistei centenas de mães, das mais diferentes classes sociais, orientações políticas, religiosas, ideologias, enfim, toda sorte de mulher. Já vi mãe matar a filha porque esta lhe atrapalhava, já vi mãe ‘permitir’ que a filha fosse violentada pelo seu companheiro e ao final afirmar que a safada era a criança, já conheci mãe de organizar motim pelo filho que está encarcerado no sistema prisional, já vi uma mãe suspirar e confessar – baixinho – ‘ainda bem que ele morreu’, sobre o filho viciado que já lhe tirara toda e qualquer dignidade. Já vi e escrevi sobre mãe que deixou de trabalhar para viver em função de filhos que possuem necessidades especiais.

Acreditem, eu já vi mulheres incríveis, verdadeiras forças da natureza.

Ontem, mais uma mãe me impressionou e fiquei com medo por todas as mães, a minha, minhas amigas, minha irmã e a mãe que eu posso vir a ser... Eu vi uma mulher se ajoelhar em meio às lágrimas e ao sangue do seu filho e segurar a sua mão. Parecia uma promessa, do tipo: você vai ficar bem, eu vou estar com você em mais essa etapa. Uma promessa vazia, diante de um corpo inerte.

No chão estava um jovem de 27 anos, noivo, que trabalhava para pagar a faculdade de Educação Física. Morreu com um disparo de arma de fogo na cabeça disparado à queima-roupa, por um elemento desconhecido, que também tem mãe. A dor daquela mulher, de quem não sei o nome, me causou uma empatia profunda. Nunca poderei me colocar no lugar dela, a dor é dela e, imagino, é lancinante, mas me ocorreu que alguém precisa fazer algo para que as nossas mães não passem por cenas como aquela.

Algo precisa ser feito, e de imediato, para reduzir a violência nessa terra linda. Precisamos de escolas, precisamos de saúde, de geração de emprego e renda, precisamos de amor de mãe em doses cavalares. Ao invés de apontarmos avanços fictícios, precisamos replicar modelos bem-sucedidos. E precisamos rápido, antes que outra mãe tenha que se ajoelhar em meio a sangue e lágrimas.



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