“TENHO 50 ANOS, SOU EX FUMANTE, PAREI HÁ 3 ANOS (TEMPO DE EXPOSIÇÃO DE
29 ANOS),TOMO REMÉDIO PARA A PRESSÃO, MAS O MEDICO DISSE QUE OS BATIMENTOS
NORMAIS SÃO ACIMA DE 40. OS MEUS SÃO DE 44 A 50. NA FARMÁCIA DISSERAM QUE ESTÁ MUITO BAIXO E SÓ
EM ATLETAS É QUE É BAIXO ASSIM. GOSTARIA DE
SABER QUAL O NORMAL PARA OS BATIMENTOS CARDIACOS?”.
Essa é uma pergunta bastante usual. Vamos procurar responder comentando
por partes e dando outros enfoques.
Mesmo já tendo parado de fumar há três anos ainda vejo motivos para você
ter algumas alterações no ritmo e na frequência cardíaca. Falo em ritmo e
frequência como duas coisas diferentes. O fumante, e mesmo o ex fumante de
pouco tempo, têm chance de fazer arritmias. Significa que o coração pode bater
diferente e descompassado. Além disso, ambos têm chance de terem uma frequência
cardíaca acima da média usual, com tendência sempre a ser mais elevada.
Outro enfoque é que o individuo sedentário tem propensão para apresentar
frequência cardíaca mais elevada e também uma resposta mais exacerbada quando
submetido a qualquer atividade física. O contrário acontece com os indivíduos
que fazem, com regularidade, alguma atividade física. A frequência cardíaca
tende a ser mais baixa e quando são submetidos a um estresse físico demoram a ter
respostas mais altas de frequência cardíaca e mais rapidamente retomam a frequência
basal, depois de interrompido o exercício.
Mas o que seria considerado normal de frequência cardíaca para uma
população geral? Uma faixa boa seria compreendida entre 60 a 80 batimentos por
minutos (bpm). Uma frequência entre 80 e 100 seria considerada como limítrofe e
acima de 100 uma frequência aumentada, que recebe o nome de taquicardia.
Para valores mais baixos, como parece ser o caso, uma frequência abaixo
de 50 bpm, pode ser considerada como baixa e por isso recebe a denominação de
bradicardia. A pergunta ainda vai além quando questiona se uma frequência de 44
bpm é anormal. A minha resposta é não. Caso a pessoa seja saudável, e tenha
como prática exercícios regulares, uma frequência mais baixa que o usual é
esperado e saudável.
O coração quando está prejudicado, geralmente encontra como forma de
compensar a sua insuficiência aumentando a frequência cardíaca. Um coração bom
não precisa de altas frequências para atender às necessidades do organismo, e
consegue fazer essa tarefa de enviar sangue a todos os tecidos mesmo trabalhando
menos.
Bom é o coração que bate pouco e tem a capacidade de trabalhar mais
quando exigido.
Marco Mota/ É médico cardiologista/e-mail: mota-gomes@uol.com.br