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Sob o testemunho de uma lua brilhante, centenas de amigos, familiares, colegas de trabalho e quase todo secretariado municipal, finalmente foi sepultada as 22:25 horas deste sábado (30) a funcionaria da Defesa civil de União dos Palmares Cleria Lilian Vilas Boas conhecida como Kelly de 37 anos de idade, encontrada morta na tarde da ultima quinta feira (28) em sua residência na Rua Edgar Sarmento no centro da cidade.
Após ser achada sem vida já em estado de rigidez, a moça, segundo as normas da Secretaria de Defesa Social teve o cadáver removido para o Instituto Médico Estácio de Lima de Maceió onde começou seu calvário: por se tratar de feriado prolongado da Semana Santa não existia disponível nenhum medico para proceder a verificação técnica na arcada dentária da moça para conclusão se houve ou não asfixia mecanica o que caracterizaria assassinato por estrangulamento.
Originaria de uma família humilde, foi necessária a interferência de amigos, politicos e jornalistas para que o cadáver pudesse ser removido para a cidade de Arapiraca e ser submetido a necropsia, retornar para Maceió e finalmente ser liberado para ser sepultado em União, o que somente ocorreu após o corpo já estar em estágio de putrefação. Nem a interferência de deputados estaduais e federais foi suficiente para amenizar o ato que fere todas as regras e princípios de dignidade e respeito a pessoa humana no caso evidenciado, o que já está se tornando comum em Alagoas graças a inercia administrativa que atinge sobretudo as pessoas comuns de baixa renda. Esquecem-se que as pessoas falecidas tiveram participação ativa na sociedade da terra em que nasceu e conviveu, a maior parte delas preencherm em vida (como Kelly) todos os requesitos de cidadania, portanto, com direitos e sobretudo para no final da vida ter um sepultamento digno e cristão. O atual governo de Alagoas ignorou todas estas regras.
Mas, prevaleceu o sentimento do povo e a abnegação dos seus amigos. Kelly chegou pela ultima vez transportada por uma funeraria defronte a casa em que viveu anos a fio, foi saudada pelos familiares e vizinhos, e finalmente levada para o Campo Santo dos Palmares onde centenas de pessoas puderam acenar para ela pela ultima vez, orar e cantar em sua homenagem. O Criador parece ter aberto as portas do céu para a inditosa senhorita através de um sinal que ficará inesquecível na memória de todos que assistiram o sepultamento: a presença da lua já em quarto minguante mas que parecia convidar Kelly a participar da Luz Eterna de Deus Onipotente onde não existem trevas.
Coberta com a bandeira de seu clube preferido em um esquife branco e sob os acordes da musica de Roberto Carlos ‘Eu tenho tanto pra lhe falar’ acompanhado de uma demorada salva de palmaras, Kelly partia deste mundo de injustiças e hipocrisia onde os interesses políticos e econômicos prevalece até sobre o sacrossanto direito de falecer em paz e ter um sepultamento digno e cristão.
O adeus dos amigos e do Prefeito do Municipio
‘Se foi uma amiga, mas ficou sua lembrança e seu sorriso, sempre com uma solução mais simples para os problemas mais difíceis’ disse a secretária municipal de Saúde Dra. Carla Tereza. Para a amiga inseparável Genisete Lucena, secretária de Cultura, um adeus lacônico: ‘Nos encontraremos como todos os nossos amigos de convivência em um plano maior e melhor na companhia de Deus’.
A jornalista Olivia de Cássia, que lutou desesperadamente desde a noticia da morte da amiga para a liberação do seu cadáver, estava desolada, triste e disse que até mesmo o tempo não a fará esquecer do episodio. ‘Não se foi apenas uma amiga. Estamos sepultando uma companheira de lutas que superou muitos obstáculos com sinceridade a se doou a todos com pureza e dedicação. Prefiro não comentar mais nada’ disse a jornalista mergulhada em profunda amargura.
O prefeito do município Dr. Carlos Alberto Baia que estava no cemitério em companhia de sua esposa a doutora Conceição Baia (cujo semblante era de comoção), disse: lamento o falecido de Cleria Lilian em meu nome, de minha família e em nome dos meus munícipes apresentoprofundos pesar a familia enlutada pela perda e a forma inexplicável e de difícil compreensão com que Cleria Lilian foi tratada pós-morte. Associamos-nos, assim a comunidade e a dor da família e da sociedade palmarina’ disse o gestor palmarino.
Segundo um parente da vitima, a familia já reuniu fortes indícios que podem incriminar o companheiro de Kelly com quem ela manteve o ultimo contato antes de ser encontrada morta e que saiu da casa onde estavam ainda durante a madrugada alegando ‘calor’. O Delegado Regional Dr., Valdecks Pereira dará inicio na parte da manhã desta terça feira (02) ao inquérito policial que vai apurar se foi Alessandro conhecido como Alex que matou por asfixia mecânica sua companheira Kelly, cuja duvida somente será dirimida após a liberação do laudo cadaverico através do IML.
antonioaragão //
