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jamyle bezerra
Trafegar pela rodovia BR-104, no trecho entre o município alagoano de Ibateguara
e a divisa com o estado de Pernambuco, tem sido um verdadeiro desafio para os
condutores. Isso por conta da grande quantidade de buracos espalhados por mais
de 10km, nos dois sentidos. Para desviar das crateras abertas no asfalto, os
veículos são obrigados a invadir a pista contrária, correndo o risco de provocar
acidentes.
A situação precária da rodovia não é um problema recente.
Muitos deles existem há mais de um ano, sem que nenhum reparo fosse feito pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Se durante o dia
já é difícil escapar da grande quantidade de buracos, à noite a situação fica
ainda pior, tendo em vista a falta de iluminação na rodovia.
E não é
preciso passar muitas vezes pela estrada para perceber os prejuízos causados
pelos buracos aos condutores desavisados. No ltimo domingo (31), na volta do
feriadão de Páscoa, era grande a quantidade de veículos parados no acostamento
com os pneus furados. Até quem já sabe da existência dos buracos tem enfrentado
riscos frequentes. É o caso da jornalista Aliny Gama, de 34 anos, que quase
capotou com o carro por duas vezes.
“Conheço essa estrada há mais de dez
anos e sempre observo que os trechos com buracos são os mesmos. O Dnit recupera,
mas o asfalto cede de novo. Tem buraco em cima de buraco e aberto nos locais
recortados, que foram asfaltados, mas é mesmo que nada, pois existem locais que
têm verdadeiras crateras nos dois sentidos. Cada vez mais os buracos aumentam e
os riscos de sofrermos acidentes também”, diz Aliny.
PROBLEMA
ANTIGO
Depois de quase capotar na estrada, a jornalista decidiu
fazer, por conta própria, um mapeamento dos locais onde ficam localizados os
buracos. Tudo para evitar ser surpreendida novamente na rodovia que liga Alagoas
a Pernambuco.
Mesmo conhecendo a estrada ia me acidentando na noite do
dia 9 de março. Não capotei com meu carro porque não foi a hora. Ao cair num
trecho que tem uma série formada por uns vinte buracos tentei trocar de faixa
imaginando que a outra, no sentindo contrário, estivesse menos ruim, mas também
estava totalmente esburacada. Nessa manobra brusca para não estourar nenhum pneu
do meu carro, perdi o controle da direção e o veículo rodou duas vezes na
estrada. Por pouco não capotou. À noite, você não tem muita noção da
profundidade dos buracos e como estão enormes não temos muito o que fazer.
Depois desse episódio fiz uma espécie de mapa dos buracos, com foto e
tudo, para que eu não seja surpreendida por uma cratera. Marquei os pontos e
anotei. Quando vou me aproximando deles já vou ligando o pisca alerta porque
temos de dirigir quase parando para passar pelos buracos, pois não tem como
desviar deles", ressalta.
O casal de pernambucanos Luiz Sebastião, de 36 anos, e Marcela Pereira, 25, que
veio conhecer a capital alagoana, também não escapou do problema. Eles foram
surpreendidos pelos buracos no momento em que voltavam para casa pela BR-104.
Com um pneu furado, eles quase chegaram atrasados ao trabalho, no município de
Caruaru-PE.
“Não esperávamos que a rodovia tivesse tantos buracos e
acabamos furando um dos pneus. Perdemos muito tempo para trocá-lo e chegamos em
cima da hora para trabalhar. Não deu tempo nem de tomar café da manhã. Esse
descaso com a rodovia que liga os estados de Alagoas a Pernambuco é um absurdo.
São verdadeiras crateras abertas no local, nos dois sentidos, ressalta
Luiz.
OBRA DO PAC
Em contato com a Gazetaweb, o
superintendente do Dnit em Alagoas, Fernando Fortes, informou que um processo de
licitação para reconstrução da rodovia está em andamento, obra que está inclusa
no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A previsão é que dentro de três
meses todo o processo licitatório esteja concluído, mas, como estará no período
de inverno, é provável que a obra de reconstrução não seja iniciada de
imediato.
"Eu acredito que, dentro de três meses, todo o processo seja
concluído, mas como estaremos no período de inverno, a obra de reconstrução não
poderá ser iniciada, somente o trabalho de manutenção, também previsto no
contrato", ressaltou Fortes, ao afirmar que, há um ano, o projeto para
reconstrução da rodovia estava pronto e teve que ser refeito após recomendação
do Tribunal de Contas da União (TCU).
Eu sou a pessoa mais interessada em
resolver o problema dessa rodovia. O caso é que existe toda uma burocracia para
que os trabalhos sejam iniciados, e isso é uma coisa que não depende só do
Dnit”, afirmou Fernando Fortes.
Ainda de acordo com o superintendente do
órgão, o problema na BR-104 é antigo e por isso a rodovia precisa ser
reconstruída. “É preciso fazer um novo aterro e também resolver a questão da
drenagem. A rodovia vai ser toda reconstruída”, promete.