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30/05/2013 17:07:55

Matar e prender não acaba com o crack, diz coordenador do Gecoc


Matar e prender não acaba com o crack, diz coordenador do Gecoc
Promotor Alfredo Gaspar de Mendonça

tudonahora //

luciano milano

 

Não vai ser simplesmente a presença da polícia, a força de segurança pública torturando e matando bandido diariamente ou o aumento de prisões que vão resolver o problema da droga no estado. Essa foi uma das reflexões feitas pelo Coordenador do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público Estadual (MPE), Alfredo Gaspar de Mendonça, ao programa Ricardo Mota Entrevista, no TNH1 TV, canal 26 da Net.

 

O promotor de justiça ressaltou, a respeito do crack em Alagoas, que o estado não estava preparado para lidar com o poder que essa droga possui e afirmou que o "mercado" já começa a deixar um pouco de lado o crack e investe em cocaína, mesmo que de qualidade duvidosa.

 

“Droga tida como de classe média alta, hoje a cocaína está presente na classe baixa. Existe determinação de algumas facções criminosas deixando o mercado consumidor menos propenso ao crack e começando a introduzir a cocaína, ainda de péssima qualidade. Hoje eles colocam pós de giz, farinha e pó de vidro, prejudicando ainda mais a saúde do usuário”, revelou Alfredo Gaspar.

 

“Sem programas sociais, sem possibilidade de acesso mais fácil ao sistema de saúde e ampliação efetiva do sistema da educação em todos os níveis não vamos ter diminuição capaz de devolver a tranquilidade a sociedade. E não se pode condenar esse ou aquele governo. Todo aquele que se propõe a assumir um cargo público tem responsabilidade no assunto porque o que precisamos é modificar o sistema atual em Alagoas”, declarou.

 

O coordenador do Gecoc disse que a chegada do crack no estado ocorreu no início dos anos 2000, mas, segundo ele, não houve um trabalho específico para tratar a questão. “Além de não se preparar para recepcionar o crack, Alagoas também passou muito tempo sem cuidar dessa problemática. A bolha estourou e o sangue é derramado em todo lugar do estado. O crack é uma desgraça social e mata muita gente. O consumidor de crack mata e morre com muita facilidade”, disse.

 

Preocupação com a família

Na entrevista, o promotor de justiça ainda falou sobre a família e lamentou o legado que vai deixar aos filhos por conta do trabalho que desenvolve a frente do Gecoc. Filho de procurador do estado e funcionária do Tribunal Regional Eleitoral, ele disse que cresceu em um ambiente de paz, mas sabe que seus filhos não devem ter a mesma sorte porque ele investiga organizações criminosas com envolvimento de políticos influentes do estado.

 

“Por conta das funções que exerciam, meu pai e minha mãe não tiveram problemas com gente forte no estado, nem desagradaram a ninguém por investigar atos ilícitos como faço como promotor de justiça e membro do Gecoc. Me foi dado o melhor dos mundos. O problema é o que tenho para oferecer aos meus filhos. O rastro que encontrarão é de ódio, revolta e vontade de prejudicá-los. Mas infelizmente é um preço que eles vão ter que pagar porque eu não vou deixar de cumprir minha função e isso foi o que de ruim o Gecoc trouxe para minha família”, avaliou.



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