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Centenas de famílias que ficaram desabrigadas devido às enchentes de 2010 que
ocuparam as casas do conjunto Santa Ana, no município de Viçosa, têm até esta
terça-feira (9) para deixar as residências. Eles receberam a ordem de despejo,
mas se recusam a cumpri-la porque afirmam que os imóveis estão prontos e foram
construídos para eles. Na última sexta-feira (5), o senador Fernando Collor
(PTB) esteve no município, onde recebeu um grupo de moradores e prometeu abrir
um canal de diálogo entre eles e o governo do Estado para que o problema seja
resolvido o mais rápido possível.
O poder público alega que as
residências não estão concluídas e que a ocupação prejudica o andamento dos
trabalhos. Já os moradores afirmam que apenas o abastecimento de água não foi
concluído e que as casas estão prontas para moradia. “Não vamos sair e não temos
medo de polícia. Se necessário, vamos sair mortos daqui”, disse Juliana da
Silva, de 36 anos.
Temendo a ação da polícia, alguns moradores deixaram
as casas nessa segunda-feira (8), mas a maioria permanece no local por não terem
para onde ir. “Todos nós estamos cadastrados no programa da reconstrução das
enchentes. Então temos direito a essas casas. Além disso, sobrevivo com os R$
170,00 que recebo do bolsa família e, se sair daqui, como vou pagar aluguel e
dar de comer aos meus filhos só com esse dinheiro?”, reclamou Juliana.
Segundo os moradores, a Prefeitura sugeriu que eles fossem para um terreno
abandonado conhecido como Grota do Cigano, onde poderiam montar barracos para
ficarem enquanto as obras nas casas são concluídas. “Não somos animais e nem
vamos ficar num local perigoso como aquele. Estamos cansados com esse descaso.
Faz três anos que ficamos desabrigados pela enchente e até agora estamos sem
casas”, declarou a moradora.
A Prefeitura de Viçosa negou, por meio de
sua assessoria de imprensa, que tenha disponibilizado o terreno e esclareceu que
a ordem de despejo não foi solicitada pelo Executivo Municipal. Ainda conforme a
assessoria, o despejo é de responsabilidade da Caixa Econômica Federal e da
construtora que conduz as obras.
Na última sexta-feira (5), após depois
de ouvir as reivindicações dos moradores, Collor afirmou que vai procurar José
Thomaz Nonô, vice-governador e coordenador do programa de reconstrução do
governo, para se informar sobre o prazo para ocupação das casas. “Se o problema
for no âmbito federal, nós vamos procurar a Caixa Econômica e se inteirar sobre
o que está emperrando a conclusão da obra”,
disse.
Seca
Nessa segunda-feira (8), o prefeito de Viçosa
decretou situação de emergência por causa da seca que atinge o município. A
estiagem, que também aflige a população de outras cidades adjacentes, fez com
que prefeitos da Zona da Mata aproveitaram a presença do senador Fernando Collor
na última sexta para pedir ajuda no combate à seca. A situação mais grave é a da
cidade de Paulo Jacinto. A barragem que abastece o município está completamente
vazia e as ações de combate à seca são insuficientes para amenizar o sofrimento
da população.